Coisas simples... grandes ensinamentos!
30/08/2019 | 22h10
Outro dia li um texto muito interessante de Ninon Rose Hawryliszyn e Silva e gostaria de transcrevê-lo, pois traz uma reflexão profunda e nos leva a repensar sobre a forma como encaramos os desafios que existem em nossas vidas!Em seu texto, Ninon conta: “Estes dias vi uma formiga que carregava uma enorme folha. A formiga era pequena e a folha devia ter, no mínimo, dez vezes o tamanho dela. A formiga a carregava com sacrifício. Ora a arrastava, ora a tinha sobre a cabeça. Quando o vento batia, a folha tombava, fazendo cair também a formiga. Foram muitos os tropeços, mas, nem por isso, a formiga desanimou de sua tarefa. Eu a observei e acompanhei, até que chegou próximo a um buraco, que devia ser a porta de sua casa. Foi quando pensei: “Até que enfim ela terminou seu empreendimento”. Ilusão minha. Na verdade, havia apenas terminado uma etapa. A folha era muito maior do que a boca do buraco, o que fez com que a formiga a deixasse do lado de fora para, então, entrar sozinha. Foi aí que disse a mim mesmo: “Coitada, tanto sacrifício para nada.” Lembrei-me ainda do ditado popular: “Nadou, nadou e morreu na praia.” Mas a pequena formiga me surpreendeu. Do buraco saíram outras formigas, que começaram a cortar a folha em pequenos pedaços. Elas pareciam alegres na tarefa. Em pouco tempo, a grande folha havia desaparecido, dando lugar a pequenos pedaços e eles estavam todos dentro do buraco. Imediatamente, comecei a refletir sobre minhas experiências. Quantas vezes desanimei diante do tamanho das tarefas ou dificuldades? Talvez, se a formiga tivesse olhado para o tamanho da folha, nem mesmo teria começado a carregá-la. Invejei a persistência, a força daquela formiguinha. Naturalmente, transformei minha reflexão em oração e pedi a Jesus que me desse a tenacidade daquela formiga, para “carregar” as dificuldades do dia-a-dia. Que me desse a perseverança da formiga, para não desanimar diante das quedas. Que eu pudesse ter a inteligência, a sabedoria dela, para dividir em pedaços o fardo que, às vezes, se apresenta grande demais. Que eu tivesse a humildade para partilhar, com os outros, o êxito da chegada, mesmo que o trajeto tivesse sido solitário. Pedi a Jesus a graça de, como aquela formiga, não desistir da caminhada, mesmo quando os ventos contrários me fazem virar de cabeça para baixo, mesmo quando, pelo tamanho da carga, não consigo ver, com nitidez, o caminho a percorrer. A alegria dos filhotes que, provavelmente, esperavam lá dentro pelo alimento, fez aquela formiga esquecer e superar todas as adversidades da estrada. Após meu encontro com aquela formiga, saí mais fortalecida em minha caminhada. Agradeci a Jesus por ter colocado aquela formiga em meu caminho ou por me ter feito passar pelo caminho dela. Sonhos não morrem, apenas adormecem na alma da gente. ”Este texto nos deixa a lição de que a vida é um aprendizado e que se pararmos para refletir, as coisas mais simples (assim como a pequena formiga), muitas vezes, são aquelas que mais nos ensinam a valorizar a natureza divina que é vida! A história da formiga nos ensina que a razão de nossas vidas somos nós, nossa família e nossos amigos. Afinal, foi com ajuda que ela conseguiu colocar a folha dentro do buraco. Vale lembrar que a nossa paz interior deve ser nossa meta de vida. E quando sentirmos um vazio na alma, quando acreditarmos que ainda está faltando algo, mesmo tendo tudo, é fundamental remeter nosso pensamento para Deus, pois ele fará brilhar a divindade que existe em nosso interior.E lembre-se: Pare de colocar sua felicidade cada dia mais distante de você. Não coloque objetivo longe demais de suas mãos. Abrace os que estão ao seu alcance hoje. Se andas desesperado por problemas profissionais, financeiros, amorosos, ou de relacionamentos familiares, busca em teu interior a resposta para acalmar-te, pois você é reflexo do que pensas diariamente. Trabalhe, trabalhe muito a seu favor. Pare de esperar a felicidade sem esforços. Pare de exigir das pessoas aquilo que nem você conquistou ainda. Critique menos, trabalhe mais. E, não se esqueça nunca de agradecer. Agradeça tudo que está em sua vida nesse momento, inclusive a dor. Nossa compreensão do universo ainda é muito pequena para julgar o que quer que seja na nossa vida.
"A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las." Pense nisso e tenha uma boa semana!
Com afeto,
Beth Landim
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A Árvore Torta
02/08/2019 | 21h28
Nos conta a lenda, que um dia diante da velha árvore torta, um pinheiro todo vergado pelo tempo, o sábio da aldeia ofereceu a sua própria casa para aquele discípulo que “conseguisse ver o pinheiro na posição correta”.
Todos se aproximaram e ficaram pensando na possibilidade de ganhar a casa e o prestígio, mas como seria “enxergar o pinheiro na posição correta”? O mesmo era tão torto que a pessoa candidata ao prêmio teria que ser no mínimo contorcionista.
Ninguém ganhou o prêmio e o velho sábio explicou ao povo ansioso, que ver aquela árvore em sua posição correta era “vê-la como uma árvore torta”.
