Esporte campista se despediu Orlando Braga, treinador de basquete do Automóvel Clube
Paulo Renato do Porto 20/07/2018 21:06 - Atualizado em 23/07/2018 14:44
Na última terça-feira, o esporte campista se despediu de um de seus maiores ícones, o treinador de basquete do Automóvel Clube Fluminense, Orlando Braga, que morreu aos 96 anos. Seu corpo foi sepultado no Cemitério do Caju. Ex-jogadores, professores e desportistas em geral falaram sobre a trajetória do mestre, que formou várias gerações.
— Ele era mais do que um treinador de basquete, mas da vida. Era como um pai, que formou todas nós não apenas como atletas, que teve influência direta na nossa formação, como atleta e como pessoas. Todas nós, depois de atletas, tivemos outras missões a cumprir como mães ou profissionais formadas. E foi ele que nos fez o que somos hoje —, disse professora Ana Paula Siqueira.
Treinador de basquete do Automóvel Clube, Carlos Eduardo Peixoto, o Cacá, destacou também o lado paternal do mestre tantas vezes campeão à frente do Ouro Azul e de inúmeras competições estudantis.
— Orlando Braga foi um ícone do basquete. Ele tinha uma singularidade: havia nele um olhar especial com o papel social do esporte. Em meu trabalho com as crianças no Colégio 29 de Maio, sempre tive dele uma atenção especial. Sempre ia aos jogos e chamava atenção para as qualidades deste ou daquele atleta. Deixou um grande legado — disse.
Filho de Orlando, Serafim Saldanha Braga, de 68 anos, ressalta o jeito simples e desprendido do pai.
 
—Ele era a pessoa que eu via mais pedir em Campos, mas não pedia nada pra ele. Se um político queria colocar uma placa lá em casa, ele pedia uma bola. Se não cumprisse a promessa, ele tirava a placa. Naquelas comunidades onde fica o colégio 29 de Maio, ele tinha um carinho especial, muitos passaram pelas mãos deles e se formaram grandes cidadãos ou cidadãs. Os depoimentos de ex-alunos, professores e ex-atletas lá no cemitério nos emocionaram bastante – disse. 
A também professora Marília Balbi conta uma passagem, entre outras histórias, em sua convivência de atleta iniciante com Orlando Braga, na década de 1970.
— Na realidade éramos um bando de meninas, entre 14e 16 anos, criadas a pão de ló e que os pais não deixavam praticar esportes todas as noites e em local diferente que da escola. Mas ele conseguiu que nós treinássemos no Automóvel Clube. Como pai de menina (Ana Lúcia) ele entendia muito bem da resistência dos familiares e quando o treino acabava ele reunia a galera, já acrescida de atletas do Liceu, N. Sra Auxiliadora, São Salvador, e lá íamos todas na caçamba de sua velha caminhonete para nossas casas. Algumas desciam na esquina, outras tinham sorte de ficar direto em casa. Nesse caminho fazíamos festa. Eram tempos felizes — contou.
Marília destaca ainda que Orlando Braga formou várias gerações do basquete campista
— Ensinou muito a muitas delas, com seu carinho desinteressado e de bem querer. Era amigo dos pais e de suas atletas. Era um homem íntegro, tão raro nos dias de hoje — acrescentou.
Nas redes sociais, outros ex-atletas que passaram pelas mãos de Orlando Braga destacaram seu papel de “técnico, educador, pai, conselheiro, motorista dos atletas, entre outras funções”. Como educador, primava sempre pela máxima do “respeito ao adversário”.
— Ele deixou no basquete de Campos uma das mais lindas historias do basquete brasileiro. Foi jogador, técnico e juiz, tudo por amor ao esporte. Luto eterno pelo mestre que salvou minha vida — disse o técnico Alan Ferreira, do projeto Geração Basquete.
O radialista Paulo André Barbosa, que também jogou basquete no Ouro Azul, também lembra alguns dos aspectos de Braga, em sua página no Facebook.
— Uma grande figura! Um mestre de língua afiada! Faz parte da nossa história e dos amantes do basquete — enalteceu.

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