Bens patrimoniais históricos do Centro de Campos são inventariados
26/07/2019 19:13 - Atualizado em 05/08/2019 13:41
Rakenny Braga/Divulgação
O projeto de extensão “Documentando o patrimônio cultural”, comandado pela professora Maria Catharina Reis Queiroz Prata no campus Centro do Instituto Federal Fluminense (IFF), terminou neste mês o primeiro inventário dos bens patrimoniais históricos do Centro de Campos. O trabalho, iniciado em 2011 e aperfeiçoado de 2014 em diante, a partir do início do doutorado de Maria Catharina, mapeou 444 imóveis localizados em 12 quadras do Centro de Campos. O levantamento inclui informações de localização, características arquitetônicas e fotos atuais e antigas dos imóveis. Além da professora do curso de arquitetura e urbanismo, também atuaram os alunos bolsistas Laís Rocha, Maria Glória, Mariana Gomes, Maryana Ávila e Raphael Aquino.
— Começou dentro da disciplina de Preservação e Patrimônio Histórico Cultural. Quando assumi a disciplina no IFF como professora de patrimônio, acabei me deparando com a ementa dizendo que eu deveria ensinar os alunos a fazerem inventário. Eu não sou de Campos, e ficava encantada com o patrimônio histórico, principalmente no Centro Histórico. Então, o que começou dentro da disciplina acabou virando um projeto de pesquisa, que eu mantenho até hoje, se encerra no dia 31 no IFF. Quando começamos a levantar isso tudo, acabei partindo para fazer o doutorado, e o meu tema de estudo foi justamente o inventário do Centro Histórico de Campos — explicou Maria Catharina.
Natural de Vila Velha, no Espírito Santo, a professora de Preservação e Patrimônio Histórico do IFF usou com os alunos um modelo de ficha utilizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Morro da Conceição, no Rio de Janeiro. A ficha foi adaptada para o Centro de Campos.
— Esse levantamento é primordial. Porque você só pode tombar o que você conhece, o que você entende como algo que tenha uma característica relevante ou histórica. No meu estudo, eu descubro que em Campos, apesar de constar no Plano Diretor, ainda não tinha sido feito (o inventário). Só um levantamento tinha sido feito. É o 1º inventário como realmente deve ser com ficha de esquadrias, de elementos arquitetônicos, de estilos, cobertura, grau de conservação — explicou Maria Catharina.
Reuniões estão sendo feitas visando repassar o inventário ao Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural de Campos (Coppam), com grande expectativa de futuros tombamentos de patrimônios urbanos. “Dos imóveis que vamos chamar de monumentais, muitos já foram tombados. Nosso enfoque foi principalmente esse patrimônio urbano, que a gente entendia que não tinha esse instrumento de preservação aplicado a eles”, comentou a professora.
Atualmente, o Coppam é presidido por Cristina Lima, à frente também da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL). Segundo Maria Catharina, o contato com a Prefeitura tem sido positivo, resultando inclusive em uma bolsa para que o projeto tenha continuidade.
— Por conta dos cortes federais com relação a verbas, o IFF não teria mais verba para manter o projeto. E a gente tem bolsistas que trabalham, muitos são de fora e precisam disso até para se manterem na cidade. Então, vimos que havia temas ligados ao inventário, ao patrimônio. Foi até uma sugestão minha à Cristina que fosse feita no edital “Viva a Ciência” (da superintendência de Ciência, Tecnologia e Inovação) uma linha de pesquisa direcionada a isso. E aí nós aprovamos o projeto de buscar soluções, buscar entender as potencialidades e as dificuldades que existem no Centro, para tentar também fazer um trabalho de reabilitação desse Centro. Não falo revitalizar, porque o Centro é vivo. Falo em reabilitar, trazer esse novo olhar para o Centro, um enfoque com o patrimônio sendo usado de forma que as pessoas consigam usufruir de tudo isso — declarou.
Para a aluna Maria Glória, a realização do inventário ajudou a desvendar a riqueza arquitetônica existente em Campos. “Sou de Bom Jesus. Achei incrível, e percebo que as pessoas não valorizam”, comentou. A estudante Maryana Ávila percebeu a inutilização de vários patrimônios histórico-culturais. “Catalogando, a gente vê que tem pouco uso. E isso impede de a gente guardar essa memória. Eu acredito que dá para salvar a memória de Campos, e que sirva de exemplo para as outras cidades”, reforçou. Recém-chegado ao projeto, o aluno Daniel Leal, natural de Conceição de Macabu, citou a demolição de vários patrimônios históricos em sua cidade: “Eu posso, nesse projeto, ajudar para não deixar acontecer o que aconteceu lá”. (M.B.) (A.N.)
 

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