Nós temos em nós, esse jeito, essa mania de querer “consertar as coisas, as pessoas, e tudo mais” de acordo com a nossa visão pessoal. Não que não tenhamos que evoluir e construir nossa evolução e corrigir erros em nosso contexto. Falo de ver as coisas de nosso único ângulo.
Quando olhamos para uma árvore torta é extremamente importante enxergá-la como árvore torta, sem querer endireitá-la, pois é assim que ela é. Se você tentar “endireitar” a velha árvore torta, ela vai rachar e morrer, por isso é fundamental aceitá-la como ela é.
Nos relacionamentos, é comum um criar no outro expectativas próprias, esperar que o outro faça aquilo que ele “sonha” e não o que o outro pode oferecer. Sofremos antecipadamente por criarmos expectativas que não estão ao alcance dos outros, porque temos essa visão de “consertar” o que achamos errado.
Se tentássemos enxergar as coisas como elas realmente são, muito sofrimento seria poupado.
Os pais sofreriam menos com os seus filhos, pois os conhecendo, não colocariam expectativas que são suas, na vida dos mesmos, gerando crianças doentes, frustradas, rebeldes e até vazias.
Tente, pelo menos tente, ver as pessoas como elas realmente são, pare de imaginar como elas deveriam ser, ou tentar consertá-las da maneira que você acha melhor. O torto pode ser a melhor forma de uma árvore crescer.
Não crie mais dificuldades no seu relacionamento. Se vemos as coisas como elas são muitas dos nossos problemas deixam de existir, sem mágoas, sem brigas, sem ressentimentos.
Perdemos muito tempo em nossa vida com pequenas coisas, com críticas vazias, lamentando o leite já derramado, sem entender que este tempo não voltará para nós, é um tempo jogado fora. Neste ínterim muitas outras coisas aconteceram ao nosso redor e nós deixamos passar: o nosso sorriso, a atenção com a nossa família, a partilha da alegria com os nossos amigos, a nossa atitude positiva diante da vida...
Ficamos sem forças para rezar, nos distanciamos de Deus e de nós mesmos, muitas vezes nos tornamos um templo vazio e abandonado... Tudo isso por tentarmos DESENTORTAR pessoas.
A vida passa muito rápido para tantas oportunidades jogadas fora. Vivamos intensamente com positividade!
O tempo passa. A vida acontece. As distâncias separam, mas não fazem esquecer o que realmente sentimos, pois não há distância capaz de superar os sentimentos.
Às vezes, vivemos amargurados, querendo que nossa opinião prevaleça. Implicamos com tudo e com todos. Só nos satisfazemos se tudo ocorrer exclusivamente de acordo com nossa vontade. E então nos tornamos egoístas, pequenos, e vemos todos como árvores tortas. Nos tornamos também diabéticos, pois como nos diz o poeta Mário Quintana, diabético é aquele que não consegue ser doce.
Que possamos, tortos ou não, darmos frutos doces, sombras frondosas, termos raízes fincadas em valores firmes, que mesmo o maior vendaval não tire o nosso chão. Que nossos galhos e folhas sejam flexíveis e estejam, acima de tudo, buscando sempre a luz do sol que aquece o nosso coração, e ao anoitecer, a lua com seus mistérios, nos encha a alma de paixão.
Olhe para você mesmo com os “olhos de ver” e enxergue as possibilidades, as coisas que você ainda pode fazer e não fez. Pode ser que a sua árvore seja torta aos olhos das outras pessoas, mas pode ser a mais frutífera, a mais bonita, a mais doce, a mais perfumada da região, e isso, não depende de mais ninguém para acontecer, depende só de você.
Há um tempo, como nos diz Fernando Pessoa, em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.
 
 
Com afeto,
Beth Landim
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Apenas permita-se!
02/08/2019 | 21h25
Essa semana, peço licença a Danuza Leão para citar essa história e a partir dela refletir com meus amigos leitores sobre a armadilha das mudanças drásticas de coisas que não precisam de alteração, apenas aprimoramento.
“Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir sorvete de sobremesa, contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido. Uma só. Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa. Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação. O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano. A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade. A gente sai pra jantar, mas come pouco. Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons. Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de “fácil”). Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta. Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar. E por aí vai. Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação... Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e, existencialmente, sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão...
Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'. Deixar de lado a régua, o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos. Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e meias porções. Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase mais ou menos assim: 'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'... Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar várias bolas de sorvete, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado.
Um dia a gente cria juízo. Um dia. Não tem que ser agora. Por isso, garçom, por favor, me traga: cinco bolas de sorvete de chocolate, um sofá pra eu ver 10 episódios do “Law and Order”, uma caixa de trufas bem macias e o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente. OK? Não necessariamente nessa ordem. Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago...”
Esse texto nos convida a refletir sobre a necessidade atual de nos liberarmos das nossas culpas e sermos mais autênticos em nossas escolhas. A vida corrida, o estresse que nos visita, todas as nossas atividades diárias sejam elas familiares ou profissionais nos acumulam de pressões que muitas vezes não sabemos como lidar com as mesmas.
