Saúde do corpo e da mente durante a quarentena na pauta do Folha no Ar
07/04/2020 07:59 - Atualizado em 12/04/2020 13:07
Entrevista aconteceu via Skype
Entrevista aconteceu via Skype / Genilson Pessanha
As regras de isolamento social estão sendo mantidas em vários estados do país. Em Campos, não é diferente. Mas com o tempo vai passando, a preocupação também cresce com a saúde: seja do corpo, sobretudo devido ao sedentarismo, e da mente, devido a restrições em um momento comparado ao de uma guerra. Para tratar desses assuntos, o Folha no Ar desta terça-feira (7) recebeu Paulo Arthur Buchvitz e Mauricio Rocha Calomeni. Paulo é psicólogo, mestre pela PUC; doutor pela USP e pós-doutor pela UERJ, além de coordenador do curso de Psicologia do Isecensa. Calomeni é doutor em saúde mental e coordenador do curso de Educação Física também do Isecensa.
Paulo Arthur explicou que para base da psicanálise existem duas pulsões, a de vida (eros) e de morte (thanos). O conflito é diário entre elas, mas nesse período de isolamento, a pulsão de morte é a mais presente. Está aí o conflito interno de se expor nesse período que as autoridades impõem como necessário ficar em casa. E a preocupação não é só com a própria vida, mas com a de pessoas próximas, que mesmo não saindo de casa, pode ser infectada por quem decide ou necessita sair. Outro ponto levantado pelo psicólogo são as novidades que todos estão vivendo, o que traz também dois aspectos: um o da aproximação com a família, mas tem o outro lado, em muitos casos, do aumento de conflitos. Ele também comentou sobre os meios de comunicação com os parentes mais distantes, facilitados pela internet.
— Nós precisamos pensar não só na gente, mas também no outro. Quando a gente sai do mundo social, nós ficamos mais autênticos, mais verdadeiros. Nós vamos aprender a nos tornarmos um pouco mais verdadeiros. Não tem mais público, ninguém nos aplaudindo. Vamos ser mais sinceros com o próprio eu e com o outro. Às vezes nossa base emocional é muito mais o outro do que o eu. Está na hora de sairmos dessa projeção do outro e termos uma introjeção, passarei a ser minha base emocional — falou o psicólogo sobre o que acontece no atual momento.
Calomeni falou sobre a necessidade de manter algum tipo de atividade física neste momento, mesmo com as dificuldades impostas devido ao isolamento. O professor fez um alerta com relação aos excessos, que podem ser prejudiciais, mas orientou a todos que possam tentar realizar algum tipo de atividade física. Mauricio lembrou, ainda, que é necessário o acompanhamento de profissionais para o início de atividades físicas. Ela ainda comentou sobre as mudanças no calendário esportivo mundial, os problemas causados pela má alimentação neste período e exemplificou o que a atividade física pode proporcionar a todos:
— A atividade física vai impactar em vários marcadores neuroquímicos associados tanto ao estresse quanto à qualidade de vida, ou sentimento de prazer. Situações de estresse nos induzem a produção de cortisol, esse hormônio, quando produzido em excesso, está associado a casos de depressão. O exercício físico é um dos fatores que leva à redução desse hormônio, além de produzir outras substâncias que vão estar associadas ao sentimento de prazer, de bem estar. Essa combinação da redução de hormônios de estresse e aumento de hormônios relacionados ao bem estar, é fundamental para passarmos por esse momento.
Confira a entrevista:

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