Moraes Moreira morre, aos 72 anos, no Rio de Janeiro
Paula Vigneron e Matheus Berriel 13/04/2020 12:15 - Atualizado em 04/05/2020 21:56
Cantor e compositor Moraes Moreira
Cantor e compositor Moraes Moreira / Divulgação
Morreu, no início da manhã desta segunda-feira (13), aos 72 anos, em seu apartamento no Rio de Janeiro, o cantor e compositor Moraes Moreira. Ele foi vítima de um infarto, conforme informou a assessoria. O artista foi o primeiro convidado da Folha da Manhã, em 1989, para um circuito de shows organizado pelo grupo nas praias da região. Anos depois, novamente a convite dos diretores, Moraes e o filho, Davi Moreira, realizaram uma apresentação de fim de ano no Teatro Municipal Trianon.
Para a diretora do Grupo Folha, Diva Abreu Barbosa, a perda do artista é uma pena. Ela se recordou da primeira vinda de Moraes Moreira a Campos em um show promovido pela Folha.
— Nós o trouxemos a Chapéu de Sol, quando a Folha fazia, antes das prefeituras, shows na beira da praia, de graça. A gente arranjava patrocínios. Na época, foi o Banerj que patrocinou. A gente fez em Chapéu de Sol, pegando as duas praias, e no Farol, no primeiro ano de governo de Garotinho em Campos. Inicialmente, era só para Grussaí e Atafona, mas Garotinho estava iniciando o governo e perguntou se não podia fazer em Farol. Conversamos com Moraes Moreira, e ele topou fazer — contou Diva, ressaltando que iniciativa de promover shows em praias foi do grupo. Os circuitos aconteceram por cerca de cinco anos.
Já em 2005, Moraes foi novamente convidado pelos diretores da Folha para o tradicional show de fim de ano. Na ocasião, ele subiu ao palco com o filho, Davi Moreira. Diva afirmou que o músico marcou não somente uma época, mas um estilo:
— Ele era bom demais, maravilhoso. Tem um registro muito importante na Música Popular Brasileira, principalmente com o sabor do Nordeste, que é um Brasil verdadeiramente Brasil. É uma pena. Mas ficam as músicas, as composições. Ele é realmente um grande personagem da Música Popular Brasileira. Eu lamento, mas Deus sabe de todas as coisas.
Conhecido nas noites em Campos, o cantor, compositor e instrumentista Marcelo Benjá citou a música “Sintonia” para falar sobre Moraes Moreira:
— Os versos de “Sintonia (escute essa canção / que é pra tocar no rádio / no rádio do seu coração / você me sintoniza / e a gente então se liga / nessa estação) expressam muito do que foi o compositor, o artista Moraes Moreira. A música dele conectava pessoas e momentos de forma única.Me emocionei muito com o retorno dos Novos Baianos aos palcos. Infelizmente, não deu tempo de assisti-los com Moreira novamente. Ele está na prateleira dos grandes artistas da música brasileira, alguém para quem não há reposição. Ficam o legado, a saudade e a devoção.
O presidente do Conselho Municipal de Cultura (Comcultura) de Campos, Marcelo Sampaio, que é professor e pesquisador de música popular brasileira, falou sobre a atuação e o protagonismo de Moraes Moreira na valorização de outros personagens importantes da música brasileira:
— Nunca foi um músico comum. Ouso dizer que, além do grande talento como instrumentista, ele possuía um compromisso com a memória musical do Brasil. Na época que fazia parte do grupo Novos Baianos, sugeriu regravações de compositores como Assis Valente, com “Brasil pandeiro”; Ataulfo Alves e Paulo Gesta, com “Na cadência do samba”; Dorival Caymmi, com “Samba da minha terra”; Waldir Azevedo, com “Brasileirinho”. Sem falar que foi quem pela primeira vez colocou voz num trio-elétrico, o de Dodô e Osmar em Salvador na Bahia.
Carreira — Moraes Moreira começou sua carreira tocando sanfona de doze baixos em festas de São João e outros eventos de Ituaçu. Na adolescência aprendeu a tocar violão, enquanto fazia curso de ciências em Caculé, na região sudoeste da Bahia.
Mudou-se para Salvador, em seguida, onde conheceu Tom Zé, e também entrou em contato com o rock n’ roll. Mais tarde, ao conhecer Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão, formou o conjunto Novos Baianos, onde ficou de 1969 até 1975.
Em 1975, saiu em carreira solo. No total, ele já lançou mais de 60 discos entre a carreira solo, Novos Baianos, Trio Elétrico Dodô e Osmar, além da parceria com o guitarrista Pepeu Gomes.
*Com informações do G1.

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