Pré-candidatos a prefeito opinam sobre CPI do Previcampos
Aldir Sales - Atualizado em 01/08/2020 10:41
Investigações correm sob sigilo, mas auditoria apontou uma série de indícios de irregularidades na gestão do Previcampos
Investigações correm sob sigilo, mas auditoria apontou uma série de indícios de irregularidades na gestão do Previcampos / Folha da Manhã
A semana foi marcada pela leitura da CPI da Previcampos na Câmara Municipal, que concluiu indícios de pelo menos 11 crimes envolvendo a ex-prefeita Rosinha Garotinho (Pros) e outros 13 nomes ligados à sua gestão à frente da Prefeitura, até 2016. Ainda morno, por causa da pandemia de Covid-19, o debate político em ano eleitoral voltou a esquentar entre os pré-candidatos a prefeito com o novo assunto.
Atual prefeito e pré-candidato à reeleição, Rafael Diniz (Cidadania) elogiou o trabalho da CPI, culpou a gestão da antecessora, Rosinha Garotinho (Pros), e falou que o “rombo” nas contas do Previcampos está impactando ainda mais no atual cenário de crise financeira do município.
Por outro lado, o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD) atacou a CPI, presidida pelo vereador Genásio (PSC). Para o filho da ex-prefeita, o relatório produzido pelo Legislativo teve cunho eleitoreiro e cobrou a abertura de uma comissão para investigar a atual situação da Saúde no município. Essa foi a mesma linha adotada pelo ex-secretário municipal de Administração – citado na CPI –, Fábio Ribeiro (PSD). Seu nome vem ganhando força nos bastidores para substituir uma eventual candidatura de Wladimir, que nunca assumiu publicamente a condição de pré-candidato a prefeito.
Caio Vianna (PDT), por sua vez, colocou na conta dos indícios de crimes apontados pela CPI a falta de poder de investimento do município e a perda da credibilidade do Executivo.
O tucano Lesley Beethoven (PSDB) levantou a bandeira para a necessidade de repatriar o dinheiro que o relatório apontou como desviado e para o aumento da transparência no Previcampos. Enquanto a ex-vereadora Odisséia Carvalho (PT) lembrou que, atualmente, servidores da ativa, aposentados e pensionistas estão sofrendo com atrasos de salários.
Alexandre Tadeu (Republicanos) classificou o resultado das investigações da CPI como “preocupantes” e o ex-deputado Roberto Henriques (PCdoB) disse que é preciso ter cuidado para não condenar antecipadamente os citados no relatório e que é necessário dar o amplo direito à defesa.
A professora Natália Toledo (Psol) comparou o que aconteceu com o Previcampos ao esquema do ex-governador Sergio Cabral (MDB), condenado a mais de 200 anos de prisão por corrupção. Já Jonathan Paes (PMB) também falou que os servidores sofrem com o que chamou de “devaneios dos políticos”.
A equipe de reportagem não obteve retorno de Cláudio Rangel (PMN), Marcelo Mérida (PSC), Eduardo Terra (SD) e Pedro Henrique Alves (SD) e não foi conseguido o contato com Cândida Barcelos (DEM).
Rafael Diniz (Cidadania)
O que fizeram com o Previcampos foi uma covardia contra os servidores municipais. De forma criminosa, retiraram centenas de milhões de reais do caixa dos aposentados e pensionistas. O rombo foi uma bomba-relógio, só descoberta em 2017, que obrigou nosso governo a adotar diversas medidas para garantir o pagamento dos inativos.
Só tenho elogios ao trabalho competente realizado pela CPI. Diante de dúvidas que ainda pairam sobre o paradeiro do dinheiro dos nossos aposentados e pensionistas, temos apenas duas certezas: vamos trabalhar de todas as maneiras possíveis para trazer de volta a Campos o que foi desviado. E, mais do que isso, vamos criar todos os mecanismos possíveis para que crimes como estes nunca mais voltem a acontecer.
Wladimir Garotinho (PSD)
A Câmara deveria abrir uma CPI para investigar o perdão de R$ 58 milhões dado pelo governo para um grupo privado da área de saúde que apoiou abertamente o prefeito e, por estranha coincidência, também apoiou o relator dessa farsa. Enquanto abrem mão para os ricos, não paga o salário do povo trabalhador. Por que também não instauram a CPI da Saúde, já que as pessoas estão morrendo sem o básico e as UBS’s foram fechadas?
Essa CPI do Previcampos é totalmente eleitoreira, só depois de quatro anos divulgam um relatório na véspera do período eleitoral para servir de cortina de fumaça para um governo medíocre e para ser usada para atacar adversários. Só sabem lamentar e colocar a culpa no governo passado, ninguém aguenta mais isso.
Caio Vianna (PDT)
Caio Vianna concedeu entrevista
Caio Vianna concedeu entrevista / Folha da Manhã
É muito triste ver como a cidade de Campos perdeu tanto em investimentos e capacidade de gestão de uma forma tão rápida nos últimos anos. Talvez a resposta esteja nessas denúncias apresentadas. Só do fundo de previdência de Campos foram mais de R$ 500 milhões. Precisamos dar um basta nisso! Somente dessa forma conseguiremos retomar o caminho dos investimentos e da credibilidade.
