No último dia 7 de julho, segundo o jornal Extra, foram realizados 505 pagamentos a funcionários da Ceperj durante as seis horas de expediente bancário, o que dá uma média de um saque a cada 43 segundos, segundo a planilha entregue pelo Bradesco ao Ministério Público, somando R$ 1,6 milhão.
Na sexta, a TV Globo também apresentou um relatório que mostra que pessoas vinculadas à Ceperj sacaram dinheiro em 15 estados diferentes e que o Governo do Estado impôs sigilo aos dados de três programas investigados.
O vereador de Campos com maior número de assessores que também acumulavam funções é Raphael Thuin (PTB), com seis pessoas que sacaram, somadas, mais de R$ 122 mil. Em nota, o parlamentar diz que todos cumpriram suas tarefas, mas que foram exonerados do gabinete até o final das investigações.
Além de Thuin, o levantamento da TV Globo também cita que Helinho Nahim (Agir), Maicon Cruz (PSC), Marquinho do Transporte (PDT) e Igor Pereira (SD) tiveram assessores com cargos na Ceperj, embora não especifique quem no caso de Igor. Já os vereadores Fred Machado (Cidadania), Helinho, Luciano Rio Lu (PDT), Marquinho Bacellar e Rogério Matoso (União) são citados por terem parentes na lista secreta. Matoso nega que Rosana Juncá, que aparece no levantamento como sua tia, seja parente dele.
Mas, além das investigações dos órgãos de controle, a tendência é de que o assunto continue ecoando nos corredores da Câmara e da Prefeitura de Campos. Durante a Feijoada da Folha, no último dia 7 de agosto, o prefeito Wladimir Garotinho (sem partido) defendeu a apuração do caso. “Esse escândalo da Ceperj, a gente espera que seja apurado o mais breve possível. Afinal de contas, é dinheiro público que está, pelo que está sendo dito, empregado com funcionários fantasmas”.
Na Câmara, o movimento da oposição é para ter acesso aos nomes de cargos de confiança e RPA do Executivo para também cruzar os dados com a lista do Ceperj e ver se há casos de duplicidade. Sem apresentar provas, na última terça, Nildo Cardoso (União) afirmou que existem pessoas nomeadas na Prefeitura com cargos no Estado. “Eu posso provar”, disse.
A Prefeitura não respondeu sobre os questionamentos.
O Governo do Estado reforçou que tem total interesse em dar transparência e publicidade ao trabalho da comissão de auditoria e, para isso, é preciso respeitar o prazo de apuração.
Parlamentares citam processos seletivos
Ao todo, sete dos 10 vereadores citados nas reportagens do UOL e da TV Globo responderam à Folha nesta semana e negaram irregularidades, citando que todos assessores ou parentes apontados realizaram processo seletivo para atuarem na Ceperj.
Uma das pessoas que estavam na lista é Bárbara Lima, noiva de Marquinho Bacellar. O vereador disse que ela fez processo seletivo e tem como comprovar os serviços prestados.. “O crime que cometi foi pedir a minha noiva para se inscrever no processo seletivo que estava aberto para qualquer cidadão e ela prestar serviço por dois meses? É uma guerra política entre o grupo da família Garotinho e qualquer outro grupo político que tente ajudar a cidade de Campos”.
Fred Machado também teve a esposa, Mayara Wingand citada e afirmou que irá provar que ela prestou serviços. “Não tenho problema com a minha reputação, tenho uma história de uma década na Câmara com minhas mãos limpas e contas aprovadas. Eu vou provar em breve, com provas, de que minha esposa trabalhou e que tem qualificação para a função”.
Com dois assessores na listagem, Maicon Cruz declarou que eles pediram para deixar os cargos na Ceperj antes do caso vir a público. “Encaminhei à Comissão temporária da Câmara a documentação entregue pelos referidos servidores ao gabinete, comprovando o pedido deles de desligamento da instituição, o ingresso dos mesmos por processo seletivo e uma comunicação feita pelo gabinete, quando houve ciência da situação, para que os mesmos fizessem a opção por um único vínculo de trabalho”.
Bruno Vianna, por sua vez, declarou que o irmão “foi contratado após processo seletivo e tem toda documentação e ações de trabalho regularizadas. Assim como qualquer pessoa, ele pode participar de processos e concursos”.
E Helinho disse que, “se houver irregularidade comprovada, qualquer pessoa deve ser responsabilizada”