Atuação do filho em nome do pai
13/03/2018 23:41 - Atualizado em 14/03/2018 16:39
O ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio de Janeiro Jonas Lopes de Carvalho e o seu filho Jonas Lopes de Carvalho Neto estiveram perante o juiz federal Marcelo Bretas para falar sobre a distribuição da propina paga pela Federação das Empresas de Transportes de Passageiros (Fetranspor) aos conselheiros da Corte de contas. Lopes Neto detalhou sua atuação como operador do esquema, orientado pelo pai. Jonas Lopes reiterou a versão que já havia apresentado em juízo. Ele teria citado a destinação de propina a deputados estaduais, sem citar nomes. Contudo, até o fechamento da edição, a Folha não teve acesso ao completo teor do depoimento.
Jonas Neto disse que eram pagos aos conselheiros R$ 450 mil, em duas parcelas. Cada um dos seis conselheiros envolvidos, incluindo seu pai, recebia R$ 70 mil, e ele ficava com R$ 22,5 mil de comissão. Os R$ 7,5 mil restantes ficavam também com seu pai.
O depoimento foi prestado no âmbito da operação Ponto Final, um dos desdobramentos da Lava Jato no Rio. O Ministério Público Federal denunciou um esquema de pagamento de propina envolvendo políticos, agentes públicos e empresas de ônibus. São 12 réus, entre eles o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). O empresário Jacob Barata Filho e Lélis Marcos Teixeira, ex-presidente da Fetranspor, também estão entre os denunciados. O MPF estima que mais de R$ 260 milhões tenham sido pagos em propina.
Somente para conselheiros do TCE, foram repassados mais de R$ 4 milhões, considerando os valores mencionados por Jonas Neto. Os repasses duraram 10 meses. “Mais ou menos em agosto de 2015, meu pai me procurou e disse que fez um acordo com o pessoal da Fetranspor para recebimento de valores destinados aos conselheiros. Ele me informou que os valores já estavam combinados e pediu que eu procurasse o senhor Lélis Teixeira”, disse.
Os repasses deixaram de ser feitos em maio de 2016 e não voltaram a ocorrer, embora tenha havido pressão dos conselheiros. Neto esclareceu que participou de recolhimento de recursos destinados aos conselheiros não apenas na Fetranspor, mas em outros setores.
Em depoimento antes do filho, Jonas Lopes reiterou a versão que já havia apresentado. Segundo o ex-presidente do TCE, a propina paga pela Fetranspor foi negociada após uma auditoria no sistema de transporte do Rio encontrar irregularidades nas contas do Bilhete Único, envolvendo diversas empresas de ônibus.
Pai e filho são réus em outros processos decorrentes da Lava Jato, nos quais é investigada a venda de decisões do TCE quando Jonas Lopes era presidente da Corte. (A.N.)

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