Dora Paula Paes
06/09/2025 09:13 - Atualizado em 06/09/2025 13:24
Rodrigo Silveira
O 7 de setembro, Dia da Independência do Brasil, é uma das efemérides de datas que sobrevivem ao calendário e faz o país recordar feitos. São mais de dois séculos do célebre episódio às margens do Ipiranga com "o grito de independência"; para alguns fatos, para outros lenda. Na data, dentro deste espírito cívico, às 8h, acontecerá o Desfile Cívico-Militar no Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop), em Campos. Este ano, o evento vai abordar o tema “Mudanças Climáticas: Causas, Efeitos e Consequências” e levanta a bandeira para a questão do semiárido fluminense. O público de 4.500 pessoas estará desfilando em 27 bandas municipais, três bandas da rede do Estado, duas escolas estaduais, duas unidades particulares e quatro escolas municipais. Do Executivo, a parada terá a participação de servidores de 33 secretarias.
As festividades tiveram início no último dia 2, na Praça do Santíssimo Salvador e Hasteamento das Bandeiras. A segue no dia 14, com Desfile Cívico, às 9h, em Farol de São Tomé e encerrada no dia 21, na Orla do Jardim Carioca, na Avenida Bartolomeu Lisandro, em Guarus.
A organização do parada está por conta da diretora regional de Educação, da secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia, Rita Abreu, que realizou reuniões para a organização de todo o evento.
Sobre o tema escolhido em 2025, Rita ressalta: - Temos visto, ultimamente, essa discussão onde muitas pessoas ainda não se apropriaram desse tema e da sua importância para o desenvolvimento de todo o Norte e Noroeste Fluminense, que é o reconhecimento das nossas áreas como clima semiárido. Então nada mais certo do que levarmos esse tema para a avenida.
Os desfiles contarão mais uma vez com a participação das bandas e fanfarras vinculadas às escolas da rede municipal de ensino e com diversos outros setores da Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia, que costumam abrilhantar a celebração.
No Cepop, a programação inclui o hasteamento da bandeira, revista da tropa e apresentações de escolas, secretarias municipais e forças de segurança. A previsão é que o desfile se estenda até o meio-dia. Além das forças militares e de segurança, os desfiles contarão com a participação de bandas e fanfarras das escolas da rede municipal, além de outros setores da Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia. A proposta é transformar os atos cívicos em espaço de reflexão coletiva sobre os impactos das mudanças climáticas e a responsabilidade compartilhada na busca por soluções.
Na literatura - Entre a potência da data e o mito histórico, dois grandes literatos brasileiros elevaram o tom da polêmica. Rui Barbosa, sobre a versão histórica, o brado de Dom Pedro I às margens do Rio Ipiranga não passou de encenação palaciana. Para o grande jurista, a Independência resultou de forte pressão acumulada por revoltas. Ele chegou a citar a Inconfidência Mineira e a Revolução Pernambucanacomo forças motrizes.
O escritor Machado de Assis, em 1876, também não se conteve e opinou: “Minha opinião é que a lenda é melhor do que a história autêntica”.
No Dia 7 de setembro de 1822, Dom Pedro, príncipe regente deu o grito "Independência ou Morte", feito que tornou a Nação independente de Portugal.
Efeitos do "grito da independência" nos dias atuais
Doutor em Sociologia, Túlio Mello Teixeira faz um paralelo do que é "história e lenda", do grito do imperador no 7 de Setembro. Além do que, ele explica os efeitos da ação nos dias atuais:
"A proclamação da independência brasileira ocorrida às margens do Ipiranga no dia 7 de Setembro de 1822, como ainda foi retratada cultuando a imagem de Dom Pedro em seu alazão com a espada erguida dizendo: “ independência ou morte “, na realidade o partido conservador, junto das elites lusitanas, tramaram uma manobra política para que a coroa portuguesa continuasse à frente do poder político brasileiro.
Todo esforço dos membros do partido brasileiro para a aprovação da constituição democrática de 1823, dirigido a consolidação da cidadania do povo, foi reprimido com o fechamento do congresso, com a perseguição dos líderes nacionalistas e a aprovação da constituição autoritária de 1824, instituição que alicerçava o poder moderador acima de todos os outros. Nesse sentido, tivemos um retrocesso institucional que permitia que as elites internacionais não dessem credibilidade ao processo de independência que havia sido iniciado com as disputas internas. Junto da invisibilidade, ficamos endividados já que compramos o reconhecimento e negociamos a aceitação do príncipe como imperador.
Portanto, iniciamos nosso sistema político de modo dependente do capital externo e apenas em nossa história recente temos demonstrado que somos capazes de redemocratizar nossa nação não apenas do ponto de vista jurídico como também da parte da soberania já que nosso povo e seus representantes eleitos têm combatido a submissão diante dos principais países capitalistas desenvolvidos".