Culpa, aliás, é uma palavra que persegue em demasia os sentimentos das pessoas na atualidade. Culpa por fazer, culpa por não fazer, por fazer de menos, por ter pouco tempo, por desperdiçar o tempo, parece que vivemos em conflito constante e a culpa nos atormenta tirando o prazer dos nossos sentimentos e sentidos. Não que tenhamos que agir impensadamente, mas uma vez conscientes de nosso fazer, não podemos dividir a experiência de vida com a culpa. Devemos ter sempre em mente que quem não faz, nunca erra, porque nem se dá o direito de tentar. O medo nos imobiliza, a culpa nos faz reviver um passado sem aprendizado.
Eu, pessoalmente, não tenho a CULPA no meu dicionário. Este sentimento reduz e não conduz... não acrescenta com nossa ressignificação de vida... tenho a REFLEXÃO, que me faz pedir perdão, desculpas, rever meus atos e meus erros para procurar ser uma pessoa melhor... Busco viver intensamente a vida, até porque sou muito carinhosa e acolhedora, isto me faz ver sempre o lado bom da vida, não enfocando no remorso, sentimento que nos corrói e não nos deixa andar para a frente...
Como dizia Franklin Roosevelt: “O único limite às nossas realizações futuras são as nossas dúvidas no presente.” Portanto, não alimentemos meias porções de nada em nossas vidas, sejamos inteiros em pensamentos, sentimentos e atitudes. Tenhamos fé, acima de tudo, pois TUDO PASSA. Aliás, esta é das frases que mais admiro: TUDO PASSA! Tanto nos momentos de tristeza quanto os momentos de alegria. Boa semana!
Com afeto,
Beth Landim
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Quase...
19/07/2019 | 19h35
 Li sobre o “quase”, achei interessante e divido com vocês.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bons dias”, quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Ainda pior que a convicção do não, é a incerteza do talvez, é a desilusão de um “quase”.
É o “quase” que incomoda, que entristece, que mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa bendita mania de viver no outono.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que em alguns momentos trazemos dentro da gente...
Para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
Existe um outro “Quase”, o de quem quase conseguiu bater o record, o de quem quase gabaritou uma prova, etc... Mas estes vêm acompanhados da perseverança, da persistência, do esforço do trabalho diário... Pois só no dicionário, que o sucesso vem na frente do trabalho. Na vida, o sucesso depende exclusivamente de nosso trabalho, dedicação e sentimento de pertença ao que somos.
Este ‘quase’ não nos desanima, pelo contrário, nos impulsiona a irmos além, irmos em frente. Na vida muitas vezes não conseguimos alcançar todos os nossos objetivos, mas temos obrigação de tentar.
Quem quase beija, não beija... Quem quase sorri, não traz a alma leve e tranqüila!
Aliás, este sentimento de pertença, fala muito pra mim. Pois sou inteira e intensa em tudo que faço. Não consigo ser “quase” e nem ter atitudes que não venham com pertença e inteireza. Não falo de impulsividade, pensar muito antes das decisões, é primordial. Falo da “entrega”, tão importante em nossas vidas, não tenho medo de me entregar nas coisas que acredito.
Portanto arrume tempo para ser feliz. É fundamental que você não só repare nas flores, mas tenha tempo para cheirar e apreciar suas cores… e principalmente, disponha de tempo para oferecê-las a alguém.
Arrume tempo para ter paz. É fundamental que você ouça uma boa música, mas é mais importante ainda, deixar que a música limpe a sua alma…
Arrume tempo para organizar-se. Sonhos parados são como água estagnada, criam bichos e doenças.
É fundamental ter tempo para organizar as suas coisas, mas é fundamental ter um tempo para organizar as suas idéias, seus desejos e reciclar os sonhos.
Arrume tempo para a família. É fundamental criar filhos, namorar (sempre… em qualquer idade), bater papo com os pais, com os irmãos, com os amigos mais próximos… Mas é muito importante que você não guarde mágoas, por isso, a conversa ainda é a melhor resposta contra as dúvidas, dores e separações.
Arrume tempo para DEUS. É fundamental contar com Deus. Seja qual for a sua crença, seja qual for a sua religião, sem Deus é impossível de ser plenamente feliz. Arrume o tempo para o amor. Ame-se!
Ame muito, pois quem quase amou ainda não amou...
Seja inteiro em suas atividades, erre por tentar fazer e não pela omissão!
Arrume tempo para ser feliz e tire o QUASE da sua vida!
Uma boa semana para todos!
Com afeto,
Beth Landim
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Liberdade
12/07/2019 | 22h08
De uma forma geral, a palavra "liberdade" significa a condição de um indivíduo não ser submetido ao domínio de outro e, por isso, ter pleno poder sobre si mesmo e sobre seus atos. O desejo de liberdade é um sentimento profundamente arraigado no ser humano. Situações como: a escolha da profissão, o casamento e o compromisso político ou religioso, fazem o homem enfrentar a si mesmo e exigem dele uma decisão responsável quanto a seu próprio futuro.
A capacidade de raciocinar e de valorizar de forma inteligente o mundo que o rodeia, é o que confere ao homem o sentido da liberdade entendida como plena expressão da vontade humana. Teorias filosóficas e políticas, de todos os tempos, tentaram definir liberdade quanto a determinações de tipo biológico, psicológico, econômico, social, etc. As concepções sobre essas determinações, nas diversas culturas e épocas históricas, tornam difícil definir com precisão a idéia de liberdade de uma forma generalizada.
