Campista Claudya Ribeiro fala da Alemanha sobre Covid-19 no Folha no Ar desta 6ª
Daniela Abreu 03/04/2020 07:58 - Atualizado em 12/04/2020 15:01
Claudya Ribeiro falou via Skype
Claudya Ribeiro falou via Skype / Genilson Pessanha
“Nenhuma dessas medidas drásticas de isolamento podem ser consideradas ou, tão pouco, histéricas. Irresponsável seria não responder adequadamente a essa situação”. É o que afirma a psicóloga e pedagoga Claudya Ribeiro, campista radicada na Alemanha há 27 anos, onde atua no Ministério da Educação e Cultura, em entrevista ao programa Folha no AR, da Folha FM, 98,3. Ela fez um paralelo entre as medidas e reações dos governos e população da Alemanha e do Brasil, falando sobre a expansão da Covid-19.
Para Claudya é preciso que a população seja tranquilizada com esclarecimentos e informações que sejam de fácil acesso a todos.
— Uma medida importante é trazer segurança para a sociedade, tomando medidas claras, sejam rígidas ou não, mas que sejam claras, para que todas as pessoas, de qualquer nível social ou cultural, tenham condição de tomar essas medidas. Eu falo de uma comunicação clara, também por parte do governo, que oriente nessa fase — disse a psicóloga.
Claudya alertou que mesmo com medidas de isolamento rígidas não foram capazes de conter o avanço da Covid-19 em solo alemão. “Nós temos dados de Berlim, que são do Robert Koch Institute (RKI), todos os casos da covid-19 são transportados para esse Instituto, que coordena as estatísticas do país. À zero hora hoje, em Berlim, temos no total, na Alemanha, uma infecção de 80 mil casos hoje, sendo que de ontem para hoje, uma evolução de mais de 6 mil casos. Quer dizer, com todas essas medidas de isolamento, de home office, de fechamento de escolas, fechamento de fábricas, do comércio, ainda existe essa evolução nos casos, que faz uma diferença de mais seis mil casos por dia. De morte, nós temos uma quantidade, hoje, no Robert Kock Institute, de 1.017 casos”.
Para a campista as projeções não são das melhores para o mundo. “Esse pico é como se fosse um tsunami. A água vai voltando e fica tudo parado. É como está na Alemanha agora. Você sai na rua e não tem a sensação de crise, mas ao mesmo tempo você tem uma sensação enorme, grandiosa de crise, porque está tudo parado realmente. Você fica pensando quando é que essa tsunami vai cair realmente com toneladas de água em cima da população. E é exatamente esse período de 45 dias e com ele nós estamos contando também. Nós estamos empurrando essa onda com a barriga, para ela não vir em cima da gente”, disse.
Como brasileira ligada ao governo de outro país, Claudya acredita que esse seja um momento de união. “A apreensão não é uma peculiaridade brasileira. Nós também temos apreensão aqui. A Merkel (Angela) conseguiu uma união e harmonia em toda Alemanha. Porque ela falou muito claramente. Mesmo outros ministrou, ou outros governantes de estados estão apoiando, porque ela teve uma soberania e autoridade de fazer esse management da crise. O que eu vejo como um dos motivos de apreensão no Brasil é realmente a falta de uma linha de comunicação. Você vê aqui um dado, uma informação, uma declaração, de vários níveis da política, não é só do presidente, mas também de outros atores, que têm também uma voz importante. Mas está faltando uma união da decisão”, declarou a campista.
Confira a entrevista:

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