Mês mais letal da pandemia em Campos e nova mutação da Covid na região
O mês de abril foi o mais letal, até o momento, da pandemia da Covid-19 no Brasil. Em Campos, também, com 284 óbitos dos 1.169, segundo dados da Prefeitura. O número de abril deste ano é maior que o dobro das mortes de janeiro (137), até então o mês que havia registrado mais óbitos no município. E a preocupação fica maior com a divulgação nesta semana de uma nova variantes em circulação no Rio de Janeiro, tendo maior incidência no Norte Fluminense.
Ainda assim, Campos voltou a discutir a retomada de aulas presenciais, tendo como uma das condicionantes a vacinação dos profissionais da área. Contudo, o andamento da vacinação ainda é cercado de dúvidas. Diferentemente de outros municípios, Campos não guardou a segunda dose de CoronaVac, que segue com a aplicação suspensa e atrasada para idosos e profissionais de Saúde. Já a AstraZeneca, chegou ao público-alvo de 59 anos, mas o município aguarda a chegada de novas doses antes de anunciar a ampliação.
Em fevereiro, após as aglomerações de verão e Carnaval, o médico infectologista Nélio Artiles falou à Folha: “O reflexo dessa atitude das aglomerações poderá ser visto. (...) A gente pode imaginar que daqui a 15 ou 20 dias terá o início dos casos e daqui a um mês e meio ou dois uma interferência na mortalidade e na taxa de ocupação dos leitos de UTI”.
E foi o que aconteceu. Entre março e abril, a ocupação de leitos clínicos e de UTI chegou a 100% nas redes pública e privada. O campista passou a esperar por um leito, com mais de 50 pessoas na fila. O Centro de Controle e Combate à Covid também colapsou e teve que fechar as portas por um dia.
O vírus encontrou no Brasil condições perfeitas para mutações, segundo Nélio, o que agrava o cenário. “Ficaremos nesse platô elevado, mantendo mais ou menos o mesmo patamar, com milhares de morte por dia (no país). Lá para o final de maio, início de junho, pode ser que haja uma redução progressiva, junto com as vacinas. A vacina é fundamental nesse contexto. Se continuar lenta, do jeito que está, a gente corre o risco de uma terceira onda”, disse o infectologista.
Nélio também falou da falta de conscientização sobre as medidas preventivas, que chegaram antes da vacina: “Não vejo campanha do governo para uso de máscara, a não aglomeração. O ministro (da Saúde) fala disso, mas a gente não vê campanha, e seria tão importante. E, o pior, a gente não vê o modelo da liderança máxima do país. Isso tem um reflexo”.
NF com maior incidência da mutação P.1.2
O estudo que investiga as modificações sofridas pelo Sars-CoV-2 confirma que há uma nova variante do vírus da Covid-19 em circulação no estado do Rio de Janeiro. Segundo a subsecretária estadual de Vigilância em Saúde e idealizadora da pesquisa, Cláudia Mello, a maior presença da variante está no Norte Fluminense. A cepa recebeu o nome de P.1.2, por se tratar de uma mutação ocorrida na linhagem P1 (variante de Manaus), que permanece em maior frequência (91,49%).
— A nova variante foi encontrada principalmente na região Norte, mas também em amostras nas regiões Metropolitana, Centro e Baixada Litorânea. A partir deste resultado, o monitoramento segue aprofundando os efeitos que poderão ser apresentados, ou seja, o comportamento epidemiológico da variante. Até o momento, não se pode avaliar se é mais transmissível e/ou letal — afirmou Cláudia Mello.
A linhagem P1 se mantém presente em quase todas as regiões, e a P2 (do Rio de Janeiro), nas regiões Norte e Baixada Litorânea. A variante B.1.1.7, de origem do Reino Unido, foi identificada em todas as regiões, exceto na Baixada Litorânea. Nesta etapa, foram investigadas 376 amostras, de 57 municípios, selecionadas a partir de genomas enviados ao Laboratório Central Noel Nutels (Lacen/RJ), entre os dias 24 de março e 16 de abril. O estudo integra uma das maiores iniciativas na área de sequenciamento do vírus da Covid-19 do país.
Retomada das aulas em discussão
O subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Proteção da Saúde, Charbell Kury, informou ao Ministério Público que pretende começar a vacinar profissionais da Educação de Campos das escolas da primeira etapa da Educação Infantil. O assunto esteve na pauta da reunião realizada na quarta-feira (5), para tratar do Plano de Retorno Seguro do Ensino Híbrido com Vacinação.
Nesta quinta (6), Charbell afirmou que o município aguarda novo diálogo com o MP para o início da vacinação desses servidores, que é condicionante para retomada das aulas.
Boletim — Até essa sexta-feira (7), Campos registrou 1.169 mortes pela Covid-19 e 28.692 casos confirmados.
 

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