História de Campos na Bienal
Matheus Berriel 21/11/2018 21:07 - Atualizado em 29/11/2018 18:56
Uma das atrações do segundo dia da 10ª Bienal do Livro de Campos, o primeiro com programação pela manhã e à tarde, foi a roda de conversa “Gente da Terra”, sobre a cultura de Campos, suas tradições e costumes. A mesa temática aconteceu ao final da tarde, no auditório Miguel Ramalho, no campus Centro do Instituto Federal Fluminense (IFF), que sedia todo o evento. A programação desta quarta foi encerrada com show do cantor Leoni. Nesta quinta-feira, haverá várias outras atrações culturais, das 9h às 23h.
Fizeram parte da mesa “Gente da Terra” os pesquisadores Matheus Venâncio, Marluce Guimarães e Renan Torres, comentando suas visões a respeito do tema proposto pela organização da Bienal. A mediação ficou por conta do pesquisador e gerente do Arquivo Público Municipal Waldir Pinto de Carvalho, Carlos Freitas.
— Nossa mesa trata a questão do estudo sobre Campos, que é muito importante, porque, baseado em novos documentos, novos livros que falam sobre a nossa região, a gente está tendo uma outra visão da história, completamente diferente do que era ensinado ou do que ainda não é ensinado. A gente precisa rever esses estudos sobre a nossa região e passar esse material para que os professores possam fazer as suas aulas baseadas nesses novos conhecimentos — falou Carlos Freitas.
Professor de ciências sociais da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Renan Torres realiza estudos sobre a história indígena de Campos desde 2013. Nesta quarta, na roda de conversa, ele comentou algumas curiosidades do assunto. “O meu intuito maior é de fornecer instrumentos didáticos para os professores trabalharem. No pensamento cotidiano das pessoas de Campos e, principalmente, da região Norte Fluminense, a gente tem sempre a ideia de que os goitacá habitaram a nossa região. E a gente conhece muito pouco em relação a esses indígenas. No caso dos goitacá, a gente acaba reproduzindo de que eles eram canibais. Na discussão, a gente vê que a história não foi bem assim. Foram frutos de visões e versões que foram criadas sobre os povos indígenas”, comentou Renan, que é natural de Bom Jesus do Itabapoana e tataraneto de uma indígena puri.
Cordel — Foi lançado na noite desta quarta, na Bienal, o cordel “Louco da Letra”, de Paulo César Moura, que surgiu baseado numa reflexão sobre o personagem Ariel, de “A Tempestade”, obra de Shakespeare. “Hoje, meu Ariel tornou-se o Louco da Letra. Aquele que, vivendo o pós-colonialismo latino-americano, optou por se voltar para a cultura popular, a fim de enaltecê-la, sobretudo por sua qualidade artística e por sua história de resistência”, informou o autor.
Continua nesta quinta — No início da noite desta quinta, os frequentadores da Bienal poderão prestigiar o café literário “Elas por elas”, que reunirá três jovens escritoras, contando um pouco de suas trajetórias na literatura. São elas: a jornalista Paula Vigneron, da Folha da Manhã; Paula Gicovate, formada em Letras e roteirista da Rede Globo; e a psicoterapeuta Beatriz Côrtes. Marcada para as 18h, no Espaço Gotta, a mesa terá mediação de Thiago Eugênio. Às 22h, o cantor Sandro Balli fará show celebrando os 60 anos da Bossa Nova.
Na parte da manhã, haverá vacinação poética, oficina de som, ritmo e movimento, peça teatral “Amaluza”, minicurso para professores sobre cultura indígena, palestra sobre o centenário de Nelson Mandela, workshop de produção de poesias e mesa sobre teatro. A tarde reserva exibição do curta-metragem “Nossos mortos têm voz”, o show “Autorais e nada mais”, oficina de desenho com caneta esferográfica, peça teatral “Uma moça muito preguiçosa, mesa “Quando perdemos o direito de ser diferentes?”, intervenção poética, oficina de grafitti, nova aula do minicurso para professores sobre cultura indígena, palestra sobre Stephem Hawking, leitura de cordéis, espetáculo “As aventuras musicais de Aipim — O aprendiz de Violino”, da ONG Orquestrando a Vida, roda de conversa sobre o mercado literário para autores independentes e mesa sobre segregação social, racismo e violência urbana, Por fim, no turno da noite, além do café literário “Elas por elas”, terá a peça adulta “Com açúcar, com afeto”, uma mesa sobre feminismo.
A 10ª edição da Bienal do Livro é realizada pela Prefeitura de Campos e o Sesc, tendo como tema “Leitura que Liberta“. O campista Nilo Peçanha, presidente do Brasil em 1909 e 1910, foi escolhido como patrono. O evento homenageia o poeta fidelense Antônio Roberto Fernandes, o e o ator e diretor teatral Félix Carneiro, bem como Lenilson Chaves, um dos implantadores da Bienal no município.

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