Do ponto de vista legal, o indivíduo é livre quando a sociedade não lhe impõe nenhum limite injusto, desnecessário ou absurdo. Uma sociedade livre dá condições para que seus membros desfrutem, igualmente, da mesma liberdade.
A liberdade se manifesta à consciência como uma certeza primária que perpassa toda a existência, especialmente nos momentos em que se deve tomar decisões importantes e nos quais o indivíduo sente que pode comprometer sua vida.
O consenso universal reconhece a responsabilidade do indivíduo sobre suas ações em circunstâncias normais, e em razão disso o premia por seus méritos e o castiga por seus erros. Considerar que alguém não é responsável por seus atos implica diminuí-lo em suas faculdades humanas, uma vez que só aquele que desfruta plenamente de sua liberdade tem reconhecida sua dignidade.
O homem tende a exercer a liberdade em todas as ações externas. Quando elas são cerceadas, frustram-se o crescimento e o desenvolvimento do indivíduo e desprezam-se seus direitos e sua dignidade. Fala-se correntemente em liberdades públicas, políticas, sindicais, econômicas, de opinião, de pensamento, de religião, etc. Embora tal procedimento não resolva o problema teórico da natureza da liberdade, pelo menos possibilita avançar na reflexão e nos esforços para ampliar, cada vez mais, o exercício de uma faculdade de importância primordial na vida dos homens e das sociedades.
Cecília Meireles nos diz que: “Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.”
A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua. Existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência. Ser livre é não ser escravo das culpas do passado nem das preocupações do amanhã. Ser livre é ter tempo para as coisas que se ama. É abraçar, se entregar, sonhar, recomeçar tudo de novo. É desenvolver a arte de pensar e proteger a emoção, mas acima de tudo, ser livre é ter um caso de amor com a própria existência e desvendar seus mistérios.
Os sonhos não determinam o lugar em que você vai estar, mas produzem a força necessária para tirá-lo do lugar em que está. Não há céu sem tempestades, nem caminhos sem acidentes. Não tenha medo da vida, tenha medo de não vivê-la intensamente. Uma pessoa imatura pensa que todas as suas escolhas geram ganhos. Uma pessoa madura sabe que todas as escolhas tem perdas.
Portanto, se você quer viver uma vida com liberdade, busque ser feliz. Amarre-se a uma meta, não as pessoas ou as coisas. Tenha a certeza de que a felicidade não é a ausência de problemas, mas a habilidade para lidar com eles, pois a verdade de cada um de nós está em nós mesmos, em nosso ser. Da mesma forma que a paz que precisamos para viver, está instalada em nosso coração. Quando somos pessoas felizes e em paz sentimos com mais intensidade que somos seres livres. Muitas vezes sonhamos com coisas tão longínquas, enquanto tudo o que necessitamos está ao nosso alcance, tão perto de nós, e não somos capazes de perceber.
Um grande estadista inglês afirmou que: “Um povo educado é fácil de governar, difícil de dominar, impossível de se escravizar”. O meu desejo é que cada um de nós possa buscar e exercer sua liberdade infinitamente, pois só assim seremos justos com o direito do outro, e só assim seremos totalmente livres.
Com afeto,
Beth Landim
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Travessia
12/07/2019 | 22h08
Um dia todo mundo tem que atravessar seus desertos. Momentos onde a solidão se faz tão presente que parece ter um corpo. A dor faz o tempo ficar lento, demorado, e tudo parece parar. É neste momento que o ser humano descobre o que são fardos, os fortes encontram a escada que os fará subir, os fracos se perdem em lamentações, saem buscando os culpados…
Aí está a diferença entre passar pelo deserto e o permanecer nele. Os que resistem, os que persistem, racionam a água, caminham um pouco mais, dão um passo além das forças.
Os que desanimam, bebem toda a água do cantil, esperam pelo milagre que não virá, pois todo milagre é fruto de uma ação positiva, de fé. Se hoje você está atravessando o seu deserto, seja ele o mais seco do mundo, não importa, em algum canto dele, você encontrará um oásis.
Na nossa vida, oásis são os amigos que não nos abandonam, são aquelas pessoas desconhecidas que se preocupam com o próximo, é a fé que todos nós temos e renova a esperança. Mantenha a racionalidade e uma certeza: você vai atravessá-lo! Não desista de nada, não desista de você! A poeira vai abaixar, a tempestade vai passar, e depois de tudo, o sol vai brilhar por você. A esperança é essa brisa que sopra seus cabelos, e a força que nos empurra para a vitória, é o amor de Deus que nunca nos abandona. Procure por Ele. Converse com Ele. Mesmo que você às vezes não O escute, Ele te escuta sempre!
Lembre-se: cultive o silêncio, pois muitas vezes o silêncio é o som mais doce para o momento que atravessamos.
O silêncio mantém os segredos, portanto, o som mais precioso é o som do silêncio. É como se fosse uma canção da alma. Alguns escutam o silêncio na oração, outros cantam a oração.
Ouvir nosso coração é o primeiro passo para o equilíbrio. Não podemos reprimir nossos sentimentos todo o tempo, temos que começar por entendê-los.
Mas às vezes, o equilíbrio precisa de um empurrão, ou de um desequilíbrio para acordarmos e ver o quanto somos felizes, e que se não temos tudo, temos muito!
Saber ouvir a canção da alma nos fortalece para encarar as adversidades como também as alegrias.
