"Questão militar: do Império aos nossos dias" é o tema de mais um debate virtual que será realizado nesta sexta-feira (30), dentro das ações pelo bicentenário da Independência do Brasil. O evento, que tem apoio da Folha da Manhã, pode ser acompanhado ao vivo pelo canal da Fundação Astrojildo Pereira (no Facebook e no YouTube) e ainda pela Folha FM 98,3 (rádio e Facebook) e na Plena TVHD, a partir das 16h.

O cientista político e professor Hamilton Garcia está na coordenação do evento. Os palestrantes são o historiador José Murilo de Carvalho, que é titular de História da UFRJ e membro da ABL e ABC, além de autor de várias obras como “A Construção da Ordem: a Elite Política Imperial” e “Forças Armadas e Política no Brasil”. Ainda no debate, a participação do general de Brigada da reserva Francisco de Brito Filho, ex-Chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Nordeste, que chegou a ser entrevistado no programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3, na última sexta-feira (23), com matéria publicada na edição impressa da Folha da Manhã de sábado (24). A mediação caberá ao ex-ministro da Defesa da gestão Michel Temer, Raul Jungmann.

Hamilton adianta uma prévia do que poderá ser acompanhado no webinário. Segundo ele, a constituição do nosso Estado-nação foi fortemente marcado pela intervenção estatal da Coroa Portuguesa (1808) e depois pela coalizão imperial brasileira (1822). "Os percalços foram muitos ao longo do século XIX, inclusive com várias revoltas populares que pressionavam pela ampliação da participação política e econômica, ou seja, pela igualdade, na nova nação", ressalta.

Daí o Exército brasileiro esteve presente nelas, quer ao lado da nação, quer do Estado, numa tensa dualidade, de origem estrutural, que perpassou o conjunto das instituições e forças políticas, atravessou o século XX e parece ainda não completamente superada. Nesta questão, Francisco de Brito Filho propõe um debate com foco nesse controle do Estado sobre o segmento militar. "A iniciativa da Fundação Astrojildo Pereira é tirar propostas do que ainda pode ser feito nessa relação: Estado/Segmento Militar", adiantou o general.  

O historiador José Murilo de Carvalho, em suas obras, cita a luz da história em muitos momentos dessa relação dúbia. Segundo ele, "o Brasil nunca conseguiu desenvolver uma economia capitalista, uma democracia liberal e uma República capazes de promover a incorporação das massas". Ele chega a afirmar: “as crises de governança que vieram depois passaram a ser resolvidas pela arbitragem militar, quando não pela simples ocupação do poder. A crise atual, em gestação desde 2013, seria apenas um novo capítulo dessa história, com suas características próprias”.