Áudios indicam ameaças de motoristas de lotadas a fiscais do IMTT
05/04/2019 17:01 - Atualizado em 09/04/2019 16:09
Operação do IMTT em fiscalização de lotadas
Operação do IMTT em fiscalização de lotadas / Paulo Pinheiro
Áudios exclusivos divulgados pela InterTV, no RJ2 dessa quinta-feira (4), chamaram a atenção para um problema no transporte público em Campos. Nos áudios, é possível saber como motoristas de lotadas driblam a fiscalização e — mais grave — fazem ameaças a fiscais do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT). De acordo com Felipe Quintanilha, presidente do IMTT, um grupo, com cerca de 50 lotadas, se organizou para explorar a atividade irregular no município e, por rede social, avisar sobre as blitzen e fiscalizações do instituto.
Quintanilha confirma as ameaças e diz que já houve necessidade de mudar os pontos de atuação de alguns agentes. "Já teve situação de um fiscal que teve o carro roubado e deixado uma hora depois quase no mesmo local”, contou. Em um dos áudios, um motorista de lotada fala até em morte: "Armaram uma arapuca aqui, mano. Se ele prender meu carro, eu mato ele debaixo da saia da mãe dele. Eu tô cheio de ódio desse lamparão ruim, ‘rapá’. Eu vou matar um demônio desse, doido. Eu quero sumir da lotada, senão vou acabar matando um capeta desses", fala o homem.
O IMTT explica que não tem como regularizar o transporte por meio de lotadas, já que o transporte público é realizado mediante licitação para empresas ou permissionários individuais de ônibus ou vans. “Carros de passeio são utilizados para transporte privado/particular. Os táxis que têm regulamentação própria, como os serviços prestados por aplicativos. Mas, a troca de informações pelo grupo que atua na clandestinidade, tem prejudicado a fiscalização. Em um áudio, um homem informa a localização dos fiscais. “Caminhonete casada fazendo contorno no shopping agora. Pode vir sentido Lapa ou entrar do lado do shopping”. O termo “casada” faz referência ao apoio de policiais militares em viatura, na fiscalização.
— Eles formam grupos e pessoas ficam rodando de moto, de bicicleta, de carro, verificando os pontos de fiscalização e repassando as informações. A gente já consegue notar pessoas organizando esse tipo de transporte e ganhando dinheiro com isso — declara o presidente do IMTT, na entrevista. 
O IMTT também informou que as fiscalizações são diárias e em diferentes pontos do município, acontecendo com o auxílio da Guarda Civil, superintendência de Paz e Defesa Social e Polícia Militar. Imagens captadas pelas câmeras do Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp) passaram a orientar algumas ações. Os veículos apreendidos durante as ações são destinados ao depósito público e multados pelo transporte clandestino de passageiros. O valor da multa, previsto no Código Tributário de Campos, é de 300% sobre 4 Uficas (R$ 1.503,12). Para serem retirados, assim como qualquer veículo, é preciso quitar a multa, as taxas do depósito e regularizar o veículo, se for este também o caso. 
Ainda segundo o IMTT, os pontos de embarques das lotadas são nos bairros Pecuária, Centro, Parque Guarus, Santa Rosa, Parque Prazeres, Custodópolis e Calabouço. Em 2018, o IMTT apreendeu 150 veículos usados em lotadas. Este ano, até março, foram 67 apreensões. “Na moral, tô voltando aqui, porque carreguei no Parque Prazeres. Eu vou dar um 'teco' hoje pra acalmar meus nervos", comenta um motorista de lotada em outro áudio. 
O presidente do IMTT destaca que o transporte clandestino representa um risco à população. "Desde 2018 intensificamos as fiscalizações e, desde então, já é possível perceber nas ruas a diminuição deste tipo de transporte, que não traz nenhuma garantia de segurança aos usuários, pois não há nenhum tipo de controle sobre o veículo, sua regulamentação e sobre o motorista", concluiu Quintanilha.
Confira áudios:

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