Surto de Covid-19 em plataformas na Bacia de Campos aterroriza em alto mar
Dora Paula Paes 23/01/2022 11:33 - Atualizado em 24/01/2022 18:38
 
Com cerca de 30 casos positivos de Covid-19, segundo relatos de trabalhadores terceirizados, na Plataforma Garoupas, na Bacia de Campos, familiares vivem dias difíceis de preocupação e espera por informações oficiais por parte da Petrobras. Os relatos que chegam aos parentes em terra só fazem a situação piorar. A irmã de um embarcado, neste domingo (23), disse que não sabe mais o que fazer ao receber mensagens como estas: "Sem vôo. Tem gente quase surtando aqui. Estamos sem rancho. Frutas acabando. Tá pra entrar em colapso". O número de contaminados na Bacia de Campos e Espírito Santo seria de 413, segundo contagem dos próprios trabalhadores. 

Segundo ela, o irmão está em isolamento em uma cabine com outros três infectados desde a última quinta-feira (20). "O que ele nos conta é que o grupo recebeu a confirmação na quarta-feira (19), algumas pessoas com sintomas leves, outras mais acentuados, nenhum caso grava, porém que não passou por atendimento médico e falta suporte na área de saúde", disse. Ainda, segundo essa irmã, o Sindipetro-NF já estaria ciente desse caso, como de tantos outros neste momento de surto de Covid-19 nas plataformas da Bacia de Campos.
Por volta das 14h30, os parentes dos trabalhadores embarcados na plataforma Garoupa disseram que que 15 infectados pela Covid-19 vão desembracar ainda neste domingo, em Macaé. Eles seguirão para um hotel.
Em nota divulgada no sábado (22), o Sindipetro-NF informou que após cobranças, em reunião com gerente executivo de SMS e a intensificação das denúncias do descaso da Petrobras com a saúde dos trabalhadores, "a empresa parece ter decidido se mobilizar".

A nota ainda informa: "O sindicato foi informado que a empresa realizará um novo modelo de desembarque dos trabalhadores contaminados, ainda neste fim de semana.

O modelo envolveria o desembarque por Macaé e uma triagem no auditório de Imbetiba antes dos trabalhadores serem direcionados aos hotéis do Rio de Janeiro, tendo em vista, que não há mais vagas nos hotéis da região Norte Fluminense.

O Sindipetro-NF irá acompanhar a logística e cobrará transparência com relação ao número de trabalhadores desembarcados e o que continuam à bordo.

A entidade manterá os trabalhadores informados através dos canais oficiais".
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e o Sindipetro-NF afirmam que estão recebendo denúncias diárias de surtos de Covid-19 nas plataformas. De acordo com as entidades, em apenas uma semana, até essa sexta-feira (21), foram contabilizadas denúncias de 236 contaminados em 18 embarcações operadas pela Petrobras nas bacias de Campos e Santos (SP).
“A FUP e os seus sindicatos filiados estão preocupados com o aumento de casos de COVID-19 nas embarcações da Petrobrás e por isso vêm agendando reuniões com a Gerência Executiva de SMS da companhia para acompanhar a real situação dos trabalhadores e buscar informações sobre a situação. De acordo com as denúncias que já recebemos, estimamos que já sejam mais de mil casos em todo o Brasil”, comentou o diretor de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) da FUP, Antonio Raimundo Teles.

“Estamos acompanhando a angústia não apenas dos trabalhadores, mas também dos familiares de todos que estão a bordo, que têm entrado constantemente em contato conosco pedindo apoio e também informações sobre as ações que vem sendo feitas pela estatal”, afirmou Teles.
Em nota, a Petrobras informou que, até quinta-feira (20) havia cerca de 1.000 casos confirmados de Covid-19 na Petrobras, entre os quase 40 mil empregados da companhia. “No momento, observa-se o aumento dos casos de Covid-19 em todo o Brasil e esse aumento de incidência no país tem reflexo também na indústria de petróleo e gás. Todos os novos casos confirmados na companhia são assintomáticos ou com sintomas leves. Não há impacto significativo nas operações em razão de afastamentos de colaboradores contaminados”.
A Petrobras ressaltou, ainda, que suas atividades operacionais são desempenhadas de forma segura de acordo com os mais rigorosos padrões de segurança e protocolos de saúde, como: testagem; distanciamento físico; uso obrigatório de máscaras; procedimentos de higienização e limpeza de mãos, ambientes e equipamentos; adequação de efetivo; isolamento imediato e desembarque dos casos suspeitos e seus contactantes.
“A companhia monitora continuamente, tanto os indicadores internos como externos, e ajusta suas medidas quando necessário, avaliando constantemente o uso racional de recursos, e mantendo sempre rigorosos padrões em prol da segurança dos colaboradores”, diz a nota.

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