Diz um ditado que nunca devemos tomar uma decisão quando sofremos uma grande decepção ou uma grande alegria, pois tanto a euforia quanto a tristeza nos tiram de nosso equilíbrio. Por isso, para atravessarmos o deserto precisamos tanto de EQUILÍBRIO.
Conta-nos a lenda que a águia empurra gentilmente seus filhotes para a beirada do ninho. Seu coração maternal se acelera com as emoções conflitantes, ao mesmo tempo em que ela sente a resistência dos filhotes aos seus persistentes cutucões: “Por que a emoção de voar tem que começar com o medo de cair?”, ela pensou. Esta questão secular ainda não estava respondida para ela.... Como manda a tradição da espécie, o ninho estava localizado bem no alto de um pico rochoso, nas fendas protetoras de um dos lados da rocha. Abaixo dele, somente o abismo e o ar para sustentar as asas dos filhotes. “E se justamente agora isto não funcionar?”, ela pensou. Apesar do medo, a águia sabia que aquele era o momento. Sua missão maternal estava prestes a se completar. Restava ainda uma tarefa final.... o empurrão. A águia tomou-se da coragem que vinha de sua sabedoria interior. Enquanto os filhotes não descobrirem suas asas, não haverá propósito para sua vida. Enquanto eles não aprenderem a voar, não compreenderão o privilégio que é nascer uma águia. O empurrão era o maior presente que ela podia oferecer-lhes. Era seu supremo ato de amor. E então, um a um, ela os precipitou para o abismo... e eles voaram!
Às vezes, na nossa vida, as circunstâncias fazem o papel da águia. São elas que nos empurram para o abismo. E, quem sabe, não são elas, as próprias circunstâncias, que nos fazem descobrir que temos asas para voar. Pense sobre isto, atravesse seus desertos, pois TUDO PASSA! Só os sentimentos sinceros ficam!
Neste momento de recomeçar temos que nos munir de toda a bagagem que já temos dentro de nós e sermos capazes de sentir que nada nesta vida é em vão. As nossas dores, as nossas lutas, as nossas alegrias, as nossas esperanças, os nossos sentimentos, os dons que recebemos ao começar esta jornada... toda a nossa essência divina que Ele nos confiou, desabotoa em nós em forma de muita luz e sustentação, suavizando o nosso fardo e nos tornando fortes e capacitados para todas as batalhas do caminho. Não somos seres humanos passando por uma experiência divina, somos seres divinos passando por uma experiência humana.
É como nos diz Fernando Sabino: De tudo ficaram três coisas... A certeza de que estamos começando... A certeza de que é preciso continuar... A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar... Façamos da interrupção um caminho novo... Da queda, um passo de dança... Do medo, uma escada... Do sonho, uma ponte... Da procura, um encontro! Então ..... voe!!
 Com afeto,
Beth Landim
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O copo...
06/07/2019 | 12h24
Escrevo para vocês dois contos que nos inspiram a simplificar a vida e apurar nossa sensibilidade para o que realmente importa.
Certa vez, uma psicóloga falando sobre gerenciamento do estresse em uma palestra levantou um copo d'água e todos pensaram que ela perguntaria a velha pergunta sobre o "copo meio cheio ou meio vazio". Mas com um sorriso no rosto ela perguntou "Quanto pesa este copo de água?". As respostas variaram entre 100 e 350g. Ela então respondeu: "O peso absoluto não importa. Depende de quanto tempo você o segura. Se eu segurar por um minuto, não tem problema. Mas se eu o segurar durante uma hora, ficarei com dor no braço. Se eu segurar por um dia meu braço ficará amortecido e paralisado. Em todos os casos o peso do copo não mudou, mas quanto mais tempo eu o segurar, mais pesado ele ficará". Ela continuou: "O estresse e as preocupações da vida são como este copo d'água. Eu penso sobre eles por um tempo e nada acontece. Eu penso sobre eles um pouco mais de tempo e eles começam a machucar. E se eu penso sobre eles durante dias, eu me sinto paralisada, incapaz de fazer qualquer coisa. Às vezes um problema é pequeno e leve, mas de tanto que o seguramos, eles se tornam mais pesados do que são. "Problemas existem, mas chega um momento que precisamos deixar de pensar neles. Então... lembre-se de "largar o copo".
No outro conto, um velho Mestre pediu a uma jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal num copo d'água e bebesse. -"Qual é o gosto?" - perguntou o Mestre. -"Ruim" - disse a aprendiz. O Mestre sorriu e pediu à jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago. Os dois caminharam em silêncio e a jovem jogou o sal no lago. Então o velho disse: -"Beba um pouco dessa água". Enquanto a água escorria do queixo da jovem, o Mestre perguntou: -"Qual é o gosto?" -"Bom!" disse a jovem. -"Você sente o gosto do sal?" perguntou o Mestre. -"Não", disse a jovem. O Mestre então disse: - "A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está a sua volta. É dar mais valor ao que você tem do que ao que você perdeu. Então, quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido das coisas. Deixar de ser um copo. Tornar-se um lago”.
Muitas vezes, sofremos mais do que a própria dor, pois não damos sentido ao nosso sofrimento e também não aproveitamos o momento para um crescimento ou, talvez, descobrir um novo caminho, uma nova forma de viver.
