Flexibilização para shows com aulas ainda online causa polêmica em Campos
15/10/2021 23:54 - Atualizado em 16/10/2021 12:31
Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a diminuição das taxas de ocupação nos leitos hospitalares, os municípios da região vêm flexibilizando as medidas de restrições. No entanto, a decisão da Prefeitura de Campos de liberar, desde a última quarta-feira (13), eventos – como shows musicais – para até 2 mil pessoas em espaço aberto e até mil espectadores em locais fechados, vem causando polêmica na cidade. No grupo de WhatsApp do blog Opiniões – hospedado no Folha1 –, o advogado e presidente do Sindicato dos Pais de Alunos das Escolas Particulares de Campos Hanania Mongin questionou a decisão, em um momento em que as escolas só podem funcionar pelo modelo híbrido (presencial e online ao mesmo tempo). Enquanto isso, outras cidades como São João da Barra, Quissamã e São Francisco de Itabapoana adotaram ações diferentes.
A Prefeitura não respondeu se há previsão para retorno do ensino totalmente presencial, mas informou que vai ampliar o modelo híbrido. Já o Sindicato dos Profissionais da Educação de Campos (Sepe) diz estar acompanhando a situação e que espera uma volta segura.
De acordo com o decreto do prefeito Wladimir Garotinho (PSD), passam a estar liberados eventos com capacidade limitada de 50% do espaço físico, restrito a no máximo 1 mil pessoas para ambientes fechados e 2 mil pessoas para ambientes abertos, respeitando a proporcionalidade de 1,5m² por pessoa de área livre.
No entanto, Hanania Mongin questionou a prioridade do município com essa flexibilização. “Quer dizer que eventos com grandes aglomerações estão liberados e que os alunos da rede municipal ainda têm aula online? É esse o valor da educação de base em Campos? Menor que um show de pagode? O acordo entre o município e o MP previa 80 unidades em aulas presenciais desde julho. Estamos em outubro e nada foi feito? É preciso que uma criança em idade escolar seja atropelada na Pelinca para que as unidades abram? Que descaso! Que vergonha! Que pena do futuro dessa cidade”.
De acordo com o boletim mais atualizado divulgado pela Prefeitura até o fechamento desta edição, o de quinta-feira, Campos possui 1.701 mortes e 51.722 casos de Covid-19 confirmados. A ocupação dos leitos de UTI está em 56,6% e pelo menos 50% da população (256.896 pessoas) foi vacinada com a segunda dose ou com a dose única da Janssen.
Em nota, a Prefeitura de Campos informou que vai ampliar o modelo híbrido. “Até o final deste mês de outubro, mais 21 unidades escolares da rede municipal de educação passarão a funcionar no ensino híbrido. Outras 36 unidades já estão atuando nessa modalidade. Com o avanço, serão 57 unidades e cerca de 4 mil alunos contemplados. De acordo com o secretário municipal de Educação, Ciência e Tecnologia, Marcelo Feres, novas unidades estão sendo preparadas para que também ingressem no Plano Municipal de Ensino Híbrido Seguro”.
Cidades da região adotam outros modelos
Enquanto Campos segue no modelo híbrido sem perspectiva de mudança, outras cidades da região adotaram outras medidas. Quissamã, por exemplo, entrou na sexta (15) oficialmente na bandeira verde do plano de flexibilizações. O município chegou a zerar o número de internações por Covid em UTI e enfermaria na última semana. Na sexta-feira, eram duas pessoas em UTI, que possui taxa de 20% de ocupação. Com isso, locais públicos de lazer e turismo podem ser utilizados com restrições, não há limitações para funcionamento de bares e restaurantes e as aulas podem ser retomadas, respeitando os protocolos de higiene e distanciamento.
Já em São João da Barra, a Prefeitura autorizou o retorno das aulas presenciais, mas apenas para crianças a partir de 12 anos (que estão aptas a serem vacinas contra a Covid). No entanto, para o retorno, as escolas devem fazer a solicitação à Vigilância Sanitária Municipal, que vai fiscalizar o cumprimento de medidas de proteção.
A prefeita Carla Machado (PP) também publicou na sexta o decreto que passa a permitir a realização de eventos públicos com lotação máxima de 50% da capacidade de ocupação do espaço e de eventos em espaços abertos, mas com limite máximo de 200 pessoas.
Por outro lado, a Prefeitura de São Francisco de Itabapoana definiu, no início do mês, que as aulas presenciais só vão ser retomadas em 2022.
Sepe prega cautela e quer retorno seguro
Coordenadora-geral do Sepe em Campos, Odisseia Carvalho preferiu manter a cautela e defendeu o retorno seguro às aulas presenciais. “Sempre defendemos que o retorno às aulas presenciais deveria se dar de forma segura e esta forma segura seria com a vacinação em duas doses para os nossos profissionais da Educação e mais a janela de 14 dias. A grande maioria dos nossos profissionais, neste momento, já está vacinada. A segunda questão é a estrutura nas unidades escolares. As escolas precisam estar preparadas com todos os protocolos sanitários já em ação, como, por exemplo, o álcool em gel, as carteiras com distanciamento e utilização de máscaras”.
A sindicalista relatou preocupação sobre o cuidado com os profissionais. “Não só dos protocolos como também de recursos humanos. Precisamos de serventes, de pessoas para fazer o trabalho da limpeza, de inspetores de alunos. Profissionais com comorbidades também nos preocupam. Estamos dialogando e vamos aguardar em relação a esta situação”.
No entanto, Odisseia classificou como “absurda” a permissão de shows e grandes eventos. “Isso, no nosso entender, é um verdadeiro absurdo. Não quero fazer crítica do não retorno às aulas me baseando nessa decisão absurda. O retorno às aulas presenciais tem que ser de forma segura. E os shows não deveriam ter porque ainda nós estamos cerca de 50% de leitos ainda ocupados e ainda temos a variante Delta com força dentro do nosso município”.
Decreto autoriza piscinas de condomínios
O novo decreto da Prefeitura de Campos que flexibiliza as medidas de restrições também permite a utilização dos aparelhos ergométricos, tais como esteiras, bicicletas e similares e esportes coletivos no interior de prédios e academias com limite de 50% da capacidade de lotação. Os profissionais de educação física que atuam como personal trainer poderão atuar seguindo os protocolos “Regras da Vida”, respeitando os distanciamentos entre os alunos.
As piscinas poderão funcionar com mais de uma pessoa por raia, desde que vacinadas, incluindo a realização de aulas de natação e hidroginástica, e as piscinas dos condomínios poderão ser frequentadas para uso recreativo, desde que respeitando os limites de distanciamento social e os protocolos.
Ainda segundo o texto, as academias de condomínio poderão funcionar, com uso obrigatório de máscara, álcool 70%, obediência aos protocolos “Regras da Vida” e desde que com limite de 50% da capacidade de lotação.
Já os eventos de massa devem deve respeitar, ainda, as seguintes determinações: adoção dos protocolos Regras da Vida; uso obrigatório de máscara, sendo permitida a retirada somente durante o consumo e cobrança na entrada de cartão de vacina com ao menos uma dose aplicada. O organizador do evento também deverá afixar em local visível um banner contendo informações sobre sinais e sintomas de Covid-19 e locais de testagem com telefone de contato do Telecovid. A duração dos eventos noturnos será de seis horas, limitadas até às 4h.

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