Mergulho no passado - Grussaí nos anos 50, 60 e 70
- Atualizado em 04/05/2021 07:57
POR CLÁUDIA LANDIM, NO BLOG DIJAOJINHA EM 2011:
Grande parte de minhas férias, na infância e na adolescência, foi passada em Grussaí.
Nos anos 1950, não havia luz elétrica. Usavam-se lampiões e lanternas.
As famílias deviam levar para a praia mantimentos suficientes para a temporada, pois lá não havia onde os adquirir.
Homens, a cavalo, passavam vendendo verduras e frutas.
Ainda havia restinga na rua principal, hoje Avenida da Liberdade, onde nos sentávamos para conversar.
Inicialmente, ficávamos em casas alugadas, até que meu pai construiu a nossa, inaugurada em janeiro de 1952, com um gerador que nos proporcionava eletricidade e permitia o funcionamento da bomba d’água, sem o esforço manual.
A falta de luz nas ruas nunca impediu que as pessoas circulassem à noite.
Um grupo de seresta saía, após o jantar, e percorria as ruas. Com a sua aproximação, as pessoas deixavam suas casas e se juntavam aos seresteiros, numa alegre e saudável diversão.
BAILES
Não havia clube. Os bailes, também chamados “arrasta-pés”, aconteciam nas residências, com música de rádios de pilha ou vitrolas ligadas a baterias de automóveis.
Em dias especiais, chamava-se um grupo de sanfoneiros denominado “Sempre serve”, que morava em Chapéu de Sol.
No Carnaval, contávamos com a generosidade do Sr. Benedito Martins, que abria sua casa, rodeada por varandas, para matinês e bailes noturnos. A música era apresentada da mesma forma acima descrita.
Quem tinha mais idade, se a família tivesse carro, podia frequentar os bailes do Clube “Democráticos”, em São João da Barra.
Os jogos de vôlei, disputados entre os times de Grussaí e Atafona, eram acirrados, com torcidas organizadas.
Quando em Grussaí, eram realizados em casa de meus pais. Em Atafona, aconteciam na residência de Arlindo Aquino.
Só em 1960 surgiu o Grussaí Praia Clube, que redirecionou as diversões da praia.
GINCANA
Em uma das festas do padroeiro, Santo Amaro, foi promovida uma gincana automobilística, com vários obstáculos, como morder uma maçã sem usar as mãos, e outros mais.
Embora nunca tivesse gosto maior por esportes, fui convidada pelo amigo Sérgio Siberath para com ele dela participar.
Surpreendentemente, conseguimos superar todos os obstáculos no menor tempo, vencemos!
A taça que recebemos deve estar ainda lá, na cristaleira da casa que foi de meus pais.
O jogo de víspora e o de baralho ocupavam algumas horas da noite.
Mas o bom mesmo era poder ler na rede de nossa casa avarandada.
Primos de meu pai, residentes no Rio, tinham casa lá. Suas esposas, filhos, netos e agregados passavam na praia dois meses.
DANÇAS FOLCLÓRICAS 
O pai de um primo, grande fazendeiro em Campos, anualmente enviava os melhores cavalos para a praia.
Montada num deles, eu passeava pelos caminhos até São João da Barra, colhendo pitangas, ingás, frutos de cactos e flores, apreciando a beleza do entorno.
Quando Jayme Landim, primo de meu pai, ia passar uns dias com a família, que lá já estava instalada, eu assistia a apresentações de “Mana Chica do Caboio”, uma das principais danças folclóricas campistas, exibida e cantada por moradores de Grussaí e do Chapéu de Sol…
Aprendia-se muito ouvindo histórias e conversando com pessoas amigas, frequentadoras da praia, sem falar na sabedoria dos moradores locais, que usavam uma linguagem diferente e nunca tomavam banho de mar.
A vida parecia transcorrer mais devagar e, quando voltávamos às aulas, tínhamos muito o que contar, ansiando pelo próximo verão.

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    Saulo Pessanha

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