Prestes a completar 10 anos Museu Histórico recebe apoio da sociedade
Edmundo Siqueira - Atualizado em 06/05/2022 15:28
Dia de posse da Associação dos Amigos dos Museus
Dia de posse da Associação dos Amigos dos Museus / Antônio Filho
Prestes a completar 10 anos, o Museu Histórico de Campos recebeu, nesta semana, uma ajuda importante da sociedade civil. A Associação Amigos dos Museus iniciou seus trabalhos com a eleição dos seus membros, na última quarta-feira (4). Os novos membros da Associação tomaram posse no próprio museu, no centro de Campos, abrigado no Solar do Visconde de Araruama.

Apesar de oficialmente possuir 10 anos de atividade, a história do Museu tem início no final dos anos 90. Um dos mais relevantes prédios do centro histórico campista, que já foi sede da prefeitura e da Câmara de Vereadores, da Biblioteca Municipal (fim dos anos 1970), depois ocupado por secretarias, começa os preparativos para ser o museu de Campos em 1997, através da lei municipal 6.339. Porém, o prédio estava em péssimas condições de conservação.

“O início foi uma ocupação mesmo, pois o prédio não tinha nenhuma condição de receber o Museu; nem nada, na verdade. Estava muito danificado, mas ficamos lá, e mesmo assim conseguimos recuperar muitos documentos, salvamos arquivos importantes da antiga Câmara”, relata a historiadora Sylvia Paes, a primeira responsável pela instituição.

Os amigos do Museu — dos museus

A Associação Amigos do Museu já nasce com uma grande responsabilidade: apoiar o Museu Histórico e o Olavo Cardoso em um momento conturbado para a cultura. Além da pandemia da COVID-19 que afetou o setor fortemente, cortes de verbas federais e o já combalido orçamento municipal dificultam atividades culturais de toda sorte.

Amigos dos Museus
Amigos dos Museus / Antônio Filho
Para a presidência e vice foram eleitos Teresa Peixoto e Edvar Júnior, respectivamente. Ambos com grande conhecimento da realidade cultural do município. Para a primeira secretaria, foi eleita a advogada e consultora empresarial, Fernanda Renó, com quem este espaço conversa sobre a criação da Associação e os desafios de atuar em equipamentos culturais.


“A instituição da Associação abre a possibilidade que o Museu Histórico atue como os grandes museus espalhados pelo mundo. A iniciativa privada atuando em respeito e em conjunto com a gestão pública poderão trazer benefícios estratégicos para o museu”, disse Fernanda.

A participação da sociedade civil chega em boa hora nos Museus de Campos. Fomentar e apoiar a cultura é fundamental para construção de uma cidade melhor e com mais identidade e reconhecimento, e consequentemente, um país mais justo. Confira a entrevista com Fernanda Renó:


Edmundo Siqueira – Fernanda, nesta semana foram eleitos os integrantes para a Associação Amigos dos Museus de Campos, que além do Museu Histórico, abrange o Olavo Cardoso. A entidade é uma associação civil, sem fins lucrativos, que deverá atuar em ações conjuntas nas instituições museísticas de Campos. Você foi eleita para o cargo de 1º secretária, e tem experiência na área museológica, além de ser advogada. Como você avalia a participação da sociedade em equipamentos culturais?

A Advogada Fernanda Renó, eleita 1º secretária na Associação.
A Advogada Fernanda Renó, eleita 1º secretária na Associação.
Fernanda Renó
– Para mim, visitar um museu é um momento de encantamento que me permite estar inserida em meio aos seus sons, imagens e objetos. É fascinante caminhar por corredores que trazem provas inequívocas da existência do passado, por outro lado é agradavelmente surpreendedor me deparar com obras que me transportam para o universo do imaginário dos artistas. Acredito que a sociedade civil tem um papel primordial na salvaguarda e no fomento da experiência cultural. Se partirmos do princípio que a cultura está destinada a ser consumida pelas pessoas, nada mais justo do que termos pessoas ativamente apoiadoras da cena cultural, inclusive nos museus públicos. Entendo que, cada apoiador, ao se voluntariar para concretizar atividades junto à Associação, além da sua força de trabalho, trará as expertises baseadas tanto em sua vida profissional quanto privada. Os esforços coletivos e o aumento na rede de relacionamentos dos Museus, expandirão exponencialmente as possibilidades para a gestão cultural.


Edmundo – Uma associação que se define como “amigos dos museus” pretende atrair apoios dos mais diversos ao equipamento e, em última análise, investimentos. Como vê a participação da iniciativa privada nos Museus? Caberia no Museu Histórico algum tipo de cessão de espaços, para exposições privadas ou mesmo exploração para restaurantes ou cafés?

Fernanda – A instituição da Associação abre a possibilidade que o Museu Histórico atue como os grandes museus espalhados pelo mundo. A iniciativa privada atuando em respeito e em conjunto com a gestão pública poderão trazer benefícios estratégicos para o museu. Serão avaliadas todas as possibilidades de atividades que possam gerar renda, desde que impreterivelmente garantam a proteção ao patrimônio cultural e atendam a toda a regulamentação do setor.

Edmundo – Um dos principais pontos que um equipamento cultural deve trabalhar é acessibilidade. Como você pensa que a Associação pode atuar para atrair o público aos Museus de Campos, que estão na área central, e permitir que conheçam sua história? E conhecendo, como formar um olhar crítico?

Fernanda – Esse é justamente o ponto central do que projetamos para o Museu, atrair a população para sua própria história. Parafraseando Cazuza, pensamos em “museu de grandes novidades”, um lugar onde passado, presente e futuro se encontrarão continuamente, aguçando ainda mais o aprendizado, a curiosidade e a imaginação.
O Museu Histórico existe há uma década. Sempre esteve de portas abertas ao público com um quadro de funcionários que amam o museu, se esmeram nos cuidados com o acervo e se desdobram para oferecer o melhor ao público. O monitoramento é simplesmente incrível, aliás, preferem chamar de mediação, tendo em vista que atuam na contextualização entre o acervo e os visitantes. Foi justamente assim que me conquistaram e me tornei “amiga do museu”. Trabalharemos a partir do DNA de excelência do museu para expandir sua participação na sociedade.


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