Uma publicação da ex-prefeita Rosinha Garotinho (União) nas redes sociais sobre o filho e prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (sem partido), elevou o tom do que, nos bastidores, tem sido tratado com uma divisão dentro da família Garotinho. O assunto foi parar na tribuna da Câmara Municipal, com elogios da bancada de oposição à postura de Wladimir em manter o apoio ao governador Cláudio Castro (PL) em um momento onde o pai, o ex-governador Anthony Garotinho (União) e, principalmente, a irmã, a deputada federal Clarissa Garotinho (União), têm aumentando o teor de críticas a Castro.

Na postagem, Rosinha diz: “Wladimir, vc (sic) só chegou onde está com o carimbo Garotinho. Não pelos seus belos olhos verdes”. Uma referência direta sobre o peso político da família para a eleição do prefeito em 2020.

A mensagem vem no mesmo dia em que Wladimir recebeu Cláudio Castro para a abertura da safra de cana-de-açúcar da Coagro, em Campos, e reafirmou seu apoio ao governador. A atitude foi elogiada, inclusive, por vereadores da oposição durante a sessão desta terça-feira (10), como Marquinho Bacellar (SD).

— Quero parabenizar ao Wladimir, apesar dos pais e irmã que estão traindo ao Cláudio Castro, ele reafirmou tudo que o governador tem feito por Campos e vi ele dizendo que terá todo apoio. Isso vai ajudar a nossa cidade. Parabenizo também ao vice-prefeito Frederico Paes. Prefeito, não queria estar na sua situação. Sua família é oposição a você. Acabei de receber postagem de Rosinha. Realmente, não queria estar no seu lugar. Se perco apoio da minha família, estou no fundo do poço. Diferente do que eu ouvi, de que Garotinho anda falando que você (Wladimir) é uma mancha na história da família, ele (Garotinho) é um próprio borrão. Agradeço sua gratidão ao governador, assim como o seu vice — disse o líder da oposição.

Já Nildo Cardoso (União) lembrou que Rosinha tirou o sobrenome da família na campanha pela Prefeitura de Campos em 2008. “O ex-governador (Garotinho) começou a bater e depois parou. Depois começou a filha (Clarissa), agora a mãe. Ela (Rosinha) tirou, em 2008, o sobrenome da campanha para poder ganhar no segundo turno. Não tem currículo bom para dizer que deu eleição. Se a coisa está ruim em casa, Wladimir, conversa com a oposição que não queremos seu emprego. Só vamos passar aqui coisas em benefício da população”, afirmou.

Nos últimos meses Anthony Garotinho e Clarissa Garotinho têm se revezado nas críticas a Cláudio Castro. O ex-governador deixou claro que sua principal divergência é a aliança de Castro com o deputado estadual e ex-secretário de Governo Rodrigo Bacellar (PL), principal adversário político da família Garotinho e pivô da crise na Câmara de Campos. Desde o início do ano, a oposição ganhou maioria no Legislativo goitacá e o irmão de Rodrigo, Marquinho Bacellar, chegou a ser proclamado como vencedor da eleição para presidência, em 15 de fevereiro. O pleito foi anulado posteriormente pela Mesa Diretora e o impasse se arrasta desde então.

Já Clarissa tem tentado se colar ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e, apesar de Castro contar com o apoio da família Bolsonaro, ele não é visto com bons olhos por uma ala dos bolsonaristas por causa de sua boa relação com o petista e presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano, e de outros políticos ligados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Neste sentido, de acordo com reportagem do jornalista Bernardo Mello Franco, no jornal O Globo, Clarissa estaria tentando cacifar seu nome para um segundo palanque para Bolsonaro na corrida ao Senado pelo Rio de Janeiro. Atualmente, o ex-jogador e senador Romário (PL) é o único a contar com o apoio do presidente.

No último sábado, enquanto Wladimir participava de um culto evangélico com o governador em Campos, Clarissa afirmou que Castro “se prepara para trair Bolsonaro”. Após o evento, Castro ignorou o prefeito e frisou que seu anfitrião foi Bacellar. Nos bastidores também corre a especulação de que os dois irmãos poderiam ter até rompido relações políticas, o que deixaria ainda mais complexo o cenário da família para as eleições de outubro.

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