O melhor presente de Natal de 2020 é 'virar um Jacaré'
25/12/2020 20:54 - Atualizado em 25/12/2020 20:58
Os sentimentos (pelo menos os dignos) que celebram o Natal, em nada se confundem com os que temos quando olhamos para um Presidente da República que desestimula constantemente a única saída segura conhecida para a pandemia do coronavírus: a vacina. Se não por humanidade, Bolsonaro deveria ter o bom senso econômico — e político — de querer a vacinação em massa no Brasil, o mais rápido possível. O próprio Paulo Guedes (ministro da Economia chamado carinhosamente de ‘Posto Ipiranga’ pelo ignóbil presidente) já disse que o auxílio emergencial pode chegar a R$ 55 bilhões por mês, enquanto a vacinação da população custaria menos da metade, R$ 20 bilhões. A despeito de tudo isso, Bolsonaro prefere dizer que em um evento na Bahia, que se você tomar vacina e “virar um jacaré, é problema seu”.
Qualquer vacina pode causar efeitos adversos. Embora seja impossível a vacina transformar quem foi imunizado em um jacaré (ou em um chipanzé como Bolsonaro teria falado se não fosse impedido pelo medo da fala ser interpretada como racismo, algo que ele tem histórico negativo), essa fala do líder da nação causa dúvidas e medos nas pessoas. O primeiro imunizante contra a covid-19 a conseguir autorização emergencial no mundo, o da Pfizer, teve sim, problemas com reações adversas no Reino Unido. Quatro profissionais de saúde três deles com histórico de alergia grave apresentaram reação alérgica após tomar o imunizante. O que rapidamente foi retirada a indicação apenas para este público, e a vacina segue sendo distribuída e aplicada.
Nessa semana, inclusive, dois importantes líderes mundiais se imunizaram, e fizeram questão de divulgar, orgulhosos, a vitória da ciência contra uma doença que já matou mais 1,7 milhão de pessoas pelo mundo. Joe Biden, presidente eleito dos EUA e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, conhecido como Bibi.
Joe Biden recebe a primeira dose da vacina contra o coronavírus da enfermeira Tabe Mase em Newark, Delaware
Joe Biden recebe a primeira dose da vacina contra o coronavírus da enfermeira Tabe Mase em Newark, Delaware / Reprodução
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, recebeu a vacina desenvolvida pela Pfizer/BioNtech neste sábado (19)
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, recebeu a vacina desenvolvida pela Pfizer/BioNtech neste sábado (19) / Reprodução
 
Neste Natal, após Biden e Bibi não se transformarem em um jacaré (pelo menos até esta publicação), o presente que todos queremos, os minimamente preocupados com a saúde pública, ou mesmo com a sua e de seus familiares, é aquele que seja capaz de nos imunizar do vírus que parou o mundo e vem deixando milhares de famílias sem razão de sorrir neste fim de ano. Se o bom velhinho vier em um jacaré voador, desde que traga a vacina, será bem vindo.
 
 

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    Edmundo Siqueira

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