Impactos do coronavírus na economia são debatidos no Folha no Ar
Matheus Berriel 02/04/2020 07:57 - Atualizado em 08/05/2020 18:59
Alcimar Ribeiro falou pelo Skype
Alcimar Ribeiro falou pelo Skype / Genilson Pessanha
Um dos temas abordados na entrevista concedida nesta quinta-feira (2) pelo economista Alcimar Ribeiro na primeira edição do Folha no Ar, da Folha FM 98,3, foi a dicotomia entre as crises da saúde e da economia devido à pandemia do novo coronavírus. Para Alcimar, neste momento, é necessário que haja um alinhamento no discursos para permitir que ações sejam tomadas de forma coordenada e objetiva, especialmente no Governo Federal, não podendo ser descartadas ações dos estados e municípios. Em relação ao comércio de Campos, São João da Barra e região, disse que “não existe gordura para suportar uma situação como essa. Daí a importância das políticas públicas”.
— Tenho observado no Brasil, nos últimos dois anos, principalmente, uma polarização em todos os aspectos. Isso é muito ruim, atrapalha. A gente precisa centrar energia no fundamental. E, hoje, o fundamental é exatamente o coronavírus — disse Alcimar. — Esse problema pode terminar ou ser minimizado, sem grandes prejuízos para a sociedade, daqui a um, dois ou três meses. Entretanto, teremos problemas seríssimos posteriormente em consequência dessa pandemia. Precisamos primeiro eliminar o vírus, reunindo esforços. Todo o conhecimento disponível da saúde tem que ser, realmente, implementado para que possamos ter sucesso — pontuou.
O economista também falou sobre a importância da agilidade nas políticas públicas para amenizar os impactos sofridos pelo setor financeiro com as recomendações dos especialistas em saúde a respeito da importância da quarentena: “Necessariamente, alguns segmentos vão ter que trabalhar, como os próprios profissionais da saúde. O transporte e a agricultura não podem parar. Já existe, de fato, uma visão clara, de que o isolamento geral é impossível de acontecer. Agora, o governo precisa usar os preceitos da economia para desenvolver políticas públicas eficientes e rápidas para minimizar o efeito das decisões da saúde pública”.
Outra consideração de Alcimar foi sobre a necessidade de fiscalização dos gastos públicos, embora considere necessário abrir o cofre para enfrentar o coronavírus. “Hoje, já tem determinação efetiva sobre deixar de lado, vamos dizer assim, a questão da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Você não precisa mais disso, pode gastar. Já existe orientação para que o Tesouro abra o caixa e gaste o que for possível para resolver isso. Existe uma pressão nesse sentido. O que fica na cabeça, especialmente dos liberais, é de que podemos gastar, mas devemos ter muita responsabilidade, porque existem vícios em nossa democracia que são altamente complexos. Há pessoas querendo tirar proveito da situação”, comentou.
Em relação ao preço de itens essenciais, disse que um possível congelamento não geraria resultado satisfatório para a economia, mas enfatizou que medidas extraordinárias devem ser tomadas para impedir que o consumidor seja prejudicado. Em Campos, ação conjunta do Ministério Público e do Procon impediu na terça-feira (31), pelo prazo prorrogável de cinco dias, a rede de farmácias Única Farma de comercializar álcool gel e álcool 70 enquanto não apresentar as notas da compra e venda dos produtos, por conta de um suposto aumento abusivo.
— O nosso mercado, hoje, é composto por empresas que, infelizmente, em alguns segmentos falta essa ética, essa capacidade de enxergar que se o processo evoluir bem, favorece a todos. Não adianta eu olhar somente no curto prazo pensando no meu lucro; vou matar minha galinha dos ovos de ouro. Como a gente tem uma situação já comprometida, para resolver, tem que ser uma ação não convencional. É preciso barrar iniciativas absurdas de querer tirar proveito da população numa situação especial como essa. Se quero tirar proveito e ganhar muito dinheiro em do álcool 70, porque está todo mundo precisando, eu tenho que ser preso. Não tem jeito, porque o mercado não está em condições de normalidade e não existe ética. Para combater isso, tem que ser também com uma situação não convencional — afirmou.
Confira a entrevista:

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