Bruno Dauaire pede cautela sobre investigações contra Witzel: 'Indícios robustos também são indícios'
28/05/2020 07:55 - Atualizado em 03/06/2020 19:13
Em entrevista à primeira edição do Folha no Ar, da Folha FM 98,3, na manhã desta quinta-feira (28), o deputado estadual Bruno Dauaire (PSC) disse que é preciso ter cautela em relação à operação Placebo, deflagrada na terça pela Polícia Federal com o objetivo de apurar indícios de desvios de recursos destinados destinados ao combate à pandemia do novo coronavírus no estado do Rio de Janeiro. Líder do partido do governador Wilson Witzel na Assembleia Legislativa (Alerj), Bruno afirmou tê-lo procurado assim que surgiram as primeiras denúncias, em abril, e que o governador lhe garantiu não ter envolvimento com as possíveis irregularidades investigadas.
— Indícios robustos são indícios. Tem que se respeitar a atuação de todos os órgãos de fiscalização. Mas, indícios são indícios. A gente precisa aguardar o fim da percepção penal, o fim do inquérito, para saber se haverá a ação penal em relação ao governador. A gente não pode fazer qualquer tipo de julgamento de indícios, porque seria um julgamento prévio, e julgamentos prévios são temerários. Prefiro ainda estar nesta marcha. Costumo dizer que o bom andamento processual tem o seu tempo próprio. A gente precisa respeitar esse bom andamento processual, confiar nas instituições e acreditar. Desde o primeiro momento, em que apareceram as primeiras denúncias, procurei o governador, procurei o governo. E o governador foi bem claro e taxativo comigo, disse que não tinha absolutamente nada a ver com as denúncias, que iria desmontá-las. Disse, inclusive, que estaria à disposição para prestar os esclarecimentos necessários. Ontem (quarta), cobramos novamente. Ele disse que não iria recorrer da decisão de busca e apreensão do seu celular, que não deve em nada, não tem nada a temer. Então, eu acho que precisamos que tratar com muita cautela qualquer tipo de cautela neste momento, porque são indícios — afirmou Bruno Dauaire, enfatizando ser favorável às investigações e ao fortalecimento e à autonomia das instituições.
Na entrevista, o deputado estadual também comentou o imbróglio envolvendo a entrega dos Hospitais Estaduais de Campanha da Covid-19, entre eles o de Campos, com nova previsão para meados de junho.
— Ontem (quarta), também, para a gente ter uma ideia certa de quantos leitos (clínicos) e de UTI, eu perguntei também à secretaria de Saúde. Eles estão dizendo que muda a toda hora a quantidade de leitos. Há aí uma guerra entre o Governo e a empresa para a implementação disso. O que a gente tem de informação é que serão 100 leitos no Hospital de Campanha, com 20 de UTI. Mas, não sou líder do governo, sou líder do partido do governador. Essa informação eu não tenho para precisar, tenho essa, que foi a primeira informação dada. Vamos continuar cobrando, porque consideramos que o Hospital de Campanha de Campos é o que mais precisa ser entregue diante de todos. A gente respeita as outras regiões, mas há uma interiorização da pandemia. Isso é notório. Se o Rio, hoje, está podendo discutir a reabertura gradual do comércio, a gente precisa ajudar o interior do estado a conter esse avanço com a entrega do hospital, para que a gente possa também voltar a ter essa discussão importante de vida para a economia da cidade, que está destruída — pontuou.
Na terça, o Tribunal de Contas do Estado suspendeu todos os pagamentos da secretaria de etado de Saúde para o Iabas, alvo da operação contra fraudes na Saúde e de críticas do deputado na entrevista à Folha FM.
— A verba que o Iabas já recebeu, um montante enorme, acho que cerca de R$ 300 milhões, salvo engano, se não foi mais, já dá condições para esta empresa poder cumprir o contrato. Agora, com essa decisão, a gente precisa aprofundar isso. Com certeza, o governo deve recorrer. A gente está diante de um dilema muito grande. Tem lá a empresa que, infelizmente, é uma porcaria de empresa, atrasando tudo isso. A gente sabe que há entraves burocráticos, mas não é desculpa, num momento pandêmico, para atraso de entrega. Essa empresa tem prestado um desserviço ao estado do Rio de Janeiro. Mas, é preciso que os órgãos de controle também tenham bastante cautela neste momento, para que as vidas sejam preservadas — afirmou Bruno.
 
 

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