Ernesto Araújo e Fernando Azevedo pedem demissão do governo Bolsonaro
Um dia depois de atacar a senadora Kátia Abreu (MDB-TO), o ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo se reuniu com sua equipe em Brasília e anunciou que pediria demissão do cargo. No entanto, no final da tarde da segunda-feira (29), o ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva surpreendeu o mundo político e também pediu demissão do governo do presidente Jair Bolsonaro. Com essas, serão 17 trocas de ministros desde o início do governo.
Ligado à chamada ala ideológica do Palácio do Planalto, Ernesto Araújo vinha sofrendo forte pressão após a aproximação de Bolsonaro com os partidos do centrão no Congresso. Além das polêmicas consideradas desnecessárias, as críticas direcionadas ao chefe do Itamaraty cresceram ainda mais com a política externa completamente alinhada ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e que isolou o país de parceiros históricos do Brasil, como a China e a União Europeia.
Os problemas ficaram ainda mais expostos pelas dificuldades de saídas diplomáticas para a aquisição de vacinas contra Covid-19 e da aquisição de ingredientes para fabricação dos imunizantes em solo nacional, provenientes da China e Índia, atrasando ainda mais a vacinação da população em um momento que a crise causada pela pandemia atingiu o ápice no Brasil.
No domingo (29), Araújo chegou a declarar que a pressão do Congresso era por interesses relacionados à tecnologia 5G e não por causa das vacinas contra a Covid-19. A senadora Kátia Abreu (PP-TO), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, reagiu à declaração do ministro dizendo, em nota, que o Brasil não poderia mais ter mais “a face de um marginal” e voltou a pressionar pela saída do ministro.
Já Azevedo e Silva teve reunião com o presidente Jair Bolsonaro às 14h, no Palácio do Planalto. Divulgou o comunicado logo depois. Em nota, o ex-ministro da Defesa disse que sai "na certeza da missão cumprida", sem explicar o motivo da demissão. Ele também destacou que preservou as Forças Armadas como instituição de Estado em sua gestão.
A decisão teve como estopim uma entrevista concedida ontem pelo general Paulo Sérgio, chefe do Departamento-Geral de Pessoal do Exército, ao jornal Correio Braziliense. À publicação, o militar disse que o Exército já se preparava para a terceira onda da pandemia da covid-19.
Segundo interlocutores do Planalto, Bolsonaro, que tenta conter o desgaste no pior momento da crise sanitária, não gostou da declaração e pediu uma punição para o general Paulo Sérgio cargo. O comandante do Exército, Edson Leal Pujol, resistiu e teve o apoio de Azevedo.
A aliados, o ministro da Defesa disse que já vinha notando uma insatisfação de Bolsonaro com sua atuação há algum tempo, principalmente por ele evitar acenos políticos. Além disso, Azevedo e Silva relatou que as questões do presidente da República com Pujol "rondavam" a sua atuação e que Bolsonaro se incomodava por ele ter um perfil diferente do antecessor, Eduardo Villas Bôas.

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