"Memórias do Cárcere" é aplaudido por cineclubistas
Celso Cordeiro Filho 10/05/2018 19:12 - Atualizado em 14/05/2018 14:02
Aluysio Abreu Barbosa exaltou a excelência do filme
Aluysio Abreu Barbosa exaltou a excelência do filme / Antônio Leudo
Ao apresentar, quarta-feira (9), no Cineclube Goitacá, o filme “Memórias do Cárcere”, o jornalista e poeta Aluysio Abreu Barbosa destacou que o diretor Nelson Pereira dos Santos captou, com extrema sensibilidade, o texto de Graciliano Ramos pautado no relato de sua prisão durante o governo Getúlio Vargas. “Nelson é um cineasta conciso, enquanto que Graciliano é dono de um texto seco, cru. Dessa união nasceu um filme marcante e reconhecido internacionalmente. A ideia de exibi-lo foi de Aristides Soffiati, logo depois do falecimento (21 de abril deste ano) de Nelson”, acrescentou.
Aluysio observou, também, que não foi à toa que Nelson acabou eleito membro da Academia Brasileira de Letras, sendo o primeiro cineasta a ocupar uma cadeira na ABL. Ele fez filmes adaptando obras de Machado de Assis, Jorge Amado, Guimarães Rosa e Graciliano Ramos — “Vidas Secas”, feito antes de “Memórias do Cárcere”, teve também boa repercussão no exterior. “Enfim, é um cineasta que cultivou a literatura através da realização de filmes de extrema importância para a arte brasileira”, acrescentou. Considera Nelson, junto com Glauber Rocha (“Deus e o Diabo na Terra do Sol”), os dois cineastas mais importantes do cinema brasileiro, responsáveis pelo movimento Cinema Novo.
Aluysio lembrou, ainda, que o livro “Memórias do Cárcere” foi publicado no final de 1953, oito meses depois da morte de Graciliano. Ele apresenta um relato contundente, em que descreve o período de um ano que passou encarcerado pela ditadura de Getúlio Vargas, de março de 1936 a janeiro de 1937. Mantém sua independência e visão crítica da realidade. “Existe a polêmica de que o Partido Comunista teria interferido no texto que foi publicado. Polêmica à parte, o fundamental é que trata-se de um depoimento importante sobre um período da vida brasileira, onde a liberdade foi posta de lado”, ponderou.
Durante os debates, o advogado Geraldo Machado lembrou que a convivência dos presos políticos com detentos comuns, na Ilha Grande, viria contribuir para o surgimento da facção criminosa Comando Vermelho.

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