Nélio Artiles: Contos para ninar
Nélio Artiles Freitas 16/09/2021 09:23 - Atualizado em 16/09/2021 09:23
Infectologista Nélio Artiles
Infectologista Nélio Artiles / Rodrigo Silveira
“O povo foge da ignorância, apesar de viver tão perto dela. E sonham com melhores tempos idos. Contemplam essa vida numa cela.” Não somos “gado”, muito menos admirável, mas como massa, caminhamos tocados em frente, por gestões irresponsáveis e comprometidas apenas com o poder, e assim ficamos envoltos em um casulo hermético, distraídos por historinhas para atarantar, conturbar ou desconcertar um coletivo, enquanto se perdem elementos essenciais para uma caminhada por um tempo melhor.
Após “sexagenar” me incorporo de algumas possibilidades, unindo visões e experiências, conseguindo facilmente me desplugar do mesmo chão do coletivo, para assistir a uma crise de proporções imensuráveis. Diante de uma crise sanitária impensável, uma crise política e econômica indissociável e muito perigosa, capaz inclusive de mexer com nossas instituições democráticas, é preciso despertar da distração.
Brigas pelo poder são históricas e sempre chamam ou desviam a atenção naquele “deixa pra lá” “me segura senão...” e as posições se polarizam na escuridão da clausura. Não se discute o sofrimento do povo que está com fome, sem dinheiro para o insumo básico, sem oportunidades para um emprego digno. A quantidade de pedintes nas ruas se avoluma, desnutridos e doentes crônicos sem controles de suas doenças preenchem leitos hospitalares, e aí você pergunta a quem de direito, que apenas diz: “e daí? Não sou coveiro”.
O PIB despencando, o dólar subindo, as fontes de energia se esgotando, mas enfim “chega de mimimi, vão ficar chorando até quando?”. Diante desta diversidade de tensões alguns me perguntam se sou de direita ou de esquerda, mas me enquadro no centro de um equilíbrio, porém longe dos tais centrões, vinculados vergonhosamente pelos interesses políticos partidários. Toda polaridade pode ser perigosa, mas já votei em candidatos de todos os polos, e infelizmente não me contemplei em nenhum deles.
Prestem mais atenção no grito dos olhos de uma criança ou de uma mãe nas ruas do que em contos de guerra para ninar. Que nova possibilidade desponte, de forma consistente e comprometida, com o bem estar de nossa gente, valorizando o cidadão trabalhador brasileiro, que doa seu suor e sangue para um país melhor. Enquanto Zé Ramalho continua cantando: “Vocês que fazem parte dessa massa. Que passa nos projetos do futuro. É duro tanto ter que caminhar. E dar muito mais do que receber”.

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