Terminada a exibição de “A Forma da Água”, nessa quarta-feira (28), no Cineclube Goitacá, o professor e crítico de cinema Aristides Soffiati destacou que o filme de Guillermo del Toro tem reais condições da ganhar o Oscar de Melhor Filme pelo seu ingrediente — diretor mexicano, aborda questões ligadas às minorias, preconceito racial, homossexualismo, xenofobia e afins — que “cai como uma luva” nos anseios da Hollywood de hoje, que tem se mostrado contrária às posições políticas assumidas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

O filme recebeu 13 indicações ao Oscar e na bolsa de apostas é um dos favoritos a conquistar o prêmio máximo (Melhor Filme). Contudo, Aristides fez questão de frisar que não se deixa influenciar pelo Oscar. “Vejo no filme qualidades que merecem destaque e não estou levando em conta se pode ser premiado com o Oscar. O cineasta Guillerme del Toro é extremamente talentoso e fez um filme marcante. Aliás, ele já construiu uma obra que é merecedora de elogios”, destacou. Ao término da exibição, antes das luzes se acenderem, a plateia aplaudiu entusiasticamente o filme.

A obra de Guillermo del Toro é também considerada um conto de fadas, uma fábula, as quais o diretor está acostumado a recriar, e um romance entre seres de espécies diferentes – o que é uma forte analogia para o mundo xenofóbico ainda existente, além do pano de fundo, ou seria o foco, à paranoia anticomunista. Até mesmo sua abordagem para este tema é diferente, já que a intenção do cineasta, como tem dito em entrevistas, era criar um filme de monstro no qual a criatura ficasse com a mocinha. E isso se dá.