Comunidade acadêmica teme consequências do "apagão" no sistema do CNPq
Dora Paula Paes 28/07/2021 19:44 - Atualizado em 28/07/2021 20:20
A comunidade acadêmica de Campos está preocupada com o "apagão" no sistema Lattes, que está fora do ar, pois o servidor do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sem backup, “queimou”. O CNPq é entidade ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Desde segunda-feira (26), professores e pesquisadores do Brasil inteiro tentam acessar a plataforma sem sucesso. Reitores e diretores de instituições públicas e privadas do município já falam em prejuízo e desmonte da política científica no país.
Para o reitor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Raul Palacio, o problema afeta e muito a universidade. "Dando um exemplo, nós temos um edital aberto para seleção de pós-doutorado para área de Cultura, com a plataforma Lattes fechada, fora do ar, a gente teve que prorrogar mais uma semana ou até que o sistema volte a funcionar", disse ao ressaltar, ainda, sua preocupação com possível atraso no pagamento de bolsas de iniciação científica, que a Uenf tem em parceria com a CNPq.
"Para além, temos também a participação de professores em editais que vão ficar esperando que o site volte. Assim como outras universidades. O estrago é grande, porque a área é referência para professores e pesquisadores em termos de ciência e de repente a gente ficou na escuridão em relação ao conhecimento. Eu espero que o dano não tenha sido muito grande. É mais uma do que o governo Bolsonaro vem fazendo em termos de desqualificação da ciência no Brasil", destacou Palacio.
Segundo o reitor do Instituto Federal Fluminense (IFF), Jefferson Manhães, toda comunidade científica está preocupada. Para ele, a falta de backup do equipamento, em servidores de uma entidade tão importante e reconhecida, até mesmo, internacionalmente, mostra claro processo de desfinanciamento da pesquisa brasileira. "É inimaginável o CNPq com a qualidade que tem, que tem o currículo de todos os nossos pesquisadores do Brasil, algo que poucos países têm e é referência, ter essa fragilidade", declarou.
Ex-diretor da Universidade Federal Fluminense (UFF-Campos), Roberto Rosendo disse que é preciso aguardar e que haja uma apuração administrativa para saber o que aconteceu. Também demonstrando preocupação, Rosendo espera que a comunidade acadêmica seja informada sobre o que aconteceu, circunstâncias e danos causados. "Só temos informações do que está sendo ventilado pela mídia. Agora, é algo muito delicado e grave", disse.
Na rede privada, o coordenador do Curso de Direito do Isecensa, Carlos Alexandre Azevedo compartilha sentimento de preocupação por conta da base de dados e eventual atraso no fomento e em bolsas. Mas, de acordo com ele, há um comunicado do Governo de que não haverá prejuízos. "Mas devemos esperar para saber", sentencia.
Carlos Alexandre teve acesso ao seguinte comunicado da Coordenação de Comunicação Social doMCTI.
"Em continuidade aos comunicados sobre a indisponibilidade dos sistemas do CNPq, incluindo as Plataformas Lattes (Currículo Lattes, Diretório de Grupos de Pesquisa, Diretório de Instituições e Extrator Lattes) e Carlos Chagas, esclarecemos:
1.O problema que causou a indisponibilidade dos sistemas já foi diagnosticado em parceria com empresas contratadas e os procedimentos para sua reparação foram iniciados.
2.O pagamento das bolsas implementadas não será afetado.
3.Todos os prazos de ações relacionadas ao fomento do CNPq, incluindo a Prestação de Contas, estão suspensos e, de ofício, serão prorrogados.
4.Os comunicados oficiais do CNPq são feitos exclusivamente por meio dos canais oficiais na internet: site e redes sociais. Manteremos todos atualizados sempre que houver novas informações sobre a questão.
5. O CNPq já dispõe de novos equipamentos de TI e a migração dos dados foi iniciada antes do ocorrido. Independentemente dessa migração, existem backups cujos conteúdos estão apoiando o restabelecimento dos sistemas.
6.Para demais dúvidas, entre em contato com a Central de Atendimento pelo telefone 61 3211 4000 ou pelo e-mail [email protected]
Reforçamos que o CNPq/MCTI estão comprometidos com a restauração do acesso aos sistemas operacionais com a maior brevidade possível".

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