Aulas presenciais precisam ser priorizadas em Campos
18/10/2021 13:53 - Atualizado em 18/10/2021 16:53
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Uma pergunta que me fazem com frequência é sobre quando as aulas presenciais serão retomadas em Campos? Nesta segunda-feira (18), vimos, por exemplo, a volta dos alunos para as escolas da rede municipal na cidade do Rio de Janeiro, onde as instituições particulares também já atuam neste sentido.
Em Campos, deveríamos ter um cenário apontado como favorável também para este retorno, afinal a própria Prefeitura tem revelado dados positivos na redução de casos de Covid-19 e aumento na imunização da população. De acordo com o governo, mais de 95% da população adulta foi vacinada com a primeira dose, e mais de 70% com a segunda, incluindo a imunização de dose única da Janssen.
Não retomar as aulas presenciais imediatamente é contraditório quando a Prefeitura usa os mesmos dados acima e a fase verde para autorizar eventos com duas mil pessoas na cidade. Porém, em mais uma reunião do Gabinete de Crise, com autoridades da Saúde, nesta segunda-feira (18) na Prefeitura, poucas foram as atualizações autorizadas para a Educação, sem sequer ser dado um prazo para as aulas presenciais.
Não priorizar a Educação em um momento como este, em que as pessoas voltaram quase que à normalidade, é desmerecer todo o trabalho sério que as escolas particulares estão fazendo há meses, principalmente a partir de junho deste ano, quando foram autorizadas as atividades no sistema híbrido.
Desde o segundo semestre deste ano, estamos seguindo todos os protocolos de segurança contra Covid-19 à risca, e mantendo o nosso padrão de qualidade de ensino. Antes da retomada das atividades no sistema híbrido, todas a nossas unidades obtiveram o licenciamento sanitário e checklist Covid aprovado pela Vigilância Sanitária.
Temos 100% dos nossos colaboradores vacinados, alguns deles já recebendo a terceira dose de reforço por serem também profissionais da área de saúde.
Campos já aplica a primeira dose em adolescentes de 12 anos em diante com a vacina da Pfizer/BioNtech, que tem eficácia de 85% de duas a quatro semanas após sua aplicação, segundo aponta um estudo da revista científica The Lancet realizado com os profissionais de saúde do maior hospital de Israel.
Sendo assim, o que falta para a Prefeitura autorizar o retorno imediato das aulas presenciais? Falta clareza até mesmo para nós diretores de escolas particulares. A Prefeitura alega que não temos uma cobertura vacinal ainda satisfatória entre adolescentes, mas em outras cidades do Rio, como São João da Barra, e até de outros estados, temos visto a autorização para a retomada das atividades presenciais.
Campos dos Goytacazes está na fase verde agora
Campos dos Goytacazes está na fase verde agora / Leonardo Berenger
Desde o início da pandemia, há quase dois anos, temos nos colocado à disposição da Prefeitura e do Ministério Público para um diálogo franco e transparente que vise ao bem coletivo. Inclusive, neste momento, o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do RJ (Sinepe), em Campos, se coloca mais uma vez à disposição para auxiliar as autoridades de Saúde no aumento da cobertura vacinal dos adolescentes, se este for realmente o motivo para esta estagnação que vivemos.
O que não pode acontecer é limitar o trabalho das escolas particulares, se baseando, por exemplo, nas dificuldades, já conhecidas, na rede municipal de Educação. A Prefeitura sequer conseguiu aplicar o ensino híbrido na maioria das suas unidades, o que sinaliza a sua falta de estrutura para avançar ao presencial.
Punir os demais que têm feito o seu dever de casa, não é correto. Sempre tivemos uma relação de parceria e diálogo com as famílias, o que tem resultado em uma crescente adesão ao sistema híbrido. Os responsáveis estão se sentindo cada vez mais seguros. E todos nós temos notado como tem sido importante este retorno, pois muitas crianças estavam sofrendo com a distância da escola.
Quem fala isto não é só a gente que vive diariamente esta rotina, mas os diversos estudos já feitos, inclusive pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que apoia a volta do ensino 100% presencial e obrigatório, como acontece nas escolas de São Paulo.
A Unesco diz não ter dúvidas de que este é o momento de reabrir as escolas no Brasil, especialmente considerando os prejuízos do ensino à distância na aprendizagem.
"Nada substitui o ensino presencial. A Unesco vem alertando para a catástrofe que o ensino à distância pode causar na aprendizagem, com perdas educacionais muito expressivas, inclusive no processo cognitivo”, disse Marlova Noleto, diretora e representante da Unesco no Brasil.
O aspecto mental e o socioemocional precisam ser levados em consideração. Ainda não há como mensurar de fato o quanto sofreremos com este impacto, mas é incontestável que todos nós fomos afetados de alguma forma por esta pandemia.
Já sentimos isto ao receber os nossos alunos no sistema híbrido e nos preparamos a cada dia para este melhor acolhimento.
Esperamos de verdade que a Prefeitura nos dê esta oportunidade de avançar ao presencial o quanto antes e seguiremos até lá com o nosso compromisso de manter à risca tudo que nos é proposto, inclusive como foi feito nesta reunião desta segunda-feira com a mudança do distanciamento de um aluno para o outro em um metro e a exigência do comprovante de vacinação para adolescentes a partir dos 12 anos no ensino presencial.
A Prefeitura anunciou uma repescagem vacinal para estes adolescentes, nesta semana, e a gente pede mais uma vez que as famílias levem seus filhos para serem imunizados.
Mais do que fazer a nossa parte, sempre nos colocamos à disposição da Prefeitura pela Educação do município, mas para isso precisamos de transparência para saber de que forma podemos ajudar, mantendo sempre um diálogo franco.

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    Sobre o autor

    Fabiano Rangel

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    Educador e empreendedor em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, sou graduado em Educação Física pela Universidade Salgado de Oliveira (Universo) e professor concursado da área no Governo do Estado do Rio de Janeiro desde 2007. Atuei como coordenador pedagógico e geral de várias escolas particulares em Campos até 2011. Fui também coordenador administrativo do Sesc Mineiro, em Grussaí, no município de São João da Barra, até 2013. Há oito anos me dedico ao Centro Educacional Riachuelo como Diretor Geral das cinco unidades, que formam hoje o Grupo Riachuelo. Sou pós-graduado em Gestão Escolar Integradora e Gestão de Pessoas pelo Instituto Brasileiro de Ensino (IBE). Atualmente também sou apresentador do programa Papo Cabeça na rádio Folha FM 98,3.