A dor, a incompreensão, a decepção, o desprezo, a rejeição, os problemas... às vezes, nos levam a um sofrimento maior do que realmente ele é, e acaba nos paralisando. No entanto, não devemos cultivar o sofrimento, mas devemos dar um novo sentido a ele. Como ensinou o mestre a jovem. O primeiro passo que devemos dar diante de um conflito é encará-lo, nomeá-lo. Existe o perigo de passarmos pela vida vendo tudo com óculos cor-de-rosa, assim não precisamos enxergar e nem enfrentar os conflitos, e agimos como a avestruz, que disse: “O que não deve ser não existe”, e colocou a cabeça na areia.
É importante que não coloquemos “panos quentes” nos conflitos individuais ou comunitários, pois conflitos são sempre uma chance de inspirar nossa criatividade a procurar soluções melhores. Na convivência entre homens e mulheres, de culturas e gerações diferentes, geralmente, ocorrem conflitos que não podem ser resolvidos inteiramente. Por isso, precisamos aprender a conviver com os conflitos, com as nossas diferenças.
É fundamental aceitar as dores que uma ruptura traz e recomeçar. É essencial transformar-se e crescer. Fazendo, da vida, uma linda obra de arte. Ao transformar o sofrimento em uma oportunidade de vida nova, torna-se possível transformar os sonhos em realidade, e acreditar no amor como única verdade!
Transformar o nada em tudo, e amar tudo o que se tem, mesmo em meio às dificuldades.
Estes contos deixam um belo ensinamento: não importa o tamanho dos problemas e desafios que temos, o que importa é a capacidade que temos de começar sempre, correr atrás dos sonhos sem cansar, lutar sem brigar. Ajudar sem esperar, amar sem cobrar... Sonhar sem desanimar... e, enfim, acreditar que você pode "se" transformar, pois um homem só tem o direito de olhar o outro, de cima para baixo, quando está o ajudando a levantar-se.
E como nos diz Fernando Pessoa: “Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive.”...
Portanto ouse... torne-se um lago e tenha uma excelente semana!
Com afeto,
Beth Landim
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Tudo depende do nosso olhar...
06/07/2019 | 12h19
Nos conta a lenda, que um dia diante da velha árvore torta, um pinheiro todo vergado pelo tempo, o sábio da aldeia ofereceu a sua própria casa para aquele discípulo que “conseguisse ver o pinheiro na posição correta”.
Todos se aproximaram e ficaram pensando na possibilidade de ganhar a casa e o prestígio, mas como seria “enxergar o pinheiro na posição correta”? O mesmo era tão torto que a pessoa candidata ao prêmio teria que ser no mínimo contorcionista.
Ninguém ganhou o prêmio e o velho sábio explicou ao povo ansioso, que ver aquela árvore em sua posição correta era “vê-la como uma árvore torta”.
Nós temos em nós, esse jeito, essa mania de querer “consertar as coisas, as pessoas, e tudo mais” de acordo com a nossa visão pessoal. Não que não tenhamos que evoluir e construir nossa evolução e corrigir erros em nosso contexto. Falo de ver as coisas de nosso único ângulo.
Quando olhamos para uma árvore torta é extremamente importante enxergá-la como árvore torta, sem querer endireitá-la, pois é assim que ela é. Se você tentar “endireitar” a velha árvore torta, ela vai rachar e morrer, por isso é fundamental aceitá-la como ela é.
Nos relacionamentos, é comum um criar no outro expectativas próprias, esperar que o outro faça aquilo que ele “sonha” e não o que o outro pode oferecer. Sofremos antecipadamente por criarmos expectativas que não estão ao alcance dos outros, porque temos essa visão de “consertar” o que achamos errado.
Se tentássemos enxergar as coisas como elas realmente são, muito sofrimento seria poupado.
Os pais sofreriam menos com os seus filhos, pois os conhecendo, não colocariam expectativas que são suas, na vida dos mesmos, gerando crianças doentes, frustradas, rebeldes e até vazias.
Tente, pelo menos tente, ver as pessoas como elas realmente são, pare de imaginar como elas deveriam ser, ou tentar consertá-las da maneira que você acha melhor. O torto pode ser a melhor forma de uma árvore crescer.
Não crie mais dificuldades no seu relacionamento. Se vemos as coisas como elas são muitas dos nossos problemas deixam de existir, sem mágoas, sem brigas, sem ressentimentos.
Perdemos muito tempo em nossa vida com pequenas coisas, com críticas vazias, lamentando o leite já derramado, sem entender que este tempo não voltará para nós, é um tempo jogado fora. Neste ínterim muitas outras coisas aconteceram ao nosso redor e nós deixamos passar: o nosso sorriso, a atenção com a nossa família, a partilha da alegria com os nossos amigos, a nossa atitude positiva diante da vida...
Ficamos sem forças para rezar, nos distanciamos de Deus e de nós mesmos, muitas vezes nos tornamos um templo vazio e abandonado... Tudo isso por tentarmos DESENTORTAR pessoas.
A vida passa muito rápido para tantas oportunidades jogadas fora. Vivamos intensamente com positividade!
O tempo passa. A vida acontece. As distâncias separam, mas não fazem esquecer o que realmente sentimos, pois não há distância capaz de superar os sentimentos.
