Maria Laura Gomes
25/03/2025 19:00 - Atualizado em 26/03/2025 13:21
Divulgação
O ultramaratonista campista Rodrigo Vilaça alcançou um feito notável ao conquistar o primeiro lugar na Cassino Ultra Race 230 km, considerada a maior ultramaratona de praia do mundo. A prova, realizada entre a noite de sexta-feira (21) e o sábado (22), percorre uma faixa de 230 quilômetros entre o Chuí e a Praia do Cassino, no Rio Grande do Sul.
A competição, conhecida como um verdadeiro teste de resistência física e mental, exige que os atletas enfrentem uma paisagem monótona e desafiadora, sem qualquer ponto de apoio ou estrutura habitável ao longo do trajeto. Atleta contou com o apoio do @acaizeiroam; @studiofabriciobastos; @socuramaterialhospitalar; @brilhodosolcampos; @duo_importss e @eusouleonardopinto.
Condições extremas e superação
Durante a prova, os desafios foram ainda mais intensos devido às condições climáticas. Na primeira madrugada, uma forte tempestade atingiu a região, trazendo relâmpagos, chuvas intensas e a elevação dos arroios – canais de água que conectam lagoas ao mar. Segundo Vilaça, esses obstáculos tornaram a travessia ainda mais perigosa, dificultando a orientação e exigindo máxima concentração para evitar acidentes.
“Os arroios subiram até a altura da canela, e a gente precisava atravessar. Foram cerca de 80 a 100 arroios em todo o percurso. Em alguns momentos, era impossível distinguir o que era mar e o que era lagoa. Muitos atletas sofreram com hipotermia e precisaram ser resgatados”, relatou.
Mesmo diante das adversidades, o ultramaratonista manteve o foco e concluiu a prova em 48 horas, superando o tempo-limite de 56 horas estipulado pela organização.
Resgate no km 140
Além dos desafios da corrida, Vilaça demonstrou espírito esportivo ao ajudar um competidor que sofreu com os efeitos do frio extremo. No quilômetro 140, ele encontrou um atleta caído no chão em estado de hipotermia. Sem hesitar, utilizou seu próprio cobertor térmico e acionou o dispositivo de resgate via satélite, conhecido como spot.
No entanto, a ajuda demorou a chegar, e Vilaça decidiu voltar sete quilômetros até a base de apoio para buscar assistência. “Voltar de madrugada foi muito difícil, mas usei minha mente como aliada. Uma mente blindada para suportar e continuar. Depois do resgate, segui na prova e consegui a vitória”, contou.
Rodrigo Vilaça compete há quatro anos no circuito de ultramaratonas e acumula títulos importantes desde 2021. Entre suas conquistas estão provas de 80 km no Sana, 70 km Ultra Macaé, 170 km Ultra UAI Reversi, 135 km Ultra UAI e 235 km na Reverse e UAI.
Como prêmio pela vitória na Cassino Ultra Race, ele recebeu o troféu Albardão, uma réplica do maior farol da América Latina situado em área de praia. Para Vilaça, além da resistência física, a competição foi um teste de força mental. “Glória a Deus por essa vitória. Foram bolhas nos pés, unhas caindo, noites sozinho na imensidão da praia, mas conseguimos o primeiro lugar”, celebrou.