Casos de dengue caem 99,5%
Marcus Pinheiro 25/03/2017 17:03 - Atualizado em 27/03/2017 17:05
Rodrigo Silveira
Mutirão de combate ao Aedes aegypti / Rodrigo Silveira
Em tempos de vacinação em massa da população do estado do Rio de Janeiro contra a febre amarela silvestre, transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes, os casos de doenças urbanas disseminadas por outro mosquito mais conhecido de todos, o Aedes aegypti, estão sendo registrados em índice menor do que no mesmo período de 2016 em Campos, conforme dados do Centro de Referência de Doenças Imunoinfecciosas (CRDI). O número de casos de dengue, por exemplo, tiveram redução de 99,5%. De acordo com o diretor do CRDI, Luiz José de Souza, após anos com altos índices da doença, a população pode ter criado uma imunidade momentânea. As ações de combate ao mosquito, que também transmite zika, chikungunya e a versão urbana da febre amarela, erradicada do Brasil desde 1942, continuam acontecendo no município.
Divulgação
Diretor do CRDI, Luiz José de Souza/Divulgação
De acordo com Luiz José, de 1º de janeiro deste ano até o dia 20 de março, foram notificados 699 casos de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti no município. Segundo ele, os registros apontaram 654 casos suspeitos de dengue, sendo cinco confirmados; 12 casos suspeitos de zika, sendo seis em gestantes, mas nenhum confirmado; e 33 casos suspeitos de chikungunya, sendo nove confirmados. Em 2016, de 1º de janeiro a 30 de março, foram registrados 3.215 casos suspeitos de dengue, sendo 1.170 confirmados; 3.364 casos suspeitos de zika, sendo 175 em gestantes e 22 confirmados; e 36 casos suspeitos de chikungunya, sendo 20 confirmados.
Luiz José informou que entre as três principais doenças transmitidas pelo Aedes, a mais frequente tem sido a chikungunya.
— Apesar da frequência dos casos, a chikungunya não está circulando na proporção que esperávamos. A dengue alcançou alguns poucos pacientes no início do ano. Todos eles do tipo quatro (DEN-4). No caso da dengue, especificamente, acredito que após dois anos de alta intensidade do vírus na região, a população adquiriu uma imunidade provisória ao vírus. O resultado disso tem sido o baixíssimo número de casos registrados no município — finalizou o especialista.
Mais de 20 mil imóveis visitados no município
No último dia 18 de março foi realizado o Dia D de combate ao Aedes aegypti em Campos, que reuniu mais de 200 agentes do CCZ. Na oportunidade foi realizado um trabalho de conscientização e panfletagem para a população na área central do município.
De acordo com o CCZ, agentes do órgão visitaram 21.060 imóveis e eliminando 334 focos do mosquito transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela na área urbana.
O diretor do CCZ, Jorgeamado de Almeida, informou que 18 bairros receberam ações dos agentes de endemias durante mutirões realizados entre 20 de janeiro e 22 de fevereiro e que o resultado do Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti foi de 1,5% no município, o que, segundo ele, é considerado risco médio.
— Apesar de ser um nível considerado médio, já podemos comemorar porque não é muito alto. Vamos continuar os trabalhos, como os mutirões, para baixarmos ainda mais esse percentual — disse Jorgeamado.
Alerta segue em 12 cidades no Rio de Janeiro
De acordo com dados do sistema InfoDengue, da Fundação Getúlio Vargas, dos 92 municípios fluminenses, 12 estão no chamado nível de alerta de transmissão, o que significa que as condições climáticas para reprodução do mosquito Aedes aegypti são ótimas nessas localidades. Entre essas cidades, está Campos, a única do Norte e Noroeste Fluminense nessa situação.
Segundo o coordenador do sistema, Flávio Coelho, a situação de risco acontece mais em períodos chuvosos. “Predomina no verão, mas tem que ter algum nível de umidade e de pluviosidade (volume de chuva que cai em certo lugar durante determinado espaço de tempo)”.
O Sistema InfoDengue começou a operar oficialmente em 2015, fazendo a análise de notificações da doença referentes à capital fluminense e hoje monitora todo o estado e também o Paraná e o Espírito Santo. O projeto, sem fins lucrativos, é feito por adesão e depende da colaboração das secretarias estaduais e municipais de Saúde para enviar os dados.

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