Médicos da equipe de transição de Wladimir no Folha no Ar desta terça
01/12/2020 07:46 - Atualizado em 01/12/2020 21:45
As aglomerações durante eventos relacionados às eleições municipais causaram aumento no número de casos da Covid-19 e intensificaram o sinal de alerta relacionado à pandemia. Esta foi uma opinião compartilhada pelos os médicos Geraldo Venâncio e Paulo Hirano, que integram a equipe de transição do prefeito eleito Wladimir Garotinho (PSD) na área da Saúde e foram os entrevistados desta terça-feira (01) no Folha no Ar, da Folha FM 98,3. Eles ainda destacaram o papel da equipe técnica da Prefeitura para uma transição tranquila na área da Saúde e disseram acreditar que não enfrentarão dificuldades por parte do prefeito Rafael Diniz (Cidadania). Geraldo defendeu, ainda, uma “radicalização” no isolamento social, inclusive não vendo como distante a possibilidade de Campos voltar ao lockdown.
— Principalmente nas grandes cidades, os números estão demonstrando. As eleições municipais envolvem mais a população do que as eleições para deputado, governador e presidente. A eleição municipal é apaixonante. Então, ocorreram, em muitos momentos e candidaturas, aglomerações. Não foi só comemoração, foi durante a campanha toda, nas carreatas, caminhadas... Realmente, pela própria peculiaridade da eleição municipal, (ela) funcionou como um agravante. O que nós esperamos é que o Natal e o Ano Novo não repliquem essas aglomerações. É inevitável: o que nós estamos enfrentando e vamos enfrentar nos próximos 10, 15 dias, são as consequências das aglomerações que aconteceram recentemente — disse Geraldo Venâncio.
— Essa curva ascendente, além de todos os fatores sociais que aconteceram, dessas aglomerações, com os períodos pré-eleitoral e pós-eleição, nas comemorações, não há nenhuma dúvida de que houve um aumento dessa transmissão, que se reflete duas, três semanas depois desse período. A gente vai ter um cenário eu diria mais sombrio nos próximos 15, 20 dias. Então, no período de Natal a gente vai estar de forma bastante crítica, tenho essa impressão, por conta do histórico que aconteceu agora. É uma questão técnica, epidemiológica, inevitável — reforçou Paulo Hirano, citando também a constante transmissão do novo coronavírus em festas entre amigos e reuniões do tipo.
Durante a entrevista, os médicos avaliaram as ações de enfrentamento à Covid-19 tomadas até o momento no Brasil como um todo, no estado do Rio de Janeiro e também em Campos.
— Na verdade, o ex-governador Witzel prometeu abrir sete hospitais de campanha. Foram abertos dois. Um dos municípios punidos foi Campos. E, certamente, essa decisão da não implantação do hospital de campanha aqui em Campos prejudicou muito a população. Provavelmente, ocasionou o aumento do número de óbitos na fase aguda, ali em maio. Do ponto de vista político, a atuação do estado foi uma tragédia, com secretário preso, governador afastado, principalmente por causa de se aproveitarem desse momento de pandemia para roubar dinheiro de respirador. Do Governo Federal, o que eu critico mais é a atitude. O nosso digníssimo presidente é uma pessoa às vezes estranha, tem manifestações um pouco bizarras. Pela liderança natural que o presidente da República transmite à população, prejudicou muito nisso da comunicação — disse Geraldo Venâncio, pontuando com a transferência de recursos com o Governo Federal, apesar de conflitos com lideranças estaduais.
Em Campos, Geraldo considerou positivas as atitudes tomadas pelo prefeito Rafael Diniz. “No governo municipal, eu tenho que ser justo: foi feito o que foi possível. Conseguiu-se abrir o centro de referência na Beneficência, que tem prestado serviços importantes à população na terapia intensiva e nos leitos de retaguarda. Penso que o governo municipal fez o que foi possível, não tinha nada mais a ser feito além do que foi. Nós temos agora, sob ponto de vista do que está sendo sinalizado pela epidemiologia, que aumentar a oferta de leitos a curto prazo, senão teremos problemas em relação, especialmente, à terapia intensiva”, enfatizou.
Paulo Hirano também lamentou a postura negacionista do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia, e ressaltou ser necessário intensificar as ações de alerta sobre a importância da prevenção até que a população seja vacinada contra a Covid-19.
— Há todo o contexto do país como um todo. Ressalto a importância da liderança em comandar esse processo local. A gente mora em Campos, é aqui que nós estamos vivemos, é aqui que nós vamos sobreviver ou não. Então, é fundamental. Acho que, nessa determinação, o prefeito eleito Wladimir está bem determinado a isso. A gente tem conversado, e ele tem consciência plena dos riscos e da gravidade dessa pandemia e do que vamos enfrentar pela frente. Este comando, essa determinação de uma comunicação mais efetiva com a sociedade como um todo de buscarmos a prevenção... Se todos entenderem que a prevenção é o melhor caminho, a gente consegue, realmente, diminuir — comentou Paulo. — Penso eu que nós só vamos ter uma solução maior com a vacinação. E a vacinação, esperamos que esteja mais próxima do que estávamos imaginando. Tomara que logo no início do ano a gente já tenha disponibilidade, para que possamos iniciar a vacinação e proteger as pessoas. Aí, sim, a gente vai ter um cenário mais alvissareiro em relação a essa pandemia, que tem assolado tanta gente — acrescentou.
Confira a entrevista:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS