Fábio Ribeiro: Ética política em tempos de crise
- Atualizado em 09/06/2021 01:27
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Vivemos tempos de crises, é fato: crise da Covid-19, crise econômica. Muitos se servem de situações difíceis para, diante dos problemas, apenas apontar dedos para os outros sem sequer trabalharem na busca de soluções para os mesmos. Na política, é fácil recorrer ao discurso sofista do oposicionismo, à crítica vazia. Mas, na falta de argumentos ou mesmo na defesa de argumentos inconsistentes, tal retórica não convence mais a população. Já dizia Einstein que a verdadeira crise é a da incompetência, pois da crise deve aflorar o melhor das pessoas, surgirem as grandes descobertas, ocorrer a necessária mudança para o progresso. É especialmente nesses tempos, que o povo olha atentamente os agentes políticos, cobrando deles, principalmente, ética.
Não há como se pensar em democracia, justiça e direito separados da ética, pois enquanto base para relações humanas, fundamento moral para os comportamentos e interesses individuais, ela é, também e consequentemente, base para as leis que regulam as relações sociais. A ética política permite que a população verifique se a sua vontade está sendo representada pelo agente político que, investido naquele poder ou cargo público, atua em prol da coletividade ou, ao contrário, sem ética alguma, age por interesse próprio ou por interesses de um grupo ou outro grupo. No Legislativo, e na política como um todo, a ética deve servir de limite, uma bússola a direcionar sempre a atuação do legislador (em nosso caso, dos vereadores), dentro do princípio constitucional da razoabilidade, à promoção do bem comum.
Vários estudos e teorias confirmam que sem ética não existem princípios e normas constitucionais que assegurem o Estado Democrático de Direito, que sem ela garantias e direitos, justiça, igualdade e dignidade não saem do campo da teoria. Modernamente, uma ética da responsabilidade foi defendida como o conjunto de normas e valores a orientar a decisão do político a partir de sua posição como governante ou legislador que, mesmo não correspondendo a aspirações individuais, visa ao bem-estar geral e à harmonia social.
Mas a ética é temporal, ela se renova à medida que são renovadas as relações sociais, as leis. A ética hoje é a da reciprocidade, da participação social e transparência, com a humanidade sendo tratada como um fim e nunca como um meio. Ética é consequência da liberdade e o sentido da política é a liberdade. Assim sendo, política e ética devem necessariamente caminhar juntas, principalmente para que crises sejam vencidas e possamos realmente viver uma democracia.
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