Às vezes, vivemos amargurados, querendo que nossa opinião prevaleça. Implicamos com tudo e com todos. Só nos satisfazemos se tudo ocorrer exclusivamente de acordo com nossa vontade. E então nos tornamos egoístas, pequenos, e vemos todos como árvores tortas. Nos tornamos também diabéticos, pois como nos diz o poeta Mário Quintana, diabético é aquele que não consegue ser doce.
Que possamos, tortos ou não, darmos frutos doces, sombras frondosas, termos raízes fincadas em valores firmes, que mesmo o maior vendaval não tire o nosso chão. Que nossos galhos e folhas sejam flexíveis e estejam, acima de tudo, buscando sempre a luz do sol que aquece o nosso coração, e ao anoitecer, a lua com seus mistérios, nos encha a alma de paixão.
Olhe para você mesmo com os “olhos de ver” e enxergue as possibilidades, as coisas que você ainda pode fazer e não fez. Pode ser que a sua árvore seja torta aos olhos das outras pessoas, mas pode ser a mais frutífera, a mais bonita, a mais doce, a mais perfumada da região, e isso, não depende de mais ninguém para acontecer, depende só de você.
Há um tempo, como nos diz Fernando Pessoa, em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.
 Com afeto,
Beth Landim
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EMAGRECIMENTO DA ALMA
06/07/2019 | 12h15
Li em uma revista esse artigo e divido com vocês, meus leitores... “Às vezes, colocamos tanto peso nas coisas corriqueiras que, sem perceber, vamos nos tornando pessoas rabugentas, que já parecem ter vivido uma existência inteira entre lamúrias e dias de tempestade. Maldizemos o sol, a chuva, as estações do ano, as palavras ditas na voz do outro, e criamos uma sucessão de inimigos imaginários, que rapidamente levam embora a nossa paz e principalmente a nossa leveza. Nesse caso, ter uma vida mais leve ou mais pesada nem tem realmente a ver com a idade ou com os quilos do nosso corpo na balança, mas com a forma com que escolhemos ver e encarar os acontecimentos em nosso dia a dia. “A leveza com que as pessoas se preocupam hoje é a do corpo, estamos vivemos uma obsessão pela magreza. A gente não pode prestar atenção só nesse peso porque, enquanto isso, a alma engorda assustadoramente”, pontuou Leila Ferreira, jornalista, palestrante e autora do livro A arte de ser leve (Planeta). “Você vê pessoas com corpos esbeltos, malhados, e com almas pesando 150 quilos. Eu brinco que o grande risco que a gente vive hoje é de ver uma população com obesidade mórbida de espírito.” E nem precisamos procurar muito para percebermos que Leila tem toda razão. No trabalho, no mercado, dentro do ônibus e até da própria casa: basta olhar com um pouco mais de atenção para identificarmos como andamos meio pesados e pouco gentis, cada vez mais estressados, intolerantes, raivosos e indelicados, presos em nossas buscas externas, nos esquecendo daquilo que trazemos por dentro. Como disse Leila, hoje em dia, tudo em nosso mundo nos incentiva um pouco a abrir mão de nossa leveza e a carregar esse excesso de coisas negativas dentro de nós. “É um mundo que nos estimula a correr, a nos endividar, a consumir de forma exagerada, a querer sempre mais”, afirmou a escritora. E, nessa mania incessante de buscar sempre mais e mais, terminamos nos esquecendo de viver o momento presente e de apreciar o ciclo natural de todas as coisas, carregando mais peso do que aquele que realmente nos cabe. Mas é claro que conquistar novos objetivos também é importante para que a roda da vida continue a girar. No entanto, a leveza vai embora justamente quando essa necessidade do todo se torna uma obsessão, e as simplicidades perdem um pouco o sentido diante de nossos desejos tão grandiosos. “Conversei com uma cabeleireira e perguntei a ela como conseguia ser tão leve. E ela me disse: ‘tem gente que vem ao mundo de caminhão, tem gente que vem de bicicleta.” Eu sou da turma da bicicleta’, lembrou. Dependendo do tamanho, um caminhão pode carregar toneladas de carga. Agora, imagine passar a vida toda trafegando pelas estradas, cheios de tanto peso desnecessário? Uma hora, nosso caminhão corre sério risco de ter uma pane e paralisar, necessitando de manutenções urgentes.
Essa maneira como transitamos pela vida é responsabilidade nossa. Podemos seguir por ai carregando nossas angústias, nossos medos, dores e insatisfações, ou podemos diminuir um pouco essa bagagem, prestando cada vez mais atenção em nossas ações e substituindo tanto peso por doses generosas de bom humor, gentileza e paciência com as imperfeições. Não é tão difícil assim. Reconhecer quando nossa alma pesa e propor a ela pequenas mudanças, já é um passo e tanto para compreendermos a necessidade de esvaziar o bagageiro e, mais tarde, até substituir o nosso veículo por um novo que ocupe cada vez menos espaço. É importante que a gente saiba também que, para quem não veio ao mundo de bicicleta, não é de uma hora para outra que essa leveza vai chegar. Tudo tem o seu tempo, não é mesmo? Leila me disse que, quando percebemos que esse “ser leve” nos falta, precisamos encontrar, entre nossos pensamentos e reflexões, a nossa própria maneira de reaprendê-lo. Por isso, bater mais uma vez naquela tecla do autoconhecimento é essencial para moldarmos nossa maneira de seguir em frente. Apenas quando compreendemos o que se passa dentro de nós e acolhemos nossas angústias, medos e até aquilo que nos deixa alegres, conseguimos ter a chance de cortar as raízes do que nos faz mal e que não harmoniza com dias de mais paz e de menos peso. “Acho que uma das coisas mais essenciais hoje é a pausa. E com isso a retomada da reflexão, saindo um pouco do piloto automático. Esse encontro tão particular e intransferível pertence a cada um de nós. A minha leveza é diferente da sua, que não é igual a de seus amigos, nem de seus familiares, e por ai vai. Tenho uma amiga que sempre traz uma grande delicadeza no viver e me transmite uma sensação de ser mais leve quando chega. Mesmo entre a agitação de sua profissão, nunca a vi chateada ou maldizendo a vida. Por isso é sempre uma alegria encontrá-la: sua forma de ser e de sorrir contagia quem cruza seu caminho. E não precisamos parar por um tempo tão longo... Muitas vezes, alguns minutos com os pensamentos soltos, sem preocupações ou censuras, já são suficientes para iniciarmos o processo de “emagrecimento da alma”. Pois, a partir desse tempo que tiramos para nossas reflexões e para olhar nossos desejos e anseios com o coração aberto, encontramos a própria leveza, que, no fundo, não carrega mistério algum: ela é tudo aquilo que torna mais simples o nosso caminho e nos liberta principalmente do mau humor e das insatisfações cotidianas...”
Com afeto,
Beth Landim
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PACIÊNCIA: O EXERCÍCIO DE UMA VIRTUDE
06/07/2019 | 12h12
A vida moderna nos lança no centro de um grande paradoxo: quanto mais produzimos no mundo externo, menos criamos no mundo interno. O uso, cada vez mais abrangente, da tecnologia no nosso cotidiano exige de nós cada vez mais paciência! Podemos estar “ganhando tempo”, tornando o mundo mais veloz, mas estamos perdendo a habilidade de lidar com nosso tempo interno. Tornamos-nos cada vez mais impacientes.
Intuitivamente, podemos saber que algo não vai bem, mas como temos uma exigência interna, estimulada pela aceleração dos acontecimentos, de nos livrar das situações, não temos mais tempo para sentir, compreender e transformar nossas emoções. Queremos que nosso mundo interno, nossas emoções, sentimentos e percepções, fluam com a mesma velocidade máxima da internet.
Com a globalização, e a crescente expansão da informática como canal de comunicação, o mundo entrou em um processo de aceleração contínuo e irrevogável. Esse ritmo intenso inevitavelmente se reflete em nosso dia-a-dia, em nossas expectativas e em nosso convívio.
A ansiedade é um sinal de alerta, que adverte sobre perigos iminentes e capacita o indivíduo a tomar medidas para enfrentar ameaças. O medo é a resposta a uma ameaça conhecida, definida; ansiedade é uma resposta a uma ameaça desconhecida, vaga.
Como não toleramos esperar o tempo natural do amadurecimento de nossas emoções, sofremos a dor da impaciência: semelhante a uma queimadura interna – ardemos de ansiedade!
A necessidade de adivinharmos a finalização dos processos, de vislumbrarmos o amanhã, sem o devido amadurecimento do hoje, nos transforma em indivíduos ansiosos e incapazes de aceitar o tempo como fator primordial à excelência dos resultados.
Na contramão da ansiedade está a virtude da paciência. A capacidade de compreensão, de tolerância e sabedoria para viver bem conosco e com os outros.
Frequentemente, confundimos ter paciência com engolir sapos. Em certas situações adversas, não é raro cairmos na armadilha de pensar que estamos sendo pacientes, quando, na verdade, estamos apenas nos sobrecarregando.
Ser paciente não significa sobrecarregar-se de sofrimento interno, nem estar vulnerável ou ser permissivo com relação às condições externas. Ter paciência não é ser uma vitima passiva da desorganização alheia.
Leonardo da Vinci, um dos maiores pintores de todos os tempos, fez uma comparação perfeita para definir paciência: “A paciência serve de proteção contra injustiças como as roupas contra o frio. Se você veste mais roupas com o aumento do frio, este não terá nenhum poder para feri-lo. De forma idêntica, você deve crescer em paciência quando se encontra em grandes dificuldades e elas serão impotentes para atormentar a sua mente”.
Ter paciência é saber sustentar a clareza emocional, mesmo quando o outro já a perdeu e, por isso, insiste em nos provocar! O exercício dessa virtude nos faz mais fortes, mais aptos aos enfrentamentos inevitáveis... mais próximos da evolução desejável enquanto seres em construção. No entanto, não é suficiente ter uma intenção clara: é preciso desenvolver a força interior para sustentá-la.
Para nós, ocidentais, a palavra paciência está contaminada pela noção de suportar uma dificuldade, em vez de estar associada à intenção de nos libertar-nos dela. Na próxima vez que você pensar: “Preciso de paciência com fulano”, troque a palavra paciência por espaço e diga “Preciso criar espaço entre mim e fulano”.
Ao invés de ficarmos com a sensação de que permitimos mais do que outro realmente merece, devemos ter a noção de que estamos construindo um espaço respeitoso e único para administrarmos as diferenças que nos constituem indivíduos. Desejo a todos uma semana plena de energias positivas e de muita sabedoria para o exercício abençoado da paciência!
Com afeto,
Beth Landim
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