Nélio Artiles: Navegadores do bem
20/05/2020 21:26 - Atualizado em 03/06/2020 18:09
Nélio Artiles é médico infectologista
Nélio Artiles é médico infectologista / Rodrigo Silveira
Vivemos uma realidade nova em vários cenários, sendo que um deles é o cenário educacional. O MEC logo no início da epidemia publicou uma portaria que dispunha sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durasse a pandemia do novo coronavírus — Covid-19, já sendo prorrogada por duas vezes. E assim tenho lecionado à distância em duas IES [Instituições de Ensino Superior], seja com aulas ao vivo ou em aulas gravadas, usando as modernas tecnologias de integração social, considerando a distância necessária neste momento de isolamento. Alguns desafios interpelam este novo modelo como a falta de padrão de acesso à rede por todos envolvidos como professores e alunos, quedas de sinal ou falta de habilidades em manuseio nesta nova modalidade de ensino remoto ou a distância. Mas fico impressionado com estes avanços, pois, no final o resultado tem sido positivo, e em alguns aspectos até melhores do que o tradicional ensino presencial.
Falando pela tela do computador podemos nos comunicar pessoalmente para cada um, mesmo que esteja sendo executado para o coletivo. Não se pode obviamente garantir que o aluno esteja prestando a atenção necessária naquele momento, mas é possível garantir que para os que querem verdadeiramente e se interessam, conseguem receber os conteúdos de uma forma bem eficaz. Porém, o processo ensino-aprendizagem acaba se pautando na maioria pelo tradicional modelo de transmissão de conteúdo, o que não garante um verdadeiro aprendizado que se objetiva.
Ainda assim é possível inovar e tentar formas de metodologias ativas com jogos e seminários adaptados, ou mesmo debates e discussões sobre filmes ou problematizações. Considerando que o verdadeiro aprendizado só ocorre quando o conteúdo é processado e elaborado no pensamento e na reflexão do aluno, uma aula expositiva seja presencial ou a distância, tem pouca efetividade neste processo de levar a uma sedimentação e conscientização dos temas propostos neste processo. Até mesmo avaliações a distância terão as mesmas dificuldades das provas presenciais, pois como garantir que a resposta de uma questão, não tenha principalmente o componente de memorização estudada ao invés de um aprendizado consistente?
Bem, modernidades à parte, no final das contas os melhores profissionais do futuro são aqueles que estudam, se emprenham, raciocinam e conseguem aplicar o que recebeu durante as aulas. Para nós, educadores, os desafios são postos, mexendo em computadores e navegando por novos mares, mas sempre com o mesmo objetivo de formar profissionais que farão a diferença em nossa sociedade, independente da área que irão seguir, e assim fazer um Brasil melhor. Viva o professor sempre.

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