Segurança com nova abordagem
Ícaro Abreu Barbosa 25/01/2020 20:23 - Atualizado em 31/01/2020 16:28
  • Operação Guadalajara V foi deflagrada nesta quinta

    Operação Guadalajara V foi deflagrada nesta quinta

  • Operação Guadalajara V foi deflagrada em Guarus

    Operação Guadalajara V foi deflagrada em Guarus

Mudanças na forma de abordar a segurança pública, com um enfrentamento mais direto à criminalidade violenta, especialmente aos homicídios, tem surtido efeito em Campos e no Estado do Rio, como um todo. Os comparativos dos números de crimes violentos entre os anos de 2018 e 2019 demonstram resultados positivos de maneira clara e objetiva. No ano de 2018, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), ocorreram 228 homicídios; enquanto em 2019 o número desceu para 151 casos, uma redução de 34% que superou o resultado estadual, que verificou uma queda de 19%, sendo o menor número desde o início da série histórica, em 1991.
O encarceramento de lideranças do tráfico de drogas em Campos, como Francio da Conceição Batista, o Nolita, preso em março de 2018, pode ser considerado responsável por uma parcela da diminuição nos assassinatos, mesmo o fato não impedindo que essas lideranças continuem ordenando mortes e administrando o comércio ilícito de dentro das instituições prisionais.
Para o comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM), o tenente-coronel Luiz Henrique Monteiro, a mudança do governo federal e estadual, aliada à autonomia da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e às integrações com os demais órgãos de segurança, são fatores importantes para a diminuição dos índices.
– As diretrizes também tiveram mudanças, a cada dia estamos aperfeiçoando nossa análise criminal, para que estejamos onde ocorre o crime. Como o policiamento é dinâmico, nós fazemos ajustes diariamente. Todos os dias nos aperfeiçoamos e a análise criminal fica cada vez mais precisa e atingimos nosso objetivo, que é a redução criminal – contou o comandante do 8ºBPM.
Delegado titular da 146ª Delegacia de Polícia, Pedro Emílio Braga destacou a influência de várias operações com foco na repreensão de homicídios, que foram responsáveis pela prisão de 62 suspeitos, entre eles líderes de organizações criminosas, alguns foragidos há anos, até então. As operações foram deflagradas ao longo de 2019 e a principal, e mais exitosa, foi a Operação Guadalajara, que, dividida em fases, ainda está curso.
– O planejamento das diferentes fases da operação, bem como outras de menor porte, foi construído a partir da coleta de informações acerca dos conflitos armados concretamente estabelecidos na circunscrição. Isso permitiu ações pontuais de repressão, agindo especificamente sobre pontos específicos de Guarus – explicou Pedro Emílio, destacando que o número de homicídio. Em 2019, foi o menor em 20 anos.
Diferentes interpretações dos números
Especialistas da região interpretam os números da redução de crimes de maneiras diferentes. Roberto Uchôa, policial federal especialista em segurança pública, conclui que a redução ocorreu em âmbito nacional, mas deduz que “governo federal não exerceu impacto sobre esses números” e que a queda dos índices percebidos pode ser decorrente de reflexos dos investimentos feitos nas forças policiais, através da intervenção.
Folha da Manhã
— Na nossa região, tivemos o efeito da troca de comando do nosso batalhão, a passagem do Ibiapina, que vinha tendo bons resultados, para o tenente-coronel Luiz Henrique, que tem adotado uma nova estratégia de policiamento e auxiliado na redução de alguns índices e contribuído para a maior sensação de segurança da população de Campos — expôs Uchôa.
Já a advogada e presidente do Conselho Comunitário de Segurança Pública, Judith Esther Farias, mencionou que, desde o governo federal do presidente Fernando Henrique Cardoso, planos para os problemas de segurança pública eram pensados, refletidos, mas nem sempre a executados. “Hoje temos um governo federal e estadual formado por militares que prioriza e coloca em pauta e em execução a segurança pública”, comentou a presidente do Conselho de Segurança.
— Mesmo com o decréscimo na criminalidade violenta, não podemos deixar de levar em consideração que Campos ainda desponta nos índices de criminalidade. Não basta só que as polícias militares e civis façam uma restruturação, precisamos do município como um agente de segurança pública ativo, de guarda municipal fortalecida, de um policiamento comunitário. Tudo isso para criarmos uma grande teia da segurança pública, para que seja realizada toda a integração prevista nos planos nacionais — completou Judith Esther, indo de encontro ao abordado por Uchôa.
Operações para coibir “onda” de homicídios
O ano de 2020 começou com uma alta taxa de homicídios, chegando a registrar, durante a primeira semana do ano, um assassinato por dia. Mais próximo ao final do mês, os dados da Folha da Manhã contabilizam 12 casos em Campos, contra os 23 registrados em janeiro de 2019 pelo Instituto de Segurança Pública (ISP).
A Operação Cerberus, executada pelo 8º Batalhão de Polícia Militar, que teve início no último dia 13, cumpriu o proposto - segurar a onda de homicídios que passou pela cidade na primeira semana do ano — e, além disso, também serviu como aríete (antiga máquina de guerra usada para romper muralhas ou portões de castelos, fortalezas e cidades fortificadas) para liberar áreas completamente dominadas pelo tráfico de drogas em Guarus.
A retirada de barricadas pela PM, em conjunto com o patrulhamento diário de 98 policiais e 46 viaturas, permitiu o cumprimento de mandados de prisão de pessoas envolvidas em homicídios no subdistrito, como ocorreu na Operação Guadalajara V, na última quinta-feira, quando três homens foram presos nas “Casinhas do Nolita”.

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