A crise do coronavírus expõe as qualidades e os defeitos da gestão Rafael Diniz
03/04/2020 22:41 - Atualizado em 03/04/2020 22:48
O governo Rafael Diniz sempre recebeu críticas por falta de timing. Teria demorado a comunicar sobre a real situação financeira da prefeitura e não ter promovido medidas de ajustes – necessárias, mas impopulares – já no primeiro ano de seu governo, quando tinha mais força política e seguindo a máxima que diz que as más notícias são dadas de uma só vez.
Crítica que não pode ser feita nessa crise. Ao contrário da letargia atribuída até o momento, Rafael soube se antecipar e chamou para si a responsabilidade. Atuou em diversas frentes pessoalmente, instalou na Beneficência Portuguesa o Centro de Controle e Combate ao Coronavírus, enviou ofício ao secretário estadual de Saúde solicitando um hospital de campanha em Campos, editou decretos que promoveram isolamento social, seguindo orientações de médicos e da OMS (Organização Mundial da Saúde) e contrariando boa parte dos comerciantes da cidade. Apesar de vir de embates frequentes na área da saúde, sem apresentar resultados satisfatórios, o prefeito foi corajoso e agiu rápido para conter a pandemia.
Porém apesar da condução elogiável, mostrando que Rafael cresceu nessa grave crise sanitária e buscou afastar o fantasma do falta de timing, continua pecando em comunicação. Apesar de contar com excelentes jornalistas, o governo centraliza informações vitais sobre o combate ao Covid-19. Como disse o jornalista Aluysio Abreu Barbosa no blog Opiniões, hoje (03): “uma vez que as informações tenham sido confirmadas, liberá-las de maneira rápida é uma obrigação com a sociedade. Se a maquiagem dos números reais da Covid-19 já é inevitável pela subnotificação advinda da falta de testes em todo o Brasil, sua maquiagem publicitária também é dispensável. O respeitável público agradece”.
Para o enfrentamento de graves crises é essencial que a população esteja bem informada. Apesar do Governo Federal seguir em campanhas anti-isolamento que contrariam as orientações de autoridades mundiais em saúde, aos representantes dos outros entes federados cabe agir de forma transparente e eficaz, para evitar que sejam acusados de uso publicitário das ações positivas. Falta de timing e falhas na comunicação impedem que se mostre a arrumação da casa e que se produzam boas notícias a partir de um determinado momento. Para que o respeitável público possa ver, como disse o jornalista americano H. L. Mencken, que a "democracia é a arte de, da gaiola dos macacos, gerir o circo".

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    Edmundo Siqueira

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