Garotinho condenado e preso
Suzy Monteiro, Aldir Sales, Matheus Berriel, Paula Vigneron, Bárbara Cabral e Ana Laura Ribeiro 14/09/2017 03:28 - Atualizado em 18/09/2017 14:44
Prisão de Garotinho
Prisão de Garotinho / Paulo Pinheiro
Ex-prefeito, ex-governador, ex-secretário de Estado, ex-deputado federal e ex-secretário do Governo Rosinha, Anthony Garotinho foi preso pela Polícia Federal, na manhã dessa quarta-feira (13), no Rio, enquanto apresentava seu programa na Rádio Tupi. Condenado a nove anos e 11 meses de prisão no caso Chequinho por corrupção eleitoral, repetida 17.515 vezes, associação criminosa, supressão de documento e coação no curso do processo, Garotinho foi transferido para Campos, onde colocou tornozeleira eletrônica e cumprirá prisão domiciliar na casa da Lapa. As medidas restritivas deverão ser mantidas até o julgamento pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Se confirmado o entendimento do juízo local, Garotinho deverá cumprir a pena em regime fechado. Segundo sentença do juiz Ralph Manhães, da 100ª Zona Eleitoral, enquanto exercia o último cargo público, Garotinho utilizou o programa social Cheque Cidadão para compra de votos, gerando prejuízo aos cofres públicos de R$ 11 milhões. Na decisão, o juiz fala, também, que ele praticou uma série de atos para impedir o avanço da Ação Penal e que o “grupo criminoso comandado pelo réu” coagiu e intimidou testemunhas, inclusive com emprego de arma de fogo. A defesa do condenado repudiou a prisão e já ingressou com Habeas corpus (HC) junto ao TRE. A ex-prefeita Rosinha acompanhou o marido e se mostrou indignada com a condenação, creditando à perseguição política.
Por volta de 10h30, Garotinho foi surpreendido por agentes da Polícia Federal enquanto apresentava, ao vivo, seu programa matinal na sede da rádio Tupi, em São Cristóvão, no Rio. Por volta das 10h20, Garotinho havia acabado de divulgar um produto afrodisíaco, chamou o quadro “Dica da Rosinha”, em que sua esposa participou com uma dica sobre como remover mancha de caneta esferográfica. Depois, vieram alguns anúncios e um plantão de notícias, durante quase oito minutos, e o programa voltou com outro comunicador, Cristiano Santos. Ele justificou a ausência de Garotinho, afirmando que a voz tinha ido embora e que, por orientação médica, ele teria que parar de falar.
Na verdade, saiu preso do programa, conduzido pelos policiais que, segundo informações, haviam estado antes no apartamento em que Garotinho mora, no Flamengo, mas ele não foi encontrado no local. A Defesa do ex-governador nega a informação que a polícia tenha tentando prendê-lo em seu apartamento.
Em uma caminhonete descaracterizada da PF, Garotinho seguiu para Campos, aonde chegou por volta das 15 horas. No Instituto Médico Legal (IML), onde não ficou por mais de cinco minutos e saiu por uma porta lateral, passou por corpo de delito. O vereador Thiago Virgílio, também réu na Chequinho e já condenado, mas na esfera eleitoral, compareceu para dar apoio. De lá, Garotinho foi levado para a Delegacia da Polícia Federal, onde lhe foi colocada tornozeleira eletrônica. Os filhos Wladimir, Clarissa, Clara e Wanderson, além do deputado estadual Bruno Dauaire (PR) estiveram na delegacia.
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Enquanto Garotinho estava colocando a tornozeleira, um pequeno grupo, com cerca de 30 pessoas, ficou na frente da casinha da Lapa, preparando a manifestação de apoio. Quando a viatura da PF chegou com o réu, seu nome foi gritado pelo grupo, assim como o de Rosinha, que falou aos seguidores da porta de casa.
Garotinho está proibido de manter contato com qualquer pessoa, salvo esposa, filhos, netos e mãe, além dos advogados. Também está proibido de utilizar qualquer meio de comunicação eletrônico, tais como celulares, internet, transmissões audiovisuais, entrevistas ou quaisquer outros meios que caracterizem comunicação com pessoas além daquelas mencionadas no item anterior. Ele ainda teve que entregar à Justiça aparelhos celulares e passaporte.
A defesa de Garotinho divulgou nota, repudiando a prisão: “A defesa do ex-governador Anthony Garotinho repudia os motivos apresentados para a prisão do ex-governador e entende que a decisão de mantê-lo preso em casa, em Campos, tem a intenção de privá-lo de seu trabalho na Rádio Tupi e em seus canais digitais e, com isso, evitar que ele continue denunciando políticos criminosos importantes, alguns deles que já foram até presos. A defesa nega as acusações imputadas a ele e informa que ele nunca nem foi acusado de roubo ou corrupção. O processo fala de suspeitas infundadas de compra de votos, o que por si só não justifica prisão.
A defesa afirma que a prisão domiciliar, além de não ter base legal, causa danos à sua família já que o impede de exercer sua profissão de radialista e sustentar sua família”. A defesa do ex-governador já esta recorrendo.
Rosinha e filhos dizem que há perseguição
A ex-prefeita de Campos, Rosinha Garotinho, veio em um carro atrás da viatura da Polícia Federal que trouxe o marido para Campos. No IML, ela deu entrevista, afirmando que a prisão era uma retaliação a denúncias feitas por Garotinho no seu blog contra o ex-governador Sérgio Cabral, preso desde novembro do ano passado.
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Rosinha também creditou à perseguição política: “Muito me estranha essa prisão no dia seguinte a uma audiência em que o senhor Luiz Zveiter, ex- presidente do Tribunal de Justiça, queria uma reconsideração, uma retratação sobre as denúncias feitas no blog e meu marido disse que não porque vai provar todas elas”. E ainda falou sobre o promotor de Justiça Leandro Manhães, contra quem ela entrou com uma representação em 2014.
A deputada licenciada Clarissa Garotinho, que também se dirigiu para Campos, divulgou nota em rede social, repetindo os argumentos de perseguição em função de denúncias: “Nós podemos falar por ele. Temos Fé que a verdade será revelada!... Não calarão a voz do Garotinho!”.
Wladimir também se manifestou: “... No mínimo suspeito que se tenha ocorrido hoje esse fato, já que desde o início tem se afirmado que é Zveiter por trás de toda essa operação midiática chamada de Chequinho. Obrigado pelas muitas mensagens de carinho e apoio”.
Fotos: Paulo Pinheiro, Rodrigo Silveira e Antônio Leudo

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