Cardiologista Jailton Souza de Almeida morre por complicações de Covid-19
Folha1 17/01/2021 14:30 - Atualizado em 17/01/2021 14:38
Médico morreu aos 72 anos
Médico morreu aos 72 anos / V Notícia
Morreu, na noite desse sábado, em decorrência de complicações da Covid-19, o cardiologista Jailton Souza de Almeida, aos 72 anos. Ele estava internado na UTI do Hospital Doutor Beda há mais de 20 dias. O quadro se agravou, e o médico chegou a ser intubado, mas não resistiu. Ele deixa duas filhas, as médicas Renata e Cristiane, e quatro netos.
Presidente da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia (SFMC), a médica Vanda Terezinha Vasconcelos contou que, inicialmente, os amigos de Jailton se sentiram esperançosos porque ele estava em tratamento e quase recuperado, mas o estado de saúde dele piorou.
— Progressivamente, o quadro foi se agravando. Ele precisou ser intubado e, a partir daí, veio o agravamento. Há dias, estávamos todos apreensivos. Ontem (sábado) à noite, ele veio a óbito. Ele dava orientação a grupos de alunos da Faculdade de Medicina. Eu me formei há quarenta anos, e muitos colegas de turma ficaram sob orientação dele na Beneficência Portuguesa. Estamos todos muito tristes — recordou Vanda.
A médica destacou que diversos colegas da categoria têm sido contaminados pelo coronavírus. Parte deles já está recuperada e outra parte segue em tratamento, com alguns casos graves.
— E a gente fica: o que vai ser daqui para a frente? É tudo muito desconhecido ainda, inclusive pelos cientistas e pela classe médica. Depois de todos os esses meses, temos ideias do que se deve e não se deve fazer. Por exemplo, tratamento precoce, como estão dizendo agora, não existe. Não funciona em absolutamente nada e, em alguns casos, até complica. Muitas vezes, medicamentos são mandados sem saber que a pessoa tem comorbidade. Então, ela começa a se medicar, mas sem grande acompanhamento do quadro de comorbidade, o que pode dar complicações sérias — alertou.
A presidente da SFMC pontuou que a Covid-19 é uma doença que “todo mundo receia porque não se sabe, até o momento, o tratamento eficaz para todos”:
— Cada pessoa é uma pessoa e cada uma vai ter suas complicações ou não. É uma doença transmissível antes de a pessoa ter qualquer sintoma. Podemos estar em várias pessoas, mas que eu não sei se, no momento, estou sendo pessoa que, assintomaticamente, estou portando o vírus. Se estou em um ambiente, também não sei quem está sem sintomas naquele momento. É uma doença traiçoeira. Tem pessoas que portam o vírus, transmitem e não desenvolvem a doença. Dizem que, em 14 dias, a pessoa para de transmitir, mas a gente está vendo estudos que indicam que pode continuar transmitindo, sim. São estudos. Provado, em relação à Covid, não tem nada — completou.
Vanda Terezinha reforçou os alertas feitos pelas autoridades em Saúde sobre a importância do uso de máscaras e outros meios de prevenção à Covid-19, que têm sido descartados por grande parte da população:
— Eu vejo vidas indo que não teriam absolutamente motivo nenhum para ir agora. Não tinham doença, não tinham nada e estão indo embora por conta e um vírus que chegou de forma incontrolada. Assistimos à população em geral sem qualquer comprometimento com distanciamento social, uso de máscara, higienização adequada das mãos. Vejo aqui em Campos, no estado do Rio de Janeiro, no Brasil e até fora do Brasil. E grande parte das contaminações nas residências vem dessas pessoas que estão fora e trazem para os familiares dentro de casa. Eu acho que está faltando bastante conscientização das pessoas sobre a importância de se cuidar.

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