Marcão Gomes - Covid e Educação
Marcão Gomes - Atualizado em 27/01/2022 22:00
Portões fechados e alunos distantes das salas de aulas. Esse cenário com milhares de escolas fechadas em diversos países não se repetia desde a Segunda Guerra Mundial. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a pandemia da COVID-19 já impactou os estudos de mais de 1,5 bilhões de estudantes em 188 países — o que representa cerca de 90% do total de estudantes no planeta.
Em meio a esse panorama assustador e conturbado, não apenas na questão de saúde, mas também do aprendizado das crianças e dos jovens, os impactos no ensino são vários. A maioria das escolas não conta com o suporte necessário para o oferecimento do ensino remoto ou a distância. Apesar de até estarem mais presentes em instituições do Ensino Superior, as plataformas digitais eram aproveitadas pela minoria dos estudantes da Educação Básica. E, do dia para a noite, as escolas precisaram encontrar maneiras de se adaptar a essas novas tecnologias, que não são tão novas assim.
Além disso, são poucos os professores que tiveram a formação adequada para lecionar a distância. Preparar uma aula remota é bem diferente da prática presencial de sala de aula; a dinâmica de interação com os alunos é outra; as formas de comunicação com familiares muda, e o conhecimento das tecnologias educacionais é imprescindível.
As crianças e os jovens também não estavam acostumados a rotinas mais pesadas de estudos em casa, ambiente no qual normalmente priorizavam atividades de descanso e entretenimento.
O motivo não foi agradável, mas o distanciamento social e a suspensão das aulas presenciais impuseram um momento de reflexão para toda a comunidade escolar. Com a paralisação forçada, educadores, pesquisadores e gestores da área da Educação estão buscando meios de renovar o ensino. É a oportunidade de ressignificar a Educação e de pensar em maneiras mais efetivas de desenvolver novas competências nas crianças e nos jovens: as chamadas habilidades do futuro.
Assim, os profissionais de diferentes segmentos precisam ter esse entendimento e saber avaliar as consequências de decisões em diferentes contextos. Por sua vez, as escolas precisam ensinar os estudantes a pensar, explorar sua criatividade para solucionar problemas complexos, e não apenas decorar o conteúdo para acertar as questões cobradas em uma prova ou trabalho, premissas que são a base das escolas inovadoras.
Acredito que, pensando no retorno às aulas, cada sistema de ensino deve abrir um diálogo com as entidades representativas, com os sindicatos, comitês estaduais e municipais, pais, observando a situação da escola e as condições de cada município, e fazer o diagnóstico concreto da situação, do ambiente escolar e da segurança sanitária.
É fundamental que tenhamos todas as medidas de segurança sanitária aplicadas para garantir o processo de retorno às aulas. Caso estas medidas se tornem impossíveis de se aplicar, que se suspenda o retorno até que se dê conta. Sigamos em frente!

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