Campistas temem desdobramentos políticos de explosão em Beirute
Verônica Nascimento 04/08/2020 19:42 - Atualizado em 08/08/2020 03:21
A notícia de uma grande explosão na área portuária de Beirute, nessa terça-feira (4), foi recebida com preocupação por membros da comunidade libanesa de Campos. Informações dão conta de pelo menos 78 mortos e cerca de 4 mil feridos, mas o resgate e a busca por pessoas continuam. O governo do Líbano diz que, apesar de o país já ter sido alvo de terroristas e viver período de instabilidade política, não há evidência de que tenha ocorrido um atentado terrorista. A explosão teria partido de um armazém que guardava nitrato de amônio.
— Mantive contato com primos meus que moram em Beirute e, felizmente, não foram feridos, mas tiveram as janelas estilhaçadas pelo impacto da explosão. Contaram que houve uma primeira explosão, e que a segunda parecia a de uma bomba atômica. Lamentamos muito as mortes ocorridas — disse o bispo da Administração Apostólica São João Maria Vianney, Dom Fernando Rifan.
Alguns barcos que navegavam próximos à costa do Líbano foram balançados pela força da explosão, que chegou a ser ouvida em Larnaca, no Chipre, a pouco mais de 200 quilômetros. A Marinha do Brasil emitiu nota informando que os militares que compõem a Força Tarefa Marítima em Beirute estão bem e não foram atingidos. “A Fragata Independência encontra-se operando no mar, normalmente. O navio estava distante do local onde ocorreu a explosão”.
A Cruz Vermelha mobilizou barcos para resgatar pessoas que foram jogadas ao mar e ajudar na retirada das que ficaram presas nos escombros e dentro de suas casas.
— Tenho uma irmã que mora em Beirute, mas veio com o marido passar uns dias comigo, em Campos, e eles acabaram ficando “presos” aqui por causa da pandemia. Mas, meus sobrinhos estão lá e logo ligaram para dizer que não foram afetados e que, segundo a embaixada, não há registro de brasileiros feridos com a explosão — declarou o empresário Abel Nassar.
O médico Abdu Neme é outro com familiares no Líbano. “Nenhuma notícia de que foram atingidos, estão em uma região mais distante. Ao que disseram, foi uma explosão em uma fábrica de fogos de artifícios, ninguém afirma se tratar de atentado, e estou torcendo para isso não ter uma proporção tão grande assim. O povo já sofre tanto com guerras próximas, com conflitos, não no Líbano, mas em regiões próximas”, comentou Abdu Neme.
A neuropsicopedagoga Keila Chicralla foi cautelosa a contar a notícia ao pai,o médico Eduardo Chicralla, de 91 anos, que mantém vínculos familiares e laços com vários libaneses.
— Fizemos contato com parentes, e todos estão muito assustados. O Líbano é um país que já passa por problemas financeiros, econômicos. Está em paz há alguns anos, mas fica numa área de grande turbulência política. Se fosse no Brasil, em Campos, todos acreditaríamos que foi um acidente, mas, lá, em um país árabe, o povo traz à tona lembranças traumatizantes, pensa logo em atentado — ressaltou Keila: — A preocupação é que a situação se agrave, o que já vai ocorrer com a questão da pandemia de Covid-19. O medo, apesar de ninguém falar de atentado, é com os desdobramentos políticos. Meus parentes falaram que, mesmo distante da região, sentiram a explosão como se fosse um terremoto.

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