Líder do G-8 mira presidência da Câmara e articula com Wladimir, Rodrigo e Caio
Aluysio Abreu Barbosa 26/12/2019 21:57 - Atualizado em 08/01/2020 14:16
Líder do grupo de vereadores do G-8, que foi governista até a sexta-feira 13 de dezembro, o vereador Igor Pereira (PSB) conseguiu emparedar a administração Rafael Diniz (Cidadania) na Câmara Municipal. E agora trabalha em dois outros objetivos. Pleito do G-8, o primeiro é conseguir com que o limite do remanejamento do Executivo, de 30% para apenas 10% do valor total do Orçamento, seja aceito por outros três pré-candidatos a prefeito: o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD), o estadual Rodrigo Bacellar (SD) e Caio Vianna (PDT). O segundo seria um projeto de poder pessoal. Se reeleito vereador com boa votação, Igor mira na presidência da Câmara Municipal na próxima Legislatura. De onde se lançaria em 2022 para deputado estadual, em dobradinha com o federal Hugo Leal (PSD), seu aliado. É um futuro distante para um 2019 que não terminou e deve entrar em 2020.
Igor articulou e liderou o rompimento do G-8 com o prefeito. Que, nas sessões das últimas terça (17) e quarta (18) resultou na derrota de todos os oito projetos de contingenciamento do governo Rafael. Além da sua proposta orçamentária para o próximo ano, depois que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara barrou da votação a emenda do G-8 para limitar o remanejamento do Executivo em 10% — foi de 30% nos três primeiros anos de Rafael, e 50% nos oito anos de Rosinha Garotinho (hoje, Patri). Por conta disso, mesmo que o ano de 2019 acabe antes do impasse, segundo a Lei Orgânica do Município, o Legislativo goitacá pode ter que avançar os primeiros dias de 2020 para resolver a questão.
Conforme prometido, o governo municipal reagiu e publicou no Diário Oficial de 24 de dezembro, véspera de Natal, a exoneração de 28 cargos comissionados. Além de Igor, que teve mais de 10 indicações na guilhotina política, também perderam cargos no Executivo os edis Marcelo Perfil (PHS), Ivan Machado (PTB) e Paulo Arantes (PSDB). Outros quatro nomes do G-8, os vereadores Jorginho Virgílio (Patri), Luiz Alberto Neném (PTB), Joilza Rangel (PSD) e Enock Amaral (PHS) tiveram suas indicações no governo por enquanto preservadas. O que deixa as portas abertas para as negociações com o grupo do prefeito. O presidente da Câmara, Fred Machado (Cidadania), o ex-presidente e deputado federal Marcão Gomes (PL), o líder governista Genásio (PSC) e o secretário de Governo Alexandre Bastos trabalham na articulação. Além do próprio Rafael.
Após queimar seus navios com o prefeito, e vice-versa, Igor busca a guarida com os pré-candidatos a prefeito Wladimir, Rodrigo e Caio. Antes, durante e depois do rompimento com Rafael, o líder do G-8 foi convidado diversas vezes pela Folha para dar sua versão sobre o caso. Mas se esquivou em todas as oportunidades. Na última vez que falou com o jornal, como publicado no Ponto Final do último dia 14, o vereador disse:
— Chance zero de eu ser vice de qualquer candidato a prefeito. Sou candidato à reeleição de vereador. E não vou votar contra o servidor. Falo por mim e pelos vereadores Neném, Joilza, Paulo Arantes, Silvinho (Patri), Ivan Machado, Enock e Perfil. Quanto a limitar o remanejamento do Orçamento em 10%, isso não é engessar o governo. Se precisar de 30%, que passe pela Câmara e a gente discute junto. Não importa se Rosinha tinha 50%. Isso já passou. Rafael tem que entender que estamos do mesmo lado. A vida é feita de escolhas. Se entender que não estamos do mesmo lado, a escolha é dele.
Sem retorno às tentativas de contato com Igor feitas durante toda a semana, na noite do dia 25 se buscou uma entrevista com o vereador Jorginho Virgílio, para ter a versão do G-8. Seria para o programa Folha no Ar na manhã desta sexta (27), na Folha FM 98,3. Após aceitar verbalmente, Virgílio disse que tentaria também convidar Igor. Mas depois retornou dizendo que este dera ordem para não conceder nenhuma entrevista.
Segundo Jorginho, Igor teria dito que “toda essa confusão começou com a entrevista do José Paes (procurador-geral do município) ao Folha no Ar de segunda (16)”. Na verdade, um trecho da entrevista do procurador, onde ele disse que quem votasse contra o governo, não teria mais espaço no governo, foi viralizado em grupos de WhatsApp locais de oposição. E foi usado por Igor como para reforçar sua liderança sobre o G-8 nas votações de terça e quarta daquela semana.
Na verdade, apesar de não retornar às tentativas de contato, não foi difícil saber dos passos políticos do líder do G-8 em seu processo de ruptura com o governo. Confira abaixo o que foi apurado a partir de fontes que preferiram manter o anonimato:
Com Wladimir — O deputado federal, que também conversou os vereadores Silvinho e Enock, acha inviável os 10% de remanejamento no Orçamento. E disse a Igor, que o ligou duas vezes, que seria impossível a qualquer prefeito de Campos governar assim. No seu grupo, há quem classifique a tentativa de impor o limite dos 10% de “uma extorsão da Câmara”. Após o acirramento da crise com as exonerações de Rafael, a opinião do seu principal opositor é de que a polarização só seria boa para o líder do G-8.
Com Rodrigo — Conversou com Joilza na segunda (23), com Igor ontem (25) e hoje (26), com Perfil. Ligou para Rafael na sexta (20) e se ofereceu como ponte no diálogo com o G-8, mas entendeu que a tarefa se tornou difícil após as exonerações de terça (24). O deputado foi o único que falou diretamente: “Acho que todos devem esfriar a cabeça e a maturidade prevalecer. A cidade não pode padecer por conta dessa briga, que só interessa a um lado: Wladimir Garotinho”.
Com Caio — Almoçou com Igor na véspera de Natal, em um tradicional restaurante da cidade. Como Rodrigo é deputado estadual e, caso abra mão da própria pré-candidatura a prefeito de Campos, um dos principais apoiadores do pedetista em 2020, um obstáculo é a pretensão do líder do G-8 em também se candidatar à Asssembleia Legislativa. Rodrigo, que tem boa relação com Igor, só não tentaria a reeleição como deputado se, até lá, fosse nomeado para conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
A seis dias do fim do ano, o Poder Legislativo de Campos não está em recesso. Na sexta-feira 13 de dezembro, o blog anunciou que o grupo de vereadores governistas conhecido como G-8 romperia com o prefeito Rafael Diniz (Cidadania), na antecipação do ano eleitoral de 2020 neste final de 2019. Só que o resultado foi um tiro pela culatra do tempo: empurrou 2019 para dentro de 2020. Como a proposta orçamentária de Campos para o próximo ano foi recusada na sessão legislativa de quarta (18), determina a Lei Orgânica do Município, no parágrafo 2º do Artigo 25:
— A sessão legislativa ordinária não será interrompida ou encerrada sem que seja concluída a votação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias e de projeto de lei do orçamento.
Assim, as sessões da Câmara da terça (24) e quarta (25) desta semana só não aconteceram porque foram véspera e dia de Natal. Assim como as da terça (31) e quarta (01) da próxima, só não ocorrerão por conta do Réveillon. Mas, a não ser que uma sessão extraordinária seja marcada antes, a próxima sessão ordinária da terça, dia 7 de janeiro, a questão do Orçamento voltará obrigatoriamente à pauta.
Até lá, as negociações de bastidores têm estado e prometem continuar intensas. Entre interesses particulares e de grupos políticos, visam às eleições a vereador e prefeito de Campos em 2020. E envolvem tanto os ex-vereadores governistas do G-8, quanto o governo Rafael. Assim como três pré-candidatos a disputar o cargo com o prefeito nas urnas de outubro: o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD), o estadual Rodrigo Bacellar (SD) e Caio Vianna (PDT).
Enquanto isso, com suas receitas do petróleo em queda vertiginosa, o Orçamento que Campos terá no ano eleitoral e o meio milhão de campistas que dele dependem são transformados em mero pano de fundo.

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