José Eduardo Pessanha: Deus em todas as coisas
José Eduardo Pessanha 29/07/2022 06:01 - Atualizado em 12/08/2022 20:21
José Eduardo  Advogado e professor universitário
José Eduardo Advogado e professor universitário

 
Ultimamente tenho passado a tecer considerações sobre temas que suscitam a natureza humana, de forma que possamos receber contribuições agregadoras, rumando, todos, em busca de um crescimento que possa trazer, ao final, o entendimento de nossa parcela de somatório na conjuntura do Todo.
Inevitavelmente, quando passamos a falar de destino, metas, jornadas e evolução, temos de perpassar pela Energia Controladora do Universo, comumente nominada de “Deus”. A criação, na sua acepção mais simples, é o fruto do sopro divino que concedeu vida ao ser inanimado, de forma que este, amado como filho, desenvolva bons atos e tenha uma vida profícua de amor ao criador e a todos os irmãos de raça.
Ocorre que algumas não conformidades passam a se destacar quando as evidências emergem, como por exemplo, no livro de Gênesis 1, de 1-3, aceito por muitos como escrito por Moisés, mas alvo de muitas dubiedades, inclusive quanto à autoria, onde temos que: “no princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e vazia as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Deus disse: "Faça-se a luz!" E a luz foi feita”.
Bem, antes de qualquer coisa, algumas elucubrações devem ser realizadas: No “princípio”, ao que se deflui do Gênesis (que significa nascedouro) se amolda, de fato, ao início de Tudo e não deste planeta, de classe habitável (M), de aproximadamente 4,5 bilhões de anos, onde as primeiras evidências de vida tem, em média, 3,5 bilhões de anos, ainda sob o aspecto microscópico. Logo nos afigura que o Livro Bíblico em comento não trata da Raça Humana (pelo menos, não a nossa), mas sim de como o universo foi formado há quase 14 bilhões de anos. A própria formação da luz, por vias físicas, não se amolda a esta galáxia, eis que o nosso Sol (e muitas outras estrelas) já existia de forma precedente (4,6 bilhões de anos) à Terra, logo, sob o aspecto literalista, já haveria luz.
Mais adiante, ainda em Gênesis, temos que é atribuída ao Criador a frase: “façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (notem o plural!). Neste ponto, outra clara incongruência (se pensarmos que se tratava do planeta Terra), pois faz, aproximadamente, 65 milhões de anos que os dinossauros foram extintos, enquanto que o homo sapiens começou a evoluir há 200 mil anos. Ainda que existisse alguma espécie de primatas contemporânea dos dinossauros – (e não se tem notícia disso, nem seria dominante no planeta), não afigura crível que seriam estes a imagem e a semelhança a que o Livro Sagrado se manifesta.
O fato é que todo o Universo é sustentado por um complexo de energia que, pulsante, mantem a ordem, a fim de evitar que o caos, sempre presente também, posso imperar. Não há como esclarecer, ainda, uma série de acontecimentos exógenos ao nosso planeta que destoam, em muitos casos, das leis da Física conhecida. Assim, fica evidenciado que este estuário de energia mater no universo pode (e deve) ser o que se apregoa chamar de Deus. Sem dúvidas, nossa ínfima parcela de evolução não nos permite compreender como procede esta energia criadora e mantenedora do universo, mas nos dá a estreita visão que, certamente, somos nanoparte integrante deste Todo.
Neste ponto, as teorias religiosas e científicas se encontram, onde uma visão menos estereotipada pode levar ao vislumbre de como o Grande Arquiteto do Universo operou (e opera), de forma que não haja qualquer necessidade de dissenso.
Uma das verdades incontestes, seja pelo aspecto religioso, seja pelo aspecto científico, é que nosso crescimento ainda é embrionário e muito temos a evoluir, em que pese a nossa tendência suicida, pois, a todo o momento, a Raça Humana trabalha, arduamente, por sua autodestruição. Conceitos como fronteiras, países e etc., afastam o homem de sua natureza de espécie e colocam em evidência os sentimentos mais grotescos e pérfidos desta raça.
A evolução passa por uma forma de desapego material (até corpóreo, mesmo), onde o conjunto deve estar sempre acima das partes, de forma que o todo seja mais que o somatório das partes. Assim, como espécie, muito provavelmente não sozinha neste universo (neste ponto, nossa vaidade e prepotência, com antolhos, nos leva a inúteis crenças incipientes equivocadas, como a que somos os detentores da vida de todo o universo!), estamos no nascedouro da evolução (verdadeiro berçário), onde a lapidação é extremamente necessária, também, neste ponto convergindo com várias vertentes religiosas que se amoldam à clássica necessidade evolucionista, simplistamente representada pelo luta do Bem (ordem) contra o Mal (caos).
A vinda do Cristo; a essencialidade de sua aparição; as necessidades de sua presença, estereotipadas, na forma humana, todas, podem ser claramente compatíveis com as teorias evolucionistas, pois o que difere é apenas a forma com a qual estes eventos foram repassados de um tempo pretérito até o momento, notadamente considerando a aridez do discernimento e a falta de amplitude da mente humana. O fato é que “em tudo que o Universo acolhe, Deus está presente”!

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