Marcão Gomes: CPI da Covid
- Atualizado em 11/05/2021 16:03
Marcão Gomes é advogado e suplente de deputado federal
Marcão Gomes é advogado e suplente de deputado federal / Divulgação
Os senadores que compõem a CPI da Covid pretendem investigar o ex-chanceler Ernesto Araújo por ter usado o Itamaraty para garantir o fornecimento de cloroquina no Brasil. Segundo relatos, o ex-ministro das Relações Exteriores mobilizou o aparato diplomático brasileiro para agir junto a outros países e evitar o desabastecimento do medicamento no país, mesmo após a OMS (Organização Mundial da Saúde) ter interrompido testes clínicos com a droga e depois de associações médicas terem alertado para a ineficácia do produto.
A corrida do Itamaraty atrás da cloroquina começou pouco depois de o presidente Jair Bolsonaro falar em possível cura para a doença em suas redes sociais. Senadores pretendem mostrar também que o empenho do Itamaraty para garantir vacinas e medicamentos da China foi muito menor do que o dedicado à cloroquina. Até novembro do ano passado o ministério não havia enviado instruções específicas para diplomatas trabalharem os potenciais fornecedores de vacinas ou medicamentos na China.
O presidente da CPI, senador Omar Aziz, afirmou que Ernesto será questionado, em seu depoimento na comissão, sobre os esforços para a compra de cloroquina. Segundo ele, os senadores apelaram inúmeras vezes a Ernesto, quando estava no cargo, para fazer esforços internacionais para comprar vacinas. O senador afirma que houve esforços para comprar cloroquina, que não funciona, e negligência na compra de vacinas .
O senador Humberto Costa afirmou que na sua visão, o ex-chanceler não atuou como deveria em outros temas importantes e diz que Ernesto não moveu uma palha para a vinda de respiradores, EPIs, testes e não participou das articulações para a compra de vacinas.
Ernesto pediu demissão em março após pressão da cúpula do Congresso, que o acusava de omissão no combate à pandemia, sendo apontado como um dos responsáveis pelo fracasso na negociação entre os governos brasileiro e indiano para a compra de um lote de vacinas contra a Covid.
Nesta semana, o principal foco da CPI será investigar as articulações para compra de vacinas contra a Covid-19 e também o aparato de comunicação oficial e informal do governo, que consiste nas mensagens propagadas por apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais. Os senadores ouviram Antonio Barra Torres, presidente da Anvisa, e deverão ouvir o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten e Carlos Murillo, que até janeiro deste ano era presidente regional da Pfizer no Brasil.
O depoimento mais aguardado pelos membros da CPI é o de Wajngarten, ele culpou o Ministério da Saúde, então sob o comando do general Eduardo Pazuello, pela atual baixa oferta de vacinas contra a Covid no Brasil, mas tentou poupar Bolsonaro de responsabilidade. Em entrevista, o publicitário disse que a compra de vacinas oferecidas pela Pfizer, ainda no ano passado, não ocorreu por incompetência e ineficiência por parte de Pazuello.
Os congressistas querem entender, a razão de ter sido Wajngarten e não o Ministério da Saúde o responsável por articular um acordo de compra de vacinas com a Pfizer e, ainda, que ele explique a ausência de ampla campanha publicitária para propagar as medidas de combate ao coronavírus, como o hábito de lavar as mãos e evitar aglomerações.
Esperamos que além da apuração de responsabilidade, o Congresso aponte caminhos para sairmos o mais rápido possível da situação crítica sanitária e econômica em que o país se encontra.
Sigamos em frente.

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