Cinema: Pandemia na Lua
*Edgar Vianna de Andrade 18/05/2020 16:32 - Atualizado em 22/05/2020 18:55
'Os primeiros homens na lua'
'Os primeiros homens na lua' / Divulgação
Poucas pessoas sabem que existiu na Lua uma civilização avançadíssima. Foram seres em forma de abelhas gigantes que a constituíram. Esses seres desenvolveram sistemas moto-perpétuos movidos à energia solar e sistemas sofisticados de comunicação com tradutores de qualquer língua. O governo era centralizado. Não havia guerra. Quando as abelhas operárias não tinham mais o que fazer, eram adormecidas até serem novamente necessárias. Não havia desemprego. Não era necessária remuneração, pois elas não gastavam energia quando adormecidas. Acima de tudo, a ciência e a paz, embora o governo fosse único e centralizado. Uma sociedade-colmeia muito superior à nossa.
Tratava-se de um mundo bem parecido com o que sonhava o socialista H.G. Wells. Ele foi descoberto com a primeira viagem feita à Lua por um cientista, um homem de negócio e sua noiva em 1899. O professor tomou posse das terras selenitas em nome da rainha Vitória, fincando uma bandeira britânica e deixando uma mensagem. Não foi com "Viagem à Lua", filme de Georges Méliès, de 1902, que a Lua foi alcançada pela humanidade nem com a quando Neil Armstrong colocou os pés nela em 1969. Pouco antes, em 1964, uma missão tripulada chegou até o satélite da Terra e encontrou a bandeira deixada pelos vitorianos em 1899. Confundindo realidade com ficção, foi o filme “Os primeiros homens na Lua”, dirigido por Nathan Juran, que mostrou a chegada ao satélite e o contato com seus habitantes em 1899.
Quem criou o cenário lunar e de seus seres foi Ray Harryhausen, famoso por sua técnica de animação “stop motion”. Ele foi o principal representante dessa técnica e vai merecer um comentário especial em breve. Da Lua, os astronautas que lá chegaram em 1964 informaram que haviam encontrado a bandeira britânica e o bilhete. Pela assinatura, foi possível chegar ao homem de negócios que fez a viagem espacial de 1899. Ele já estava bastante velho e vivia num asilo. Todos o consideravam lunático pelas palavras sem nexo que proferia. De fato, era lunático por ter estado na Lua em 1899.
O filme se destaca por tentar reconstituir a era vitoriana em seu final. Uma bela e moderna moça que dirigia automóveis e desejava se casar com um homem de negócios que dizia possuir uma casa no campo vizinha da mansão de um cientista solteirão e maluco. Ele acabou revelando sua invenção: um produto que, passado em algum objeto, eliminava a ação da força de gravidade no corpo revestido e se afastava da Terra. Em trajes vitorianos, os dois homens embarcaram numa nave em forma de poliedro. A mulher entrou por acaso.
O cenário construído pelos selenitas é futurista, assemelhando-se ao de Marte em “Aelita, a rainha de Marte”, filme de 1924 dirigido por Yakov Protazonov. Comprovando-se as palavras do único sobrevivente da primeira viagem em 1899, os astronautas de 1964 confirmaram a civilização das abelhas gigantes e informaram que elas foram totalmente extintas. O cientista socialista que optou por morar entre elas estava gripado e as contaminou. Wells deixou a crítica final ao ocidente, que contaminou os nativos da América e da Oceania com doenças euroasiáticas.

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