Nélio Artiles: Energia vital
- Atualizado em 24/06/2021 14:52
Infectologista Nélio Artiles
Infectologista Nélio Artiles / Rodrigo Silveira
Vivemos hoje à beira de uma crise energética nacional, que representa o acúmulo de omissão do poder público em ações que poderiam minimizar o grande risco que enfrentamos. O negacionismo fisiológico não está só na gestão política atual em relação à pandemia, mas também historicamente em outras áreas, como, por exemplo, nas mudanças climáticas do planeta, que não foram valorizadas, com significativa diminuição do volume de chuvas e uma progressiva redução dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas, que levará a um impacto, não só no valor que pagamos para termos luz, mas também mexendo em toda a economia do país, já tão no escuro.
Recentemente tive a possibilidade de colocar em minha casa algumas placas de fonte de energia fotovoltaica para captar a energia solar. Em dias de sol fico maravilhado com esta perspectiva espetacular de usar uma fonte totalmente natural, provinda da natureza para produzir energia elétrica. Apesar de ser uma energia gratuita, dada pela natureza, não é disponibilizada para quem quer, já que ainda apresenta um custo elevado para sua implantação, apesar das possibilidades de financiamento bancário.
Temos uma diversidade de energia potencial oferecida pela natureza e que deveria ser disponibilizada para todos. Além do sol, também o vento, através da energia eólica. Nos últimos anos, houve incremento no Brasil de mais de 30 mil MW da capacidade instalada, sendo cerca de 80% de fontes renováveis, como a eólica e solar, atrás apenas das usinas hidrelétricas sem reservatórios chamadas “a fio d’água”.
O Brasil é agraciado por ter tantas fontes de energia à disposição e deveria assim investir mais. Empresas em geral, serviços públicos, escolas, bancos etc, poderiam utilizar rotineiramente energia renovável. Lembrando das minhas aulas de spinning ou musculação na academia, unindo velocidade e força, o esforço de toda aquela galera poderia ser transformada em uma preciosa fonte de energia. Já existem academias em vários países que transformam as calorias gastas pelos seus frequentadores em energia. Para transformar os movimentos dos clientes em eletricidade, é utilizada tecnologia semelhante aos dínamos usados em usinas de energia, para transformar o esforço das pessoas em kilowatts.
Os habitantes deste planeta precisam aproveitar o que lhes é dado gratuitamente e que ainda não estragaram com suas atitudes irresponsáveis e impensadas. São muitos recordes de calor e frio, multiplicação de catástrofes meteorológicas, derretimento de geleiras, constantes desmatamentos, provas do impacto devastador das atividades humanas sobre o planeta tão castigado por dinheiro e poder.
Apesar da urgência de uma ação contra as mudanças climáticas, delegados das grandes economias do mundo resistiram em adotar metas ambiciosas, na última conferência do clima da Organização das Nações Unidas, com uma incrível dificuldade de se chegar a acordos que permitiriam impedir o aumento das temperaturas e conter os impactos sobre os países pobres. O poderio econômico torna os comandantes de nossa casa, cegos e insensíveis. Enquanto isso, precisamos fazer a nossa parte, conservando e poupando nosso bem maior que é a natureza, e cuidando da energia vital principal, nossa vida.

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