Juiz determina retirada de tornozeleira de Ferrugem
Aldir Sales e Julia Beraldi 27/11/2017 22:00 - Atualizado em 29/11/2017 14:42
Réus da Chequinho
Réus da Chequinho / Antonio Leudo
O juiz Ricardo Coimbra, da 76ª Zona Eleitoral de Campos, determinou a retirada da tornozeleira eletrônica do vereador Thiago Ferrugem (PR), além das demais medidas restritivas contra ele e também contra o vereador Roberto Pinto (PTC), do parlamentar afastado Vinícius Madureira (PRP) e da suplente Cecília Ribeiro Gomes (PT do B). A decisão saiu nesta segunda-feira (27) após a realização da audiência com testemunhas de acusação na ação penal em que os políticos são réus no âmbito da operação Chequinho, acusados de participação no “escandaloso esquema” de troca de votos por Cheque Cidadão na última eleição municipal.
Um dos momentos mais tensos da sessão foi quando uma das testemunhas afirmou que o delegado da Polícia Federal Paulo Cassiano mentiu ao redigir seu depoimento durante as investigações. De acordo com a testemunha, que mora no Parque Califórnia, o delegado teria chegado de bermuda no trabalho dele, mas não teria se identificado e nem dito os direitos a um advogado ou a permanecer em silêncio, mas que ele sabia que se tratava de Cassiano por ter visto na televisão. Esta testemunha ainda disse que não leu o depoimento por escrito e que uma irmã dele teria lido e o alertado sobre o nome de Madureira no documento, uma vez que ele não teria falado. No entanto, na sequência, a irmã dele relatou na audiência que não leu o documento no dia da abordagem da PF.
Outras testemunhas também começaram o depoimento dizendo estranhar a forma como o delegado estava vestido, gerando o questionamento por parte do juiz se alguém estava orientando os testemunhos. Os ânimos ficaram mais quentes e houve embates entre os advogados dos réus, a promotora do Ministério Público e o juiz Ricardo Coimbra.
Já a coordenadora do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) da Penha relatou que houve uma reunião na casa de Cecília Ribeiro Gomes, então candidata à reeleição na Câmara Municipal, para que ela, a coordenadora, parasse de questionar a então secretária de Desenvolvimento Humano e Social, Ana Alice Alvarenga, e a ex-coordenadora do Cheque Cidadão Gisele Koch sobre o surgimento de pessoas sem perfil social de vulnerabilidade que estavam recebendo o benefício.
Uma nova audiência com as testemunhas de defesa foi marcada para o dia 23 de janeiro. Além da tornozeleira de Ferrugem, foi revogada a proibição de manter contato com os demais réus e testemunhas do caso, e de se ausentar de Campos por mais de oito dias sem autorização prévia da Justiça.
O advogado Carlos Azeredo, que também representa o ex-governador Anthony Garotinho, e neste caso defende Cecília e Madureira, requereu que Paulo Cassiano fosse intimado para prestar depoimento, mas Coimbra rejeitou sob o argumento de que o nome do delegado está no processo desde o início e não foi requisitado seu testemunho anteriormente. No entanto, a defesa extraiu os depoimentos para representar contra o delegado.
A equipe de reportagem entrou em contato com Paulo Cassiano, que preferiu não se manifestar.

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