José Eduardo Pessanha: Fome - A importância de dividir
José Eduardo Pessanha - Atualizado em 06/05/2021 22:47
José Eduardo  Advogado e professor universitário
José Eduardo Advogado e professor universitário
“Grandes multidões seguiam Jesus para ouvir Sua Palavra e escutar os Seus ensinamentos. E como essas multidões se saciavam? Do alimento que vinha de Jesus. No entanto, depois de um tempo, as pessoas sentem fome e sede, porque não só de pão vive o homem, também não só da palavra vive o homem. O ser humano precisa dos alimentos para ficar de pé, por isso Jesus teve compaixão de toda aquela multidão que estava com Ele e começou a sentir fome e sede. Os discípulos pensaram em dispersar essa multidão, porque estava ficando tarde; lá é muito deserto e eles não têm como comprar alimento para todos. Daí sugeriram a Jesus: “Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida! Jesus porém lhes disse: ‘Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mateus 14, 15-16).” E assim fez-se o milagre da “Multiplicação”.
Sei que posso parecer enjoado, mas este assunto tem prioridade: começo o texto com esta passagem bíblica para relembrar aos cidadãos (seres humanos), que nós possuímos obrigações com a sociedade; que nada iguala o sabor do pão partilhado, da comida partilhada; nada é tão abençoado como dividir o que temos com nosso próximo! A pergunta é direta e clara: vocês estão partilhando parte do que possuem, não para enriquecer alguém ou apenas parentes seus, mas para ajudar famílias honestas que passam por sérias dificuldades? Ao invés de ficarem perdendo tempo com disputas politicas a centenas de quilômetros daqui e repassado informações extremistas partidárias que sequer sabem certas, pergunto: quanto do que tem você hoje já partilhou?
Esta semana estava conversando com um conhecido (de encontros sociais), empresário, construtor, servidor púbico, com a filha em uma escola de medicina (não sei se particular ou pública), possuidor de veículos e imóveis. Ele me contava das dificuldades pelas quais passava e que as coisas estavam, em seu modo de ver, difíceis. Questionei: puxa, então você teve de se desfazer de algumas de suas posses, para manter íntegra sua família. Ele respondeu: ah não ... estou lutando para manter tudo como estava antes! Ora, “NADA MAIS É COMO ANTES”. Este é o cerne do problema! Será que as pessoas não perceberam isso? Muitos, principalmente servidores, industriais, aposentados, comerciantes, enfim, pessoas que possuem renda certa ou bens no plural, vociferam pelo lucro que não mais vem, mas não se desfazem de um veículo, de um imóvel para manter seus funcionários (domésticos, rurais ou não) e, por decorrência, as famílias destes. E os desconhecidos? Como ficarão?
Quantas cestas básicas você comprou para doação este mês? Você mesmo que está lendo agora! Não falo de dar dinheiro para associações ou entregar uma dezena de cestas a qualquer instituição para distribuição, lavando as mãos e dizer: bem... fiz caridade! A pergunta é: você entregou uma cesta, grande ou pequena, para quantas famílias? Não que tenha de ter compromisso mensal com determinada família, mas quantas vezes você passa em um local e vê pessoas em real situação de miséria? Não falo de viciados, malandros, mendigos profissionais e/ou punguistas que infestam as ruas. Falo daqueles que querem trabalhar, tentar se manter, mas o momento, cruel, os vence. Sim... tenha sempre umas cestas básicas no seu carro, como se fosse um acessório, pois ao encontrar um desses irmãos em situação extrema, entregue a cesta e siga seu caminho. Ele não precisa saber quem é você, mas se lembrará que, as vezes, num dos seus piores dias, quando pensava em dar cabo da própria vida, alguém, do nada, apareceu, em nome de Deus, e lhe deu de comer. Isso é dividir... sem vaidades... sem nomenclaturas... sem querer aplausos, apenas dividir. Não deixe que sua vida se escoe na própria ganância ou na falta de sensibilidade com outro membro de sua própria raça... isso é muito triste e... decadente.
Em verdade, se boa parte agir assim, a fome diminuirá; o senso de abandono diminuirá; a violência diminuirá; as pessoas verão que a sociedade, que somos todos nós, as considera uma delas e não um pária... enfim, quem mais ganhará será você, que cumprira a missão de aprimorar seu espírito, dará exemplo aos seus filhos e não terá uma passagem árida neste mundo.
Sabemos que as palavras ecoam... e somem.. mas os exemplos “carregam” e permanecem na memória. Custa pouco, as vezes apenas uma parte do que você gasta no bar, nas festas, nas apostas, nas comidas finas ou no lazer, mas pode fazer a diferença de “uma vida” para alguém. Desculpe atrapalhar o seu mundo, mas seu semelhante pede socorro!

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