Cinema - Briga de cérebros
*Edgar Vianna de Andrade - Atualizado em 22/11/2021 19:25
Quem não conhece nenhum filme da franquia “Transformers”, basta saber que o tema central de todos eles é a luta de geringonças espaciais que escolheram a Terra para duelar. Como era de se esperar, é sempre uma luta do bem contra o mal. A ideia de luta entre entidades espaciais malévolas e benévolas na arena terráquea foi enfocada pelo diretor Nathan Juran em “O cérebro do planeta Arous” (“The brain from planet Arous”) em 1957. Juran é um dos grandes nomes do filme B dos Estados Unidos ao lado de Roger Corman e Jack Arnold. Uma diferença significativa entre o filme B e o filme trash é que o primeiro busca passar um sentido de seriedade que acaba não convencendo por conta do baixo orçamento, dos primários efeitos especiais e da fraca interpretação dos artistas. O trash também trabalha com baixo orçamento, mas debocha da realidade e da seriedade, dando ao filme um caráter de humor e escárnio.
Em “O cérebro do planeta Arous”, Juran busca assustar o público da época. Era um filme para adultos. Não da Lua nem de Marte nem de Vênus. O cérebro vem de Arous, um planeta desconhecido. Ele escolhe justo a Terra para iniciar seu plano diabólico de dominar nada mais que a galáxia. Para tanto, ele se apossa da mente e do corpo do cientista Steve March (John Agar). Ele montou uma estação de monitoramento em área desértica onde trabalha com seu assessor medindo radioatividade. Estamos no âmbito de um dos temores do pós-guerra: a energia nuclear.
Sua noiva (Joyce Meadows), que, por razões desconhecidas, vive perto do laboratório com o pai, nota mudanças no comportamento do noivo. O cérebro que o possui matou seu ajudante numa caverna. Agora, externa sua luxúria com a noiva de Steve, dizendo a ele que deseja possuir aquela fêmea fogosa. Visitando a caverna em que o cérebro apareceu, a mocinha e seu pai encontram outro cérebro que veio em perseguição do primeiro. Se um é do mal, outro é do bem. Urge deter o cérebro maligno. Para tanto, o cérebro do bem esconde-se no cachorro da mocinha.
Comandado pelo cérebro do mal, Steve mata, derruba aviões e consegue, sob ameaças, reunir lideranças mundiais. Ele quer nada mais que o domínio de todo urânio e cobalto do mundo. Caso contrário, mostrará seu poder de destruição. Enquanto isso, o cérebro do bem ensinará à mocinha onde fica o calcanhar-de-aquiles do cérebro mau. Ele precisa sair do corpo possuído de tempos em tempos para respirar. Existe um ponto na massa encefálica que, se atingindo, torna-se mortal. Em 70minutos (tempo médio de um filme B), Steve, orientado pela noiva depois de muito grito, avança sobre o cérebro mau com machadadas a esmo, sem se preocupar com o ponto nevrálgico.
Mais uma vez, a Terra está salva. O perigo desta vez veio da combinação de energia atômica com invasão espacial. Filme é filme. Os efeitos especiais não nos convencem hoje, mas deviam assustar na época. Foi o que se pôde fazer. Precisamos relevar certos aspectos para perceber os encantos do filme B.

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