Coronavírus em Campos - Rafael e Andreya nesta terça no Folha no Ar
24/03/2020 07:45 - Atualizado em 27/03/2020 14:08
Rafael Diniz e Andreya Moreira no Folha no Ar
Rafael Diniz e Andreya Moreira no Folha no Ar / Genilson Pessanha
Com um caso de Covid-19 confirmado e outros 16 suspeitos em Campos, o prefeito Rafael Diniz (Cidadania) e a chefe municipal de Vigilância em Saúde, a médica infectologista Andreya Moreira, foram os convidados do Folha no Ar 1ª edição desta terça-feira (24). Eles falaram sobre o hospital de campanha que o estado vai instalar, nesta quinta-feira, na cidade, as barreiras sanitárias que começam a funcionar nesta quarta, além da aquisição de kits de testes rápidos para diagnóstico da doença e queixas dos profissionais da saúde relacionados à falta de equipamentos de proteção individual (EPIs), fake news e o Centro de Combate ao Coronavírus (CCC) no prédio novo da Beneficência Portuguesa. Outro ponto foi a comparação do número de caos de Campos com os de Itaperuna, polo de saúde no Noroeste Fluminense.
As barreiras sanitárias em Campos começam a funcionar nesta quarta-feira, segundo informou o prefeito: “Algumas cidades podem se fechar com mais facilidade. No caso de Campos é muito mais difícil, porque somos cortados pela BR 101. Mas ontem (segunda), nos reunimos com as forças de segurança e o Ministério Público e a ação começa amanhã”. Andreya explicou que as barreiras não foram iniciadas antes: “Os termômetros estavam em falta no mercado e a febre é um dos sintomas do coronavírus. Com o termômetro digital, medimos a temperatura corporal de cada pessoa em três minutos”.
Rafael destacou a importância de o governo do estado ter definido um hospital de campanha para Campos. “Somos o maior município do interior, com mais de 500 mil habitante, além de polo de saúde que atende outros municípios. No dia 16 passado, enviamos ofício à secretaria de estado de Saúde e, depois ao Ministério da saúde, relatando essa condição e explicando a necessidade de leitos de UTI para Campos. Ontem, recebemos a informação de que o Estado havia disponibilizado e contratado a empresa que instalará o hospital de campanha em nosso município, com 150 leitos. A gente havia se antecipado e continuamos com nosso planejamento, com a implantação do Centro de Combate ao cornavírus no novo prédio da Beneficência Portuguesa”, disse o prefeito, lembrando ainda do chamamento publicado na quarta-feira passada para a contratação de 20 leitos.
O prefeito também disse que Campos conta com 50 respiradores e o reparo de outros 30 foi providenciado. O número pode chegar a 200, segundo busca feita pelo Conselho Regional de Medicina (Cremerj) nos hospitais particulares e filantrópicos. A chefe da Vigilância salientou que o Instituo Federal Fluminense (IFF) informou uma parceria para a produção de um respirador que pode ser ligado em quatro pessoas, além de outros que o estado deve enviar com equipamentos do hospital de campanha.
Não houve e nem há falta de testes rápidos para o coronavírus em Campos, conforme afirmaram os entrevistados, embora o município não tenha recebido, até o momento, o material prometido pelo governo federal que, através do Ministério da Saúde informou, sábado, a compra de 10 milhões de testes, 8 milhões para serem entregues em oito dias. “Mais uma vez nos antecipamos e fizemos a aquisição de mil testes rápidos”, falou o prefeito. “O Ministério da Saúde orienta a coleta só em casos moderados e graves e já usamos em situações diferentes, em que julgamos necessário. Dispomos de kits na Vigilância, no HFM e HGG, cerca de 45 de PCR, que foram disponibilizados pelo governo estadual. Na rede particular não tem, mas o município nunca deixou de ter”, acrescentou Andreya.
A diferença do número de casos suspeitos em Campos e Itaperuna, dois municípios polos de atendimento regional em saúde, o primeiro com uma população bem maior do que o segundo, embora com quantidade bastante inferior de suspeitas da doença, também foi explicada pela chefe da Vigilância. “Muitas vezes, o que eles estão vendo lá como suspeitos, aqui estão em investigação. Aqui, separamos os casos investigados e os suspeitos, pelo histórico epidemiológico deles. Por exemplo, fizemos um bloqueio, em parceria com São João da Barra, em dois ônibus que vieram de São Paulo. Os passageiros passaram a serem monitorados e não desenvolveram sintomas da Covid-19. A gente separa, categoriza os casos. Uma equipe investiga os casos que não são tão evidentes epidemiologicamente e outra os casos suspeitos”, contou, acrescentando que, até então, eram 56 casos monitorados, incluindo os suspeitos.
Proteção - Dados apontam elevado número de contaminação de profissionais da Saúde pelo coronavírus, o que vem causando preocupação à categoria. Sobre os EPIs, o prefeito destacou que, até o momento, Campos não recebeu equipamentos do estado nem do governo federal, mas tranquilizou os profissionais, afirmando que o município vem adquirindo o material com recursos próprios, diariamente. No entanto, ele a chefe da Vigilância fizeram um alerta para a necessidade de uso racional dos equipamentos de proteção individual, em função da escassez no mercado. “O uso desses equipamentos não é uma coisa nova para quem atua na Vigilância ou hospital, no contato direto com pacientes, para evitar infecção. Temos treinamento sempre. Não é uma coisa nova, só que a Covid-19, pela infectalidade, causou um alarde sobre EPI. Mas precisamos conter o uso, ter uma preocupação com a retirada desses equipamentos, para que não faltem na hora do pico do doença”.
Sobre fake news, como uma que recentemente alardeava o caso da jovem de 19 anos internada com suspeita do doença, com uma profissional da saúde chegando a dizer que muitos morreriam, porque o município teria demorado a iniciar a prevenção, o prefeito disse que o assunto foi um dos temas de reunião com representantes das forças de segurança e Ministério Público na segunda-feira. Segundo ele, assim como todas como as medidas foram endurecidas para evitar aglomerações e contágio pelo vírus, como fechamento do comercio, o MP também atuará, caso seja necessário, em relação a pessoas que propagam notícias falsas. O caso da jovem foi descartado para Covid-19.
— O momento é de conscientização, de informação responsável, de isolamento social. Tomamos as medidas necessárias, mas, se não trabalharmos conjuntamente, vai acontecer o caos em nosso país. O momento é de união para sairmos vitoriosos desse enfrentamento — concluiu Rafael Diniz.
Confira a entrevista:

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