João Monteiro Pessôa dá 6,5 para início da gestão Wladimir
Folha1 21/01/2021 07:49 - Atualizado em 21/01/2021 16:25
Compartilhando da opinião do antropólogo Carlos Abraão Moura Valpassos, que deu nota 7 para o início do governo Wladimir Garotinho na Prefeitura de Campos, ohistoriador João Monteiro Pessôa reduziu a nota para 6,5 em entrevista ao Folha no Ar - 1ª edição, da Folha FM 98,3, na manhã desta quinta-feira (21). Professor do Instituto Federal Fluminense (IFF) em Guarus, ele disse que os nomes escolhidos para comandar as secretarias são os responsáveis pela aprovação de Wladimir nos primeiros 20 dias de mandato, mas apontou demora para a adoção do lockdown em virtude do aumento do número de casos da Covid-19 e a ausência de um programa elaborado para o desenvolvimento da Educação.

— O secretariado parece promissor, parece positivo. Eu daria 6 se ele (Wladimir) não tivesse decretado lockdown essa semana. A crítica maior que eu tinha era essa. Mas, também acho que não dá para ser maior do que 7, porque há muita expectativa, a gente tem que ver os resultados que ele aplica. E, do ponto de vista específico da Educação, eu sou crítico da falta de um projeto — João Monteiro.
Na visão do historiador, sem entrar em polêmica ideológica, Wladimir acerta ao tentar implementar em Campos uma escola cívico-militar financiada com verba extra do Governo Federal, mas erra na importância dada ao projeto dentro do cenário educacional.
— Na melhor das hipóteses, Campos conseguirá a implantação de uma escola cívico-militar, financiada com verba extra do Governo Federal. Ótimo. Só que a obrigação constitucional dos municípios é oferecer ensino infantil, pré-escola e ensino fundamental. Só de ensino fundamental, Campos tem acho que 260 escolas, fora as pré-escolas, creches, etc. Quando a gente fala de um programa, de um projeto para a educação municipal, eu acho que todo mundo está pensando nessas 400 e tantas unidades. Não me parece muito correto que o governo apresente como grande bandeira, como porta-estandarte do seu programa de educação, uma escola de nível médio, que não é a função do município. Ótimo, se o município conseguir, parabéns. Mas, isso não vai alterar fundamentalmente a qualidade do serviço de Educação prestado pelo município. Acho que ainda falta, cabe a cobrança de qual é o plano da nova administração para a Educação municipal — enfatizou o entrevistado.
Sobre a mudança para a fase laranja no plano de retomada das atividades econômicas e sociais de Campos, representando novo lockdown, João Monteiro disse ter sido uma medida necessária.
— Se essa entrevista fosse na semana passada, eu faria uma crítica à demora do governo em tomar medidas de restrição à circulação. Eu acho que estava já muito claro que o problema estava se agravando, isso é visível. Ninguém defende lockdown, fechamento de comércio à toa. Ninguém está alheio ao fechamento do comércio. Numa cidade como Campos, todos nós temos amigos, parentes, pessoas que são comerciantes ou comerciários. A gente é sensível a isso. Acho até que pode se discutir que tipo de atividade pode ser paralisada ou não, se paralisa tudo. Mas, a ideia de que a gente podia continuar levando o barco como se fosse vida normal era uma loucura — comentou o historiador. — E aí, quero dar crédito ao vice-prefeito (Frederico Paes). Acho que ele foi muito preciso. Então, se eu fizesse essa entrevista na semana passada, faria uma crítica a essa demora. Mas, acho que agora o governo tomou a medida correta e justificou de maneira certa. Ninguém faz isso porque quer. Mas, ou a gente faz agora ou vai ser obrigado a fazer amanhã, com gente morrendo nos corredores de hospital por falta de atendimento — ressaltou.
A escolha do secretariado de Wladimir recebeu elogios do entrevistado. “O secretariado é promissor, é bom. Me parecem alvissareiras as nomeações. Acho que aí ele (Wladimir) já começou marcando pontos. Porém, eu acho que o funcionamento de um governo, a atuação de um governo tem que ser julgada mais pelo resultado do que pelas ações, palavras, pelo marketing”, afirmou João. “Os secretários anunciados parecem, a princípio, no papel, um bom secretariado. Mas, vamos dar seis meses, um ano, para ver qual resultado eles apresentam.”, complementou.
Questionado sobre a sua expectativa para os quatro anos de governo de Wladimir,o historiador mostrou-se cético, mas com desejo de melhorias:
— Eu não tenho uma expectativa.Tenho certo pé atrás, por conta da origem política do prefeito, do histórico da família no governo de Campos. Então, eu acho que ser cético é a postura inevitável de qualquer pessoa que está se baseando na experiência do passado. Torço para ele ser bem-sucedido. Afinal de contas, como moradores e cidadãos da cidade, nós todos precisamos de um governo municipal bem atuante, um governo que ofereça serviços. Acho que nesse sentido, o governo anterior (gestão Rafael Diniz) deixou a desejar em coisas muito básicas, primárias, que não podem nem ser justificadas pela falta de verba. A limpeza urbana, por exemplo, é uma coisa que é trabalho, organização. Não pode dizer que faltou verba para fazer varrição de rua, eliminar lixo, esse tipo de coisa. Então, o que eu espero é que o governo consiga pelo menos recuperar o nível de gestão nessas coisas básicas que existiam antes da Prefeitura anterior. E tomara que consiga resultados positivos na área de Educação, na área de Desenvolvimento Regional, enfim.
Confira a entrevista completa:

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