Fábio Ribeiro (PSD)
Fábio Ribeiro, ex-vereador disputa com Wladimir a escolha do grupo do garotismo
Fábio Ribeiro, ex-vereador disputa com Wladimir a escolha do grupo do garotismo
O objeto da CPI da Previcampos já foi auditado pelo Tribunal de Contas do Estado e por uma auditoria independente. Assim, qual a finalidade de sua instalação? Impedir a instalação da CPI da Saúde e servir de palanque eleitoreiro para os seus membros. A Previcampos possui autonomia administrativa e financeira. Os membros da CPI, na tentava de iludir a população, esqueceram a boa técnica e desrespeitaram lei. Fizeram do relatório um panfleto de especulação politica. Assim, a divulgação dessa peça de teatro é prova inequívoca do descaso do atuais gestores e vereadores governistas com a Saúde de Campos, que pode estar matando gente por falta de assistência. Isso nos motiva cada vez mais a continuar a caminhada por uma Campos unida, que ofereça serviços de qualidade para o nosso povo.
Lesley Beethoven (PSDB)
Isaías Fernandes
Analisando os números, a prioridade agora deve ser recuperar os recursos perdidos para recompor o caixa da Previcampos e garantir o pagamento dos nossos aposentados. As autoridades tem ferramentas institucionais para isso. Quanto a um possível processo judicial, é um rito longo e demorado. As responsabilidades poderão ser apuradas, todos envolvidos com direito de defesa, etc. Importante também é aumentar a transparência, o controle interno e externo. Os atuais contribuintes e aposentados precisam saber periodicamente como anda a saúde financeira da Previcampos, e nesse mundo digital de hoje, todo conectado, isso é prático e fácil de ser feito.
Odisseia Carvalho (PT)
Isaías Fernandes
Há tempos veio à tona uso e investimentos escusos com esse dinheiro. O relatório da CPI da Previcampos apontou indícios de desvio de recursos, além de crimes que apontam 14 suspeitos, entre eles a ex-prefeita Rosinha Garotinho. Foram investimentos de alto risco na ordem de R$ 500 milhões em “títulos podres”. Servidores aposentados e pensionistas vêm sofrendo com essa irresponsabilidade de gestores passados e com o atual prefeito, Rafael Diniz, que, sabedor da situação da Previcampos, nada fez para que não houvesse impactos sobre o salário desses servidores, que nos últimos dois meses, além do atraso com o pagamento, tiveram seus salários parcelados. É necessário que se faça justiça para punir os envolvidos e regularizar com urgência os pagamentos.
Alexandre Tadeu (Republicanos)
Folha da Manhã
O relatório final apontou um resultado preocupante, porém, já esperado diante das evidências de irregularidades anteriormente levantadas, que deram origem à CPI. Agora, cabe às autoridades policiais irem a fundo na investigação. Se os crimes forem confirmados, os responsáveis devem responder criminalmente por seus atos e, acima de tudo, devolverem os recursos retirados da Previcampos.
Roberto Henriques (PCdoB)
Isaías Fernandes
Eu me recuso a crer que um vereador do parlamento campista, juramentado, e não é um só, são membros de uma comissão, todos juramentados, juraram sob a Constituição do município e da federal. Eu me recuso a crer que eles iriam fraudar qualquer tipo de relatório. Eles não podem mentir em apurações acerca de recurso do tesouro público e nem de outra natureza. Portanto, também reconheço que aqueles que estão sendo acusados como responsáveis ou corresponsáveis, nós não devemos condená-los prematuramente, eles têm o direito à ampla defesa, que é consagrado através da Constituição. A palavra agora, depois do relatório, está com aqueles que foram acusados e a eles devem ter o direito da defesa.
Natália Soares (Psol)
Natália Soares
Natália Soares / Divulgação
É muito grave a acusação de que o patrimônio dos trabalhadores, seja da ativa, sejam servidores aposentados e pensionistas, tenha sido dilapidado, através de operações financeiras suspeitas e utilizado de forma indevida pela gestão para favorecer o candidato do governo da época. Isso precisa ser investigado mais profundamente. Não é possível que os servidores que contribuíram ao longo do tempo trabalhando pelo município fiquem desassistidos. Recentemente, os aposentados receberam apenas 75% do que tinham direito e isto não pode mais se repetir. São mecanismos parecidos com os utilizados pelos governos Cabral e Pezão para promover operações fraudulentas que prejudicaram milhares de servidores e aposentados.
Jonathan Paes (PMB)
Jonathan Paes
Jonathan Paes / Divulgação
Acredito que a CPI da Previcampos foi um passo importantíssimo para o esclarecimento dos fatos ocorridos, onde foi averiguado parte dos problemas que envolvem o sistema previdenciário do município. Com valores em torno de meio bilhão em investimentos duvidosos e uma cadeia infinita de irregularidades, a comissão parlamentar de inquérito sugeriu onze crimes contra as pessoas envolvidas. Espero que essa CPI venha abranger toda a real situação que a Previcampos vivencia, sem tendências politicas e que, de fato, sejam investigados os investimentos. Olhando o lado do servidor, do aposentado e do pensionista que hoje tanto sofre com os devaneios dos políticos que estiveram à frente da administração da nossa cidade, aguardamos ansiosamente o cumprimento da justiça.

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