Com 5G, empresas e prefeituras se preparam para novos negócios e melhorias na gestão pública
22/07/2021 09:22 - Atualizado em 22/07/2021 09:29
Imagine um município capaz de evitar desperdícios de água e luz no instante em que ocorrem, abrindo espaço no orçamento para outros investimentos; ou um cultivo agropecuário que monitora a saúde de cada planta ou boi, permitindo o uso controlado e localizado de medicamentos, fertilizantes ou rações especiais. Soluções tecnológicas como essas já estão sendo concebidas em Campos, mas carecem de um elemento fundamental: a conexão de múltiplos dispositivos de forma instantânea, o que será possível com o 5G, cujo edital do leilão será liberado no mês que vem, motivo pelo qual a Firjan vem mobilizando autoridades locais a adequarem suas legislações a essa nova era de oportunidades.
Campos saiu na frente, sendo a primeira cidade do estado — e a quinta do país — a modernizar a lei, motivo pelo qual será uma das primeiras a contar com a tecnologia. Uma esperança a mais para o empresário Rodrigo Martins, sócio de uma empresa especializada na Internet das Coisas — interconexão entre objetos cotidianos — e na Indústria 4.0 — ou quarta revolução industrial, que se utiliza da automação para melhorar a eficiência e produtividade dos processos. A empresa vem investindo em dispositivos que melhoram, por exemplo, a gestão de recursos hídricos e energéticos, muitos dos quais ainda estão em fase de testes.
— Muitas vezes, um vazamento de água só é identificado quando a conta chega no fim do mês – e no poder público é ainda pior, depois de vários meses, devido ao fluxo de pagamentos. No caso da energia, numa escola que está consumindo luz fora do horário de expediente, por exemplo, a lâmpada poderá ser desligada automaticamente ou à distância. Com o 5G, essa solução será potencializada em quantidade, confiabilidade e numa velocidade instantânea. Será uma enorme evolução no sistema de telecomunicações, com mudanças radicais em vários setores da sociedade — afirma Rodrigo.
A tecnologia campista também já está presente em Nova Xavantina, pequeno município de Mato Grosso, a cerca de 600 quilômetros da capital Cuiabá. Diversos chips foram instalados nos bois da Fazenda Boa Esperança, do engenheiro e pecuarista Ricardo Remer. Com os dispositivos, é possível monitorar temperatura, peso e rastreabilidade do animal, incluindo seus ancestrais. Mas, sem o 5G, o que seria um avanço fica refém da precária conectividade.
— Quando o gado vai para o pasto, ele passa por uma balança. E do total extraímos uma média de quanto cada boi estaria pesando. Com a tecnologia, podemos acompanhar o peso e a saúde de cada animal, o que nos dá um ganho enorme de eficiência. O problema é que a atual conectividade não nos permite fazer esse acompanhamento em tempo real, para, por exemplo, investir em novas rações apenas naquele animal que perdeu peso — explica Ricardo Remer, que também vem investindo em tecnologias de monitoramento em plantações de milho.
O presidente do Conselho Empresarial de Competitividade da Firjan, Felipe Meier, destacou que a quantidade de mudanças ainda é inimaginável. “A pandemia acelerou o processo da transformação digital em diversos setores, e o 5G tornará as cidades ‘mais inteligentes’, pois essas estarão mais conectadas fazendo com que a economia cresça de forma significativa. Acredita-se que isso acontecerá porque o desenvolvimento sustentável, a qualidade de vida dos cidadãos, a economia, o meio ambiente e diversos outros setores serão auxiliados pela qualidade da execução e entrega que essa tecnologia promete trazer”, pontuou Meier.
Legislação antiquada
Para que tudo isso se torne realidade, porém, o primeiro passo é cada município adaptar sua legislação – já que os investimentos começarão pelas primeiras cidades a modernizarem suas leis. Para o 4G, por exemplo, a atual legislação exige postes em uma rua com até 10 metros de largura, o que inviabiliza a colocação de antenas em muitas comunidades. Principalmente porque o 5G, embora conte com antenas bem menores, exige muitas unidades. Elas poderão ser colocadas em prédios, residências, postes, e até sinais de trânsito – desde que, porém, a legislação permita.
Para que isso aconteça, a Firjan Norte Fluminense vai reunir na próxima terça-feira (27) representantes do legislativo e executivo das nove cidades da região. O objetivo é alinhar e reduzir entraves que impeçam a implantação da tecnologia, e a Firjan dará apoio técnico e jurídico para que as câmaras municipais avancem na redação das leis. O Rio de Janeiro foi pioneiro na aprovação de uma legislação estadual para a implementação da tecnologia 5G (lei 9.151/20), que instituiu o Programa de Estímulo à Implantação das Tecnologias de Conectividade Móvel. Foi com base nela que a Lei do 5G em Campos foi aprovada.
A melhoria da infraestrutura de redes com banda larga de qualidade é um dos temas prioritários do Mapa do Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro 2016-2025, agenda estratégica construída pelos empresários da Firjan com soluções para os entraves ao desenvolvimento econômico e social das regiões fluminenses. Dados da Anatel apontam que os investimentos feitos pelo 5G vão refletir no aumento médio de 1% no PIB (Produto Interno Bruto) por ano até 2035. A expectativa é de que só o leilão movimente R$ 44 bilhões – dos quais R$ 37 bilhões se referem a compromissos de investimentos.
— Este não é um edital arrecadatório então há compromissos com a expansão da rede de cobertura e escoamento do tráfego de dados. A tecnologia 5G é habilitadora da transformação digital, com impactos em todas as áreas da sociedade, como o agronegócio, por exemplo, que é forte na região. No entanto, é fundamental reforçar que isso será possível somente com a infra de conectividade habilitada — explicou o chefe de Assessoria Técnica da Anatel, Humberto Bruno Pontes Silva.
Fonte